
Gazeta Esportiva.com
·11. September 2025
Diretor do Corinthians marca reunião com promotor do MP para discutir envio de documentos

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Pedro Luis Soares, novo diretor jurídico do Corinthians, agendou para esta quinta-feira uma reunião com Cássio Roberto Conserino, promotor do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O intuito do dirigente é discutir o envio de documentos sigilosos e reforçar o compromisso do clube com a investigação do órgão sobre supostos gastos indevidos nas gestões dos últimos três presidentes, Augusto Melo, Duilio Monteiro Alves e Andrés Sanchez.
Segundo apurou a Gazeta Esportiva, Pedro vinha tentando se comunicar com o promotor nos últimos dias, mas não estava conseguindo contato. Ele chegou a ir até o Fórum da Barra Funda, mas Cássio estava em Brasília e não pôde atender o dirigente alvinegro.
A diretoria do Corinthians pretende alinhar com o promotor a entrega dos relatórios financeiros que ficaram pendentes. Na última segunda-feira, o clube iniciou o envio dos documentos solicitados pelo MP, mas mandou somente as faturas dos cartões de crédito de 2018 a maio de 2025.
(Foto: José Manoel Idalgo/Agência Corinthians)
O Timão estudava a melhor maneira de fornecer os documentos ao MP e fez o envio dos dados em juízo, entregando-os diretamente à Justiça, sob pedido de sigilo, e não à promotoria. O MP, assim, terá acesso concedido pelo Judiciário.
A reportagem da Gazeta Esportiva apurou que o clube optou por fazer o envio à Justiça devido ao entendimento de que os dados bancários e fiscais, protegidos e delicados, poderiam vazar à imprensa e aos torcedores, sob risco de responsabilização dos envolvidos.
Além disso, a postura do promotor Cássio Roberto Conserino gerou atenção dos dirigentes alvinegros. O representante do MP concedeu entrevista à Rádio Bandeirantes nos últimos dias e deixou à diretoria a impressão de que ele expôs a marca “Corinthians” negativamente, demonstrando interesse em expor detalhes sigilosos da investigação.
Portanto, a reunião de Pedro Soares com o promotor tem como intenção discutir esses detalhes, afim de evitar vazamentos que possam expor a instituição.
Em paralelo a isso, o diretor jurídico do Corinthians se encontrou, na última quarta-feira, com a juíza responsável pelo caso, Marcia Mayumi Okada Oshiro, da 2ª Vara Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, para debater o mesmo assunto.
Segundo informações obtidas pela reportagem, a reunião foi considerada muito positiva. Marcia é a mesma juíza do caso VaideBet, que tornou réu Augusto Melo e outros dois ex-dirigentes do Timão pelos crimes de furto qualificado, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi instaurado pelo Ministério Público em meados de junho deste ano. À época, o órgão também agendou oitivas com o atual presidente, Osmar Stabile, o vice Armando Mendonça e o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, a fim de entender o funcionamento dos cartões corporativos do Corinthians.
Inicialmente, a apuração do MP iria abranger somente o período das gestões de Andrés Sanchez (2018 a 2020) e Duilio (2021 a 2023). Porém, após ouvir alguns depoimentos, o órgão decidiu investigar também o mandato de Augusto Melo. Além de uma suposta apropriação indébita, são apurados também os possíveis crimes de estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa.
(Foto: Reprodução/YouTube)
O caso veio à tona no início do mês de julho, quando Andrés admitiu ter utilizado o cartão de forma indevida para pagamento de despesas pessoais em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, no fim de seu último mandato, em 2020.
Dias após a revelação dos gastos, ele ressarciu o Corinthians com juros e correção monetária. O ex-presidente, no entanto, responderá a um processo disciplinar na Comissão de Ética e Disciplina do clube. Os torcedores pedem punições e até a expulsão de Andrés.
Houve, também, uma acusação de supostos gastos pessoais durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. As despesas, contudo, não estão necessariamente ligadas ao ex-presidente. Ele não reconhece as faturas e registrou uma notícia-crime na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade/Dope), solicitando a inclusão desta no inquérito policial já em andamento, que denuncia a circulação de documentos falsos e manipulados.
No início do mês de setembro, o MP pediu à Justiça que Andrés, Duilio e Augusto Melo sejam temporariamente afastados dos Conselhos Deliberativo e de Orientação do Corinthians durante a investigação. Até o momento, no entanto, não houve uma manifestação do Poder Judiciário.