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·8. August 2025
Flamengo revela dificuldades para levar feminino ao Maracanã e 'culpa' CBF pelas quartas do Brasileirão fora do Rio

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·8. August 2025
O Flamengo enfrenta o Palmeiras neste domingo (10), às 10h30, no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, pelo jogo de ida das quartas de final do Brasileirão Feminino. A escolha do estádio fora da cidade do Rio de Janeiro se deve ao regulamento da CBF, que exige estádio com capacidade mínima para 10 mil pessoas a partir das fases decisivas. E o Maracanã não foi uma opção cogitada.
André Rocha, gerente de futebol feminino do clube, explica que o Flamengo ainda não prevê levar jogos para o Maracanã por causa da demanda atual do público e do cuidado para que a primeira experiência seja positiva.
"O público no futebol feminino, ele é sazonal. Ele não é um público recorrente. Ele é sazonal nos grandes jogos e nas grandes decisões. Então a gente sabe que a gente precisa criar identidade com o público, fixar no local. Isso tudo você vai gerando fidelidade do público", disse em entrevista ao 'ge'.
Ele alerta que abrir um jogo no Maracanã sem atingir a perspectiva de público pode fechar a porta para futuras oportunidades. Para André, um jogo no Maracanã precisa ser perfeito para evitar críticas e ataques à modalidade.
"A questão do Maracanã vem em cima de tudo que a gente vem trabalhando. Você vai ter um público, se você abre um jogo para o Maracanã e você não atinge a perspectiva de público, você pode fechar a porta do Maracanã o resto da vida. A gente tem que entender o momento, porque precisa ser perfeito. Tudo que a maioria das pessoas que a gente sabe que é contra o futebol feminino querem é trabalhar em cima do seu erro."
Além disso, ele destaca os altos custos de operação, que superam o que a CBF repassa, dificultando a viabilidade financeira.
"Além das questões de custos, a gente entra na questão também da CBF, que é a despesa de custos de operação de jogo, uma operação de jogo no Maracanã é um valor bem maior do que o que a CBF repassa aos clubes, porque o futebol feminino já é deficitário também na maioria dos clubes do país, então a gente não pode aumentar a conta negativa."
A Confederação Brasileira de Futebol implementou, desde 2023, a obrigatoriedade de que os estádios nas quartas de final do Brasileiro Feminino tenham capacidade mínima para 10 mil espectadores e estrutura para uso do VAR. Segundo a CBF, o objetivo dessa medida é fortalecer a estrutura da competição e consolidar o crescimento técnico e institucional do futebol feminino no país.
Mas André Rocha destaca que essa obrigatoriedade foi o que fez o Flamengo levar o jogo para o Raulino de Oliveira. Isso porque, com exceção do Maracanã, os únicos estádios do Rio que atendem essa demanda e possuem os laudos necessários são o Engenhão e São Januário.
"A questão toda de Maracanã, a gente precisa entender, são as demandas do futebol feminino. Fiz uma reunião na CBF com o Júlio (Avelar) e mostrei para ele todos os números. E é claro que o futebol feminino, até o regulamento, precisa ser alterado. O futebol feminino, a gente não tem uma demanda de público para 10 mil lugares. Então, esse é o motivo, primeiro, para gente estar indo para Volta Redonda."
Uma das opções do Flamengo, caso fosse liberado, seria reproduzir a estrutura que montou na Gávea para o jogo entre o time sub-20 e o Bayer Leverkusen. Mas o regulamento da entidade também não autoriza a arquibancada móvel.
"Jogar na Gávea, como foi feito agora o jogo do Bayern contra o sub-20 masculino, que todo mundo acompanhou a estrutura pela TV, a estrutura ficou magnífica. A gente não conseguiu fazer no feminino, também com questões de regulamento não permitia arquibancada móvel. Então o regulamento da CBF também não permite."
O Flamengo tem um projeto avançado para construir um miniestádio no Ninho do Urubu que será a casa da equipe feminina no futuro. Atualmente, o campo com dimensões oficiais já está pronto e vem sendo usado nos treinos das categorias de base desde julho.
Embora a arquibancada ainda dependa da aprovação orçamentária para a próxima etapa da construção, o clube já possui as licenças necessárias para avançar na obra. O projeto prevê uma arquibancada para cerca de 2 mil pessoas, três vestiários, cabine de transmissão e placar eletrônico.
Quando concluído, o miniestádio deve reduzir a necessidade de jogos na Gávea e em outros locais como o Luso Brasileiro, oferecendo uma estrutura própria para a equipe feminina.
As obras começaram no fim de 2024, com previsão de continuidade nos próximos meses. A gestão anterior havia prometido que o feminino jogaria no miniestádio, e a expectativa é que a atual diretoria, comandada pelo presidente Luiz Eduardo Baptista, cumpra esse compromisso.