Lima, capítulo dois: a revanche de 2021 e a obsessão pelo tetra | OneFootball

No dia 29 de novembro, no Estádio Monumental de Lima, no Peru, Flamengo e Palmeiras não disputarão apenas a final da CONMEBOL Libertadores 2025. Será uma disputa para entrar na história. Além da reedição da final de 2021, a partida marca a batalha para definir quem se tornará o primeiro clube brasileiro a alcançar a Glória Eterna pela quarta vez.

A final é a consolidação de uma rivalidade que cresceu nos últimos anos, um confronto que definirá a soberania no continente. Para o Flamengo, é uma chance de reescrever um resultado; para ambos, é a busca pela supremacia.

O fantasma de Montevidéu: o resumo da final de 2021

Para entender a dimensão de 2025, é preciso revisitar o dia 27 de novembro de 2021, no Estádio Centenário, em Montevidéu. Naquela tarde, o Palmeiras, de Abel Ferreira, abriu o placar aos 5 minutos, com Raphael Veiga.

O Flamengo, que dominou a posse de bola, sentiu o golpe. A pressão materializou-se no segundo tempo, culminando no gol de empate aos 72 minutos: Gabigol, após assistência de Arrascaeta, encontrou o espaço e finalizou. O 1x1 levou o jogo para a prorrogação.

Aos 95 minutos, no primeiro tempo extra, ocorreu o lance decisivo. Andreas Pereira, na intermediária defensiva, tentou dominar a bola, escorregou e perdeu o controle, permitindo que Deyverson roubasse a bola, avançasse e marcasse o gol do título palmeirense. A derrota por 2x1 marcou aquela temporada para o Flamengo.

O destino chama o Flamengo de volta a Lima

O retorno do Flamengo a Lima para disputar uma final da Copa Libertadores evoca instantaneamente a memória da épica decisão de 2019. Naquela data, 23 de novembro, no Estádio Monumental, o Rubro-Negro travou uma batalha memorável contra o então campeão River Plate. O time argentino abriu o placar logo no início, e o Flamengo, sob o comando de Jorge Jesus, lutou contra o tempo, a pressão e o temido adversário.

O jogo se desenhava para um triunfo argentino até os minutos finais, quando Gabigol protagonizou uma virada histórica: marcou aos 89 minutos e, novamente, aos 90+2, garantindo a vitória por 2 a 1. A final em jogo único, a primeira do novo formato, consolidou-se como um dos momentos mais dramáticos e emocionantes da história do clube.

Essa conquista em Lima foi muito além de um simples título; ela quebrou um jejum agonizante de 38 anos sem levantar a "Glória Eterna". O Flamengo havia conquistado sua primeira Libertadores em 1981, e desde então, o bicampeonato continental era uma obsessão que parecia inatingível, marcada por campanhas que paravam nas fases de mata-mata.

A vitória de 2019 representou a coroação de um projeto ambicioso e um alívio colossal para gerações de torcedores que esperavam por esse momento. Aquele triunfo em Lima, pela forma como ocorreu, com a virada no apagar das luzes, se tornou o símbolo de uma nova era de sucesso e conquistas do clube no cenário sul-americano.

A caminhada até Lima: o resumo da campanha de 2025

Se o Palmeiras chega à final de 2025 impulsionado pela melhor campanha da competição e por uma reviravolta na semifinal contra a LDU (revertendo um 0-3 em Quito para um 4-0 em São Paulo), o caminho do Flamengo foi o oposto.

A campanha do Flamengo na fase de grupos não foi linear. O time classificou-se em segundo lugar no seu grupo, atrás da mesma LDU que o Palmeiras eliminaria.

No mata-mata, o Flamengo de Filipe Luís mostrou a sua face. Nas oitavas, passou pelo Internacional. Nas quartas, enfrentou o primeiro teste contra o Estudiantes, vencendo em casa, mas perdendo por 1-0 na Argentina e avançando apenas na disputa de pênaltis.

Na semifinal, contra o Racing, a solidez defensiva prevaleceu: uma vitória por 1-0 no Maracanã foi seguida por um empate em 0-0 na Argentina, garantindo a vaga com um agregado.

As estatísticas refletem essa jornada: 12 jogos, 7 vitórias, 3 empates, 2 derrotas, com 12 gols marcados (média de 1,0 por jogo) e apenas 5 sofridos. A campanha de 2025 é um triunfo da solidez defensiva, uma equipe que aprendeu a gerir resultados.

A batalha (vencida) pelo manto sagrado

Uma das primeiras batalhas da final de 2025 já foi vencida pelo Flamengo fora de campo. A CONMEBOL anunciou esta semana que ambas as equipas foram autorizadas a usar os seus uniformes principais.

O Palmeiras, considerado "mandante" por ter a melhor campanha, usará a sua camisa verde, calção branco e meias verdes. O Flamengo, por sua vez, jogará com o seu uniforme rubro-negro, calção preto e meias rubro-negras. O goleiro Rossi, heroi em partidas decisivas, vestirá de amarelo.

Esta foi uma vitória logística. Em 2021, contra o mesmo Palmeiras, o Flamengo foi forçado pelo regulamento da época a jogar com o seu uniforme branco (e perdeu).

A direção do Flamengo fez um pedido formal para garantir o direito de usar o uniforme rubro-negro, com o qual disputou outras finais de Libertadores. Ao garantir o Manto rubro-negro, a direção removeu uma narrativa de "azar" e apagou um dos símbolos visuais da derrota de 2021.

A logística da final

A operação para Lima já está em andamento. Torcedores rubro-negros já começaram a se mobilizar para a final. A logística de torcedores é intensa, com voos e bilhetes a preços elevados.

O Flamengo planeja chegar a Lima por volta de 26 de novembro e, numa repetição da logística de 2019, treinará no Centro de Treinamento do Universitario. Tudo está a ser preparado para o jogo decisivo.