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·12. November 2025

Arbitragem da FPF garante: «Jarras é nas flores, não para este Conselho»

Artikelbild:Arbitragem da FPF garante: «Jarras é nas flores, não para este Conselho»

Em iniciativa incluída no objetivo de maior transparência da Federação Portuguesa de Futebol, Luciano Gonçalves e Duarte Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem e Diretor Técnico Nacional, falaram esta quarta-feira aos jornalistas na Cidade do Futebol.

Com o objetivo de um balanço das dez primeiras jornadas da Liga Portugal Betclic, os dirigentes não fugiram ao momento quente que se vive no futebol luso e abordaram vários temas sobre a arbitragem portuguesa. 


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Luciano Gonçalves (Presidente do Conselho de Arbitragem da FPF)

Intervenção Inicial: «Esta iniciativa surge da nossa estratégia de comunicação, em que ficou definida uma análise a cada dez jornadas. Temos imposto várias medidas para melhorar a transparência, como mais espaços explicativos nas televisões e a publicação das avaliações dos árbitros. Temos esse compromisso com o jogo e a arbitragem.

Sabemos que os erros vão continuar a acontecer e temos de trabalhar diariamente para aumentar a taxa de assertividade. É para isso que a Direção Técnica e o Conselho de Arbitragem trabalham. Todos os pedidos de reunião solicitados pelos vários agentes desportivos tiveram uma resposta de menos de 24 horas. Temos dois princípios inegociáveis: diálogo e total independência. Queremos ser sempre parte da solução.

Temos muita confiança no nosso quadro de árbitro, mas é importante perceber a sua tipologia: 40 por cento têm três anos ou menos de I Liga, 25 por cento dois anos ou menos. 67 por cento dos nossos VAR´s têm menos de 50 jogos na função, 30 por cento iniciaram este ano a função. Alargámos o leque de árbitros a apitarem os principais jogos. Se estão num nível profissional têm de estar aptos a arbitrar em qualquer estádio.

Jarras é para flores, não é para este Conselho de Arbitragem. Fazemos, sim, uma gestão dos nossos ativos com sentido de responsabilização, nunca com pressão externa.»

Árbitros estrangeiros foram opção?: «Não, de todo. Confiamos muito nos nossos árbitros. Os nossos árbitros, ainda muito recentemente, fizeram finais europeias. Temos os nossos árbitros preparados e focados, a quererem trabalhar todos os dias para serem melhores. Comigo, enquanto presidente, jamais iremos sentir necessidade de irmos buscar árbitros ao estrangeiro. A não ser para dar continuidade ao intercâmbio de árbitros.»

O atual clima dificulta a implementação das vossas transformações?: «Sempre que o ambiente não é tranquilo, que há suspeição, crítica, isso não favorece os resultados. Continuamos a trabalhar, sabemos que isto poderia acontecer mais cedo ou mais tarde. Infelizmente começou muito mais cedo do que pensávamos. Mas isto não nos desvia do foco.»

Sanções para pressões externas deviam ser mais pesadas?: «Todos concordamos que os nossos regulamentos disciplinares deviam ser mais punitivos. A própria APAF, que representa os seus árbitros, irá apresentar à Liga uma sugestão de alteração aos regulamentos disciplinares. É esperar que os clubes estejam sensíveis a isso, que a própria federação aceite as alterações. O que queremos é que estes episódios não aconteçam.»

Duarte Gomes (Diretor Técnico Nacional de Arbitragem da FPF)

Intervenção Inicial: «Esta iniciativa e abertura da arbitragem à imprensa é para repetir nas jornadas 20 e 30. Temos 17 dos 24 árbitros da primeira categoria, os C1, incluídos nos centros de treino da Cidade do Futebol e da Maia. Os restantes, por motivos profissionais, treinam nos centros nacionais. 

Fazem quatro treinos semanais: segunda-feira, quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira. Terça-feira é opcional. Têm três sessões técnicas em sala, em três momentos da semana, além de duas sessões técnicas online às 21h30, horário familiar. Tentamos com esta carga de trabalho evitar ao máximo os erros de arbitragem. 

As recomendações passadas aos árbitros têm como base aquilo que é transmitido pela UEFA. Têm existido alguns desvios nesse aspeto e temos vindo a afinar esses aspetos. Os árbitros são observados em todos os jogos via televisão, além de assessores que acompanham os árbitros nos estádio e fazem um trabalho formativo, de posicionamentos, comunicação com os colegas, etc. 

Não há trabalhos perfeitos e sabemos, com toda a humildade, que na arbitragem não há Maradonas. Até nós, coordenadores técnicos e Conselho de Arbitragem, estamos sempre a aprender. 

Sobre a importante videoarbitragem, nestes 90 jogos tivemos 40 intervenções: 19 sobre penáltis, 16 sobre lances de golos e cinco sobre cartões vermelhos. 24 foram factuais, momentos em que o árbitro não vai ao ecrã. O caso mais típico são os fora de jogo. As outras 16 implicaram ida do árbitro ao ecrã, sendo acatadas 13 indicações do VAR. 

Temos melhorado os tempos de revisão dos lances. A taxa de acerto entre I Liga, II Liga, Taça da Liga e Liga BPI é de 97 por cento. Obviamente, é dos outros três por cento que se fala. 

Nota também para o tempo de jogo, aquém do que queríamos. Nesta I Liga a média é de 53 minutos e nove segundos, inferiores às nossas melhores referências internacionais. Temos dado mais tempo de compensação. Este problema do tempo de jogo passa muito pelos árbitros, mas também pelas equipas, seja em simulações de lesões, queda dos guarda-redes, etc. Todos temos também de melhorar o tempo de execução das bolas paradas. 

Os árbitros erram por desconcentrações pontuais, foco nos locais errados, má colocação, lances muito difíceis e cinzentos, inexperiência, incompetência momentânea e também por serem ludibriados. Temos de trabalhar, treinar mais e melhor e perceber as razões para os erros. Isto é um processo e também há erros na Premier League, na Bundesliga, etc.

Não estamos imunes ao ruído exteriores e aprendemos com a crítica que faz sentido. A lei da Rolha não é a nossa postura e preferimos comunicar.

Relatórios de Fábio Veríssimo no FC Porto-SC Braga e de Gustavo Correia no Benfica-Casa Pia: «O que sentimos quando os nossos árbitros dizem a sua verdade é orgulho. Mas também sentido de cumprimento de missão. Estão obrigados a colocarem, nos seus relatórios, tudo o que acontece em termos desportivos e extradesportivos, nomeadamente em incidentes. A justiça tem os seus prazos e fará seguramente prevalecer a verdade.

Um erro tem consequências até familiares para os árbitros, protegê-los é o mais sensato. Mas é importante que se sintam responsabilizados. Quando erramos, temos de assumir as consequências. E não é só a não nomeação. É o fator económico, a autoestima e o processo classificativo. Quando acharem que os árbitros não são responsabilizados, estão enganados.»

Rui Costa disse que a lei não foi respeitada no penálti assinalado a António Silva, tem razão?: «Apesar de toda esta transparência, é difícil falar de lances concretos. Teríamos de falar de muitos. É um lance de interpretação, mas neste caso há um conjunto de premissas. Penso que terá sido isso que o presidente do Benfica terá dito.»

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