“Os caras pensam mais em eleição que no time”! A treta que mudou tudo: Casares desiste do FIP e chama ‘sucessor’ para trabalhar na Barra Funda | OneFootball

Eram apenas cerca de 9h (de Brasília) quando grupos de mensagem de celular contendo aliados políticos do presidente Julio Casares no São Paulo já ferviam com diversas mensagens de cobranças por mudanças ao mandatário.

Desde a noite anterior, quando o time perdeu vexatoriamente por 3 a 0 para o Mirassol, fora de casa, pelo Campeonato Brasileiro, Casares respirou fundo e avisou pessoas próximas que só ia tratar sobre eventuais mudanças no departamento de futebol profissional nesta segunda-feira (20).

Da capital paulista, onde se recupera de dores nas costas e por isso não viajou com a delegação por recomendação médica, tratou apenas de avisar o técnico Hernán Crespo que seu cargo estava livre de perigo. Não fez o mesmo com o diretor de futebol Carlos Belmonte, importante ressaltar.

O recado foi passado aos aliados, porém ainda durante a madrugada as mensagens cobrando mudanças se intensificaram. O motivo mudou de foco. Além da derrota para o Mirassol, que dificulta ainda mais uma classificação à próxima Copa Libertadores, incomodou as notícias ventiladas por oposicionistas de que o clube deve direitos de imagem aos jogadores.

Durante toda a manhã, Casares se reuniu com aliados próximos e resolveu agir para estancar a crise que bate à porta são-paulina nesta reta final de temporada. Conforme o AVANTE MEU TRICOLOR apurou, uma das vozes que o dirigente mais ouviu foi a de um ex-presidente que se tornou uma espécie de consultor para tomada de decisões. E o ‘veredicto’ foi sucinto e rápido.

“Os caras andam pensando mais em eleição que no time. E a temporada ainda não acabou”, disse o ex-mandatário, curto e grosso, trazendo Casares à realidade.

E assim, a partir das 13h (de Brasília), os porta-vozes do presidente trataram de começar a espalhar as mudanças decididas. Uma delas pode ser vista como mera formalidade: o aumento da premiação pela conquista da vaga na Libertadores, algo antecipado por nós do AMT no final de semana.

Vendo que seu projeto do fundo de investimento e participação (FIP) para Cotia além de não conseguir angariar apoio rachou de vez sua base aliada, colocando em risco o projeto de sucessão para as eleições do final do ano que vem, o presidente decidiu recuar. Anunciou às chapas que compõem a gestão que vai parar de ‘forçar a barra’. E que o assunto está temporariamente suspenso.

Veja bem, não significa que está descartado. Mas sim que, até haver melhora do ambiente, o presidente não vai insistir no assunto, por mais que quisesse vê-lo implementado já no início de 2026.

A última das mudanças não foi tornada pública a jornalistas em um primeiro momento, mas a informação acabou vazando: Casares convenceu Márcio Carlomagno a acompanhá-lo no CT da Barra Funda diariamente. Passará a despachar da sede do futebol profissional.

A reportagem revelou que havia certa resistência do superintendente do clube, nome mais cotado hoje para ser indicado por Casares à sucessão, em entrar de vez no cotidiano do futebol profissional. Um certo respeito à imagem de Belmonte. Mas o momento, de crise extrema, o fez mudar de ideia.

Com Carlomagno mais presente no CT, a ideia vendida é fortalecer a comunicação interna e acompanhar de perto o ambiente e as demandas do futebol profissional. Mas, na prática, trata-se de Casares dando visibilidade ao nome que hoje aparece como o principal na luta por sua sucessão.

“A presença do dirigente ao lado dos jogadores e da comissão também será uma forma de dar mais respaldo a Crespo e reforçar o controle da cúpula sobre o cotidiano do elenco, que vive uma das fases mais delicadas da temporada”, disse uma das fontes consultadas pelo AMT.

Resta saber como ficará agora Belmonte. Vitorioso na questão do FIP, onde sempre se pronunciou internamente contrário, o diretor de futebol leva o duro golpe de ver o concorrente à cadeira de presidente do seu lado na Barra Funda, local que lhe garante o status necessário para seguir sonhando em ser o mandatário a partir de 2027.