O que complicou Tite no Inter, os quatro treinadores procurados e o novo empecilho da direção

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JB Filho Repórter

·15. Dezember 2025

O que complicou Tite no Inter, os quatro treinadores procurados e o novo empecilho da direção

O cenário que se desenha nos bastidores indica que o Internacional está muito mais distante de Tite do que se imaginava há poucos dias. A informação que chega de Belo Horizonte é clara: o Cruzeiro está perto de anunciar o treinador, possivelmente nas próximas horas ou dias. Setoristas do clube mineiro dão como negócio bem encaminhado, e a conversa não começou agora. Ela vem acontecendo desde antes das semifinais, quando Leonardo Jardim já havia avisado que não permaneceria, mesmo com proposta de contrato longo.
Isso complica diretamente o planejamento do Inter. A direção aguardava uma resposta de Tite após a conversa com Abel Braga, mas o retorno tende a ser negativo. O treinador gostou do projeto apresentado, ouviu o Inter, ouviu outras possibilidades, mas acabou pendendo para o Cruzeiro. Lá, encontra investimento pesado, ambiente mais estável, perspectiva de Libertadores e um cenário esportivo hoje mais atrativo. Para o Inter, só uma reviravolta muito fora da curva faria Tite mudar de ideia.
A informação de bastidor é que Tite e seu empresário, Gilmar Veloz, ouviram todo mundo. Conversaram com o Inter, com o Cruzeiro e até com figuras ligadas ao Grêmio, em um movimento mais de escuta do que de negociação concreta. No fim das contas, a balança pesou para Belo Horizonte, e o Inter precisa lidar com a perda do seu plano A.
Abel Braga, inclusive, já deixou claro publicamente que conversou com quatro treinadores: dois brasileiros e dois estrangeiros. Um dos brasileiros é Tite. O outro nome ventilado é o de Cuca, que enfrenta grande rejeição interna e externa. Odair Hellmann também esteve no radar, mas o custo para tirá-lo do Athletico-PR é alto demais, envolvendo multa, salários e premiações, o que praticamente inviabiliza a operação. Não é um movimento simples nem barato.
Os dois treinadores estrangeiros seguem em sigilo, mas a busca existe. O problema é que, além da dificuldade natural do mercado, o Inter enfrenta um novo obstáculo: o ambiente político. Movimentos internos, com conselheiros e associados tentando viabilizar a saída do presidente Alessandro Barcellos, estão sendo vistos pela própria direção como um fator que atrapalha negociações. A leitura é simples: qualquer treinador ou jogador, antes de fechar, olha o noticiário, percebe a instabilidade e passa a ter dúvidas sobre quem estará no comando do clube em pouco tempo.
Ao mesmo tempo, é evidente que essa narrativa também é confortável para a gestão atual. Serve como explicação para a dificuldade em fechar nomes e pode ser usada como argumento caso o clube não consiga avançar rapidamente no mercado. Há, portanto, dois lados nessa história: de um lado, a instabilidade realmente pesa; do outro, ela também pode ser usada como justificativa.
O fato concreto é que, juridicamente, tirar o presidente não é simples. Não há hoje um dispositivo claro no estatuto que permita a queda imediata apenas por avaliação de gestão ruim. Pode haver críticas, insatisfação e pressão, mas transformar isso em afastamento é outra conversa. Se toda gestão ruim caísse, dificilmente algum presidente terminaria mandato no futebol brasileiro.
Enquanto isso, o Inter segue sem treinador definido para 2026 e precisará recalcular a rota. Tite, que era o ficha 1, praticamente saiu do jogo. Abel segue como figura central nos bastidores, ajudando a montar o caminho. Mas o tempo passa, o mercado anda, e a margem de erro diminui.
O Inter perdeu o plano A. Agora, precisa ser rápido e preciso para que o plano B — seja ele qual for — não vire mais um problema em um clube que já chega desgastado ao próximo ciclo.