
Gazeta Esportiva.com
·2. August 2025
Corinthians identifica mais de 8 mil ingressos distribuídos irregularmente, revela Romeu

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·2. August 2025
O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, abriu o jogo sobre a suposta distribuição ilegal de ingressos para jogos da equipe durante o mandato de Augusto Melo. De acordo com o mandatário, mais de 8 mil entradas foram compartilhadas de forma indevida.
Romeu tratou a situação como “estarrecedora”. Desde o início da gestão interina de Osmar Stabile, a diretoria já conseguiu ‘destravar’ 8.200 bilhetes que estavam bloqueados e voltaram a ser comercializados à torcida no programa Fiel Torcedor.
“Mais de 8 mil ingressos estavam sendo usados para outros fins e voltaram a ser comercializados aos torcedores. Acho que todos viram, estão comparando as rendas dos jogos. Públicos similares e valores distintos. Estamos averiguando, mas é algo estarrecedor. Nós começamos a receber reclamações de torcedores que não conseguiam comprar ingressos, essas demandas foram encaminhadas ao CD. Temos obrigação de apurar isso. Como não tínhamos respaldo da diretoria, levamos uma denúncia à Polícia. O inquérito está sob sigilo, o delegado entendeu que não havia crime e propôs o arquivamento. Dentro da investigação, apareceram várias condutas irregulares que deveriam ser apuradas em âmbito interno. Como fui autor do pedido, estamos aguardando a retirada do sigilo para que todos possam conhecer”, afirmou.
“Era absurda a distribuição de ingressos. Irregular e até ilegal. Oito mil e duzentos ingressos eram distribuídos irregularmente. Já detectamos. Tudo fora do sistema do Fiel Torcedor. Nesse último jogo, cortesias que foram cortadas: 1.040. Ingressos que tinham sido excluídos: 4 mil. Outros ingressos em outras áreas: 2.500. Fielzone ‘a mais’: 300. Sabe o que é distribuir oito mil ingressos irregularmente? Certamente, grande parte disso é cambismo. O Corinthians estava deixando de arrecadar R$ 1 milhão por jogo. Imagina quanto esses caras estavam ganhando nessa rede de cambismo?”, questionou.
(Foto: Renato Pizzutto/Ag.Paulistão)
Tuma, por outro lado, parabenizou o trabalho da diretoria interina para promover a implementação do sistema de biometria facial, que tornou-se obrigatório nos estádios do Brasil com capacidade superior a 20 mil pessoas. Ele apresentou dados e exaltou a nova tecnologia.
“Gostaria de fazer um agradecimento para a empresa Bepass, que entendeu a situação e rescindiu o contrato. Com o trabalho do Osmar, temos a ausência quase total de cambistas. Quero parabenizar também o TI, a área de marketing e colaboradores da Neo Química Arena. Alguns dados são impressionantes. Foram cadastradas mais 250 mil biometrias facial, sem custos para o clube. Uma economia de 350 mil reais. Tivemos falha de apenas 60 torcedores, 0,2% do total”, comentou.
A gestão Stabile, desde que tomou posse do Corinthians, conduz internamente uma investigação para apurar o destino da carga de ingressos anteriormente bloqueada. Como publicou a Gazeta Esportiva em meados de março deste ano, com exclusividade, o clube era alvo de investigação da Polícia Civil de São Paulo por uma eventual facilitação e participação de dirigentes e funcionários da antiga diretoria no repasse ou na venda combinada com grupos de cambistas.
À época, em ofício, o Timão respondeu a questionamentos da 4ª Delegacia de Polícia de Lavagem e Ocultação de Ativos Ilícitos por Meios Eletrônicos (DCCIBER-DEIC) e reconheceu a criação do login “Torcida 2”. Este e o login “Arrecadação” vinham sendo utilizados em 100% das partidas da equipe para o repasse de cerca de 1.200 ingressos, comercializados fora do Programa Fiel Torcedor e também fora do plano Minha Torcida, conforme relatórios das Comissões de Justiça e Marketing do Conselho Deliberativo.
O caso gerou uma avalanche de reclamações de membros do programa Fiel Torcedor, criado para beneficiar e dar prioridade, por meio de planos pagos, àqueles que pretendem adquirir ingressos para os jogos do time alvinegro.
As manifestações ocorreram nas redes sociais, nos canais de ouvidoria do clube, na plataforma do FT, e também na Polícia. Dezenas de boletins de ocorrência foram registrados por torcedores que estão adimplentes em seus planos, mas que não conseguem sequer ter a chance de comprar ingresso.
A situação mudou drasticamente de lá para cá. Diante do Palmeiras, por exemplo, na última quarta-feira, o Corinthians arrecadou R$ 3.369.505,50 com um público de 45.527 torcedores. A efeito de comparação, também contra o arquirrival, em clássico disputado no ano passado, o clube teve uma renda bruta de R$ 2.514.796,00 apesar de um público semelhante (46.085 pessoas).