
Gazeta Esportiva.com
·15. Oktober 2025
MP-SP denuncia Andrés Sanchez e Roberto Gavioli por 3 crimes e cobra ressarcimento milionário

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O Ministério Público de São Paulo denunciou o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, e o gerente financeiro, Roberto Gavioli, afastado nesta quarta-feira, por apropriação indébita agravada continuada, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário, crimes relacionados aos gastos nos cartões corporativos do clube entre 2018 e 2020.
O período investigado pelo MP-SP corresponde ao último mandato presidencial de Andrés Sanchez. Faturas de agosto de 2018 a dezembro de 2020 foram analisadas pelo promotor Cássio Roberto Conserino, que detectou uma série de irregularidades, como gastos em viagens para Fernando de Noronha e Pipa, joalherias, loja de roupas, postos de gasolina, hospitais, entre outros.
“Nós entendemos, após nos debruçarmos sobre aquelas faturas, que o cartão corporativo do Sport Club Corinthians Paulista, o cartão empresarial, não da pessoa física, era utilizado como se fosse privado. Houve uma inversão da propriedade e um dos denunciados, o ex-presidente, passou a dispor desse cartão como se proprietário fosse e fez inúmeras compras particulares. Não digo uma, digo inúmeras compras particulares, e são compras que se percebe, não é necessária muita perspicácia para saber que um cartão corporativo não é utilizado numa drogaria, numa clínica laboratorial, num hospital de ponta, em duty free. Esse dinheiro é da entidade esportiva Sport Club Corinthians Paulista e não daquele que momentaneamente ocupa o cargo de presidente”, disse o promotor.
Embora Andrés Sanchez seja apontado como o autor dos gastos com cartões corporativos do Corinthians, o gerente financeiro do clube na gestão de Andrés e que segue no cargo atualmente, Roberto Gavioli, também foi denunciado por omissão, já que sua função teoricamente seria fazer a gestão das contas corintianas, mas teria “fechado os olhos” para as despesas indevidas do então presidente do Timão.
“Ele tinha o dever jurídico de impedir o resultado. Ele era o garantidor do bem jurídico, ele era obrigado a conferir notas fiscais, a verificar a pertinência do valor gasto com o que constava na nota fiscal ou então na fatura do cartão de crédito. Ele era obrigado a confeccionar relatório para apresentar aos órgãos superiores internos e fazer a prestação de contas, mas nada disso foi feito. Em interrogatório ele disse que não tinha dever de conferir, mas ele era remunerado e, portanto, fazia parte da função dele. Então, ingressou na qualidade de codenunciado”, afirmou Cássio Roberto Conserino.
“Um dado que chamou muita atenção a ponto de eu imaginar que ele tinha conhecimento de tudo, foi que ele, segundo interrogatório, disse que o Corinthians não tinha crédito. Ele parcelou a fatura do cartão de crédito. Todo mundo sabe que parcelar cartão de crédito é a pior alternativa das existentes. Foram três parcelamentos: um de R$ 7500,00, outro de R$ 8600,00 e um terceiro de R$ 20 mil reais. Não me parece minimamente crível que o gerente financeiro autorizasse o parcelamento e não visse o que constava na fatura. Ali está muito claro o dolo, a vontade de aderir ao projeto em tese criminoso com a sua omissão”, completou.
O Ministério Público de São Paulo cobra de Andrés Sanchez o ressarcimento, com correção monetária, dos gastos com cartões corporativos do Corinthians de agosto de 2018 a dezembro de 2020. R$ 480 mil teriam de ser devolvidos ao clube, a maior parte desse valor paga pelo ex-presidente corintiano e uma menor parcela paga por Roberto Gavioli, gerente financeiro.
Sanchez e Gavioli também teria de pagar mais 75% dos R$ 480 mil, ou seja, R$ 360 mil cada um, por danos morais e materiais ao Corinthians.
Recentemente, Andrés Sanchez efetuou um pagamento de R$ 15 mil ao Corinthians por causa de gastos com cartão corporativo do clube em uma viagem de fim de ano. Na ocasião, o ex-presidente alegou que confundiu os cartões, por ter um cartão pessoal do mesmo banco.
Em dezembro de 2020, Andrés gastou cerca de R$ 9 mil em Tibau do Sul, município no Rio Grande do Norte onde está a famosa praia de Pipa. Também houve mais de R$ 6 mil em gastos no arquipélago de Fernando de Noronha em janeiro do mesmo ano.
Mas, de acordo com Cássio Roberto Conserino, as despesas pagas com os cartões corporativos do Corinthians nessas viagens para o Nordeste foram de R$ 33.793,92.
Houve também despesas de mais de R$ 5 mil com a compra de dois relógios na joalheria de luxo HStern, mas, embora o cartão usado tenha sido o do Corinthians, a nota fiscal dos produtos saiu em nome do ex-presidente André Sanches. Gastos em lojas de roupas, como Brooksfield, também chamaram atenção da promotoria.
“Quando fazemos a análise seletiva de cada compra, perguntamos se houve algum evento importante na ocasião que justificasse a presença institucional de Andrés em determinado lugar. Não nos responderam. Disseram que não tinham agenda particular do ex-presidente. Disseram que o Sr. Roberto Gavioli, quando examinou as faturas, não percebeu tanta irregularidade, porque a movimentação anual do clube é de mais de R$1 milhão”, pontuou o promotor.
A denúncia do Ministério Público de São Paulo foi enviada ao Poder Judiciário para apreciação. Os réus, se a denúncia for aceita, apresentarão respostas preliminares, o Judiciário irá analisar o caso e determinar a audiência.
Uma vez que a audiência for marcada, as partes envolvidas no processo irão se manifestar oralmente ou por escrito. Depois disso, o juiz de primeira instância fará a sentença.
Vale lembrar que o Ministério Público não investiga apenas o mandato de Andrés Sanchez, mas possíveis irregularidades nos outros dois últimos mandatos presidenciais do Corinthians: o de Duílio Monteiro Alves e o de Augusto Melo.
“Em relação ao Duílio, vou me debruçar agora sobre as faturas do ex-presidente. Qual foi o critério de atuação? Os fatos mais antigos. Peguei 2018 e agora vou seguir. O que posso atestar é que dia 23 de outubro o senhor Denilson [Grilo, ex-motorista do clube] será submetido a interrogatório”, afirmou o promotor.