
Trétis
·16. März 2025
Maringá 1 x 1 Athletico: pênalti não marcado e gramado péssimo marcam semifinal

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·16. März 2025
O empate em 1 a 1 entre Maringá e Athletico é um símbolo de como é mal gerido o Campeonato Paranaense. Erro crasso de arbitragem e gramado muito ruim causaram jogo de baixo nível técnico e que teve nas bolas paradas a alçadas para a grande área as únicas possibilidades de gol.
Maurício Barbieri escalou time com um zagueiro a mais, mas não necessariamente isso significa receio, ou covardia, como colocado por alguns. E a bola parada mostrou evolução, com gol marcado e variedade de cobranças.
A reportagem da Trétis esmiúça os principais pontos de repercussão da partida:
Quais são as obrigações de uma Federação quando se fala do campeonato que organiza? Arbitragem e estrutura, para apontar o mínimo, do mínimo.
O Athletico questionou algumas decisões da arbitragem no estadual desta temporada, como a expulsão fantasma de Léo, no Atletiba, e o pênalti não marcado em batida de João Cruz, contra o Cascavel. Errar é humano e, talvez, perdoável, ainda mais quando não se tem o auxílio da tecnologia.
As quartas de final marcaram o início da utilização do Var e o Furacão teve dois gols inicialmente anulados e depois validados na segunda perna, contra o Azuriz. Erro no campo, correção na cabine.
Contra o Maringá, erro no campo e erro na cabine. A bola para no braço do defensor após passe de Isaac. Braço aberto, em posição anti-natural e que impacta diretamente na trajetória da bola. Pênalti. Não para Luiz Alexandre Fernandes, árbitro, e Adriano Milczvski, árbitro de vídeo. Um absurdo.
A estrutura, ao menos, compensa a arbitragem ruim? O estado do gramado do Willie Davids nega teoria. Uma infestação de animais que se alimentam da grama ocorreu e fez que com o futebol estivesse impraticável em Maringá para uma partida da semifinal do campeonato. Dos mais importantes jogos da competição.
A alternativa razoável é a remarcação ou realocação do jogo. Bola rolou como se nada tivesse acontecido. E, naturalmente, o nível do futebol foi baixo entre bichos mortos e buracos. A Federação Paranaense deprecia o próprio produto e coloca em risco a integridade física dos jogadores em campo.
O estádio pertence à prefeitura de Maringá, que não realizou manutenção pois precisaria fechar o estádio em meio ao Paranaense.
Sempre que há a opção de sair de um esquema com quatro defensores, para cinco, o chavão da covardia aparece. “Treinador x está com medo”, “Na minha época, o Athletico não tinha medo de ninguém”, dizem. Pode, sim, indicar receio, mas parar nisso é raso.
Armar um sistema defensivo mais coeso era necessário para encarar um Maringá que apostava muito nas bolas alçadas na área e na transição ofensiva. Fato é que, com um zagueiro a mais, o Athletico tem menos jogadores na defesa do que teve na sequência de jogos contra Cascavel (0 a 0), Londrina (1 a 0 para o Athletico), Azuriz (0 a 0) e Pouso Alegre (2 a 0 para o Athletico).
Nestes, o Furacão armou linha com seis “defensores” e atuou em bloco baixo para encerrar sequência que igualava as defesas de Athletico e Paraná Clube, rebaixado, em número de gols sofridos naquela altura da competição. O quarteto defensivo se posicionava em pouca amplitude e os pontas desciam à zaga para acompanhar individualmente os laterais adversários.
Em linha: Isaac, Fernando, Léo, Matheus Felipe, Dudu e Velasco, no 0 a 0 contra o Cascavel.
Há uma mudança essencial disso para o 5-2-3 armado para a partida contra o Maringá: há um jogador a mais na frente, para a tentativa das transições, dos contra ataques. A intenção era aproveitar a velocidade de Luiz Fernando e Kevin Velasco, com a bola longa de Zapelli, mas não funcionou.
A impossibilidade de fazer com que a bola rolasse, pelo estado do gramado, é fator importante, mas também há o fato de que o Maringá não atacava com seus dez jogadores de linha e mantinha igualdade numérica – se não superioridade -nas tentativas do Athletico.
E o efeito, defensivamente, foi sentido. Com a linha de cinco sendo reforçada por Raul ou Felipinho, a depender de que lado a bola estava, restava apenas um jogador com cacoete de marcação para inibir os cruzamentos.
A bola rodava muito fácil de um lado para o outro e os articuladores maringaenses tinham espaço para encontrar bons cruzamentos. O primeiro gol do Dogão no jogo sai com Negueba com espaço para finalizar, a bola é desviada e Maranhão completa.
Barbieri não foi covarde, fez uma escolha completamente justificável e que não significava ser mais ou menos defensivo. Esquema montado, porém, teve problemas ao longo do jogo.
Maurício Barbieri, na beira do campo do Willie Davids. Foto: Athletico
Se, pelo estado do gramado, era impossível progredir por baixo, times buscaram a bola aérea como principal opção ofensiva. Sem um centroavante de referência, era inviável projetar que o Athletico aproveitasse dos cruzamentos com bola rolando, então a opção pelas bolas paradas era o melhor dos mundos.
As duas primeiras batidas de escanteio do Furacão no jogo foram de Zapelli, na segunda trave. A primeira encontrou Velasco livre, para cabeçada para fora em grande chance. A segunda também teve o ponta direita como alvo, mas Dheimison cortou em lance complicado.
Velasco cabeceou para fora, na segunda trave. Foto: reprodução/Nsports
Em outro escanteio, Velasco levantou as duas mãos para indicar jogada ensaiada. Na batida, passou pela bola e deixou para que Zapelli cruzasse para a entrada da grande área, mas sem aproveitamento pelo ataque.
Minutos depois, Zapelli alçou muito bem e Tobias Figueiredo colocou na rede para empatar o jogo em 1 a 1 em batida de falta. Em local parecido, argentino teve cobrança direto pro gol e quase surpreendeu Dheimison, que teve dificuldades para segurar.
Variedade e eficiência marcaram tentativas na primeira etapa e marcam ponto positivo de preparação para jogo que teria nesse aspecto talvez o mais importante. Desde a partida contra o Azuriz no último final de semana as bolas paradas mudaram, com a opção do escanteio curto sendo aproveitada pela primeira vez na temporada, mas ainda sem gerar lances de perigo.
Gol marcado por Figueiredo foi o terceiro que saiu diretamente de bolas paradas. Di Yorio desviou escanteio batido na primeira trave contra o Rio Branco e Palacios completou na segunda, contra o Londrina.
Número se iguala ao de toda a temporada 2024, quando apenas Mastriani (Athletico 4 x 0 Cuiabá), Madson (Danubio 0 x 1 Athletico) e Julimar (São Paulo 2 x 1 Athletico) foram às redes dessa maneira.
De cabeça, um zagueiro não marcava pelo Athletico desde outubro de 2023, quando Kaíque Rocha fez o gol da vitória atleticana contra o Grêmio, por 1 a 0. Lá se vão 515 dias.
Empate será resolvido na próxima quarta-feira (19), às 20h, na Ligga Arena, quando o Athletico volta a campo.