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·9. September 2025

Precisamos falar sobre as despesas do São Paulo – por Daniel Menezes

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Precisamos falar sobre as despesas do São Paulo – por Daniel Menezes

“Você não controla o quanto vai vender, mas pode controlar o quanto vai gastar.”(Sonho Grande)

É com certa preocupação — e também com uma dose de ironia — que precisamos olhar para as finanças do São Paulo. O clube não cansa de divulgar números sobre receitas: patrocinadores, bilheteria, vendas de jogadores. Mas quando o assunto são as despesas, reina o silêncio. E é justamente aí que mora a raiz da minha preocupação.

Na última semana, a mídia especializada trouxe comentários sobre um relatório elaborado por uma comissão financeira do Conselho Deliberativo do São Paulo. São desses números — publicados fora dos canais do clube — que parto para esta análise.


O discurso da austeridade x a prática

Quando a diretoria anunciou que 2025 seria um ano de austeridade, a torcida — mesmo desconfiada — topou o pacto. Reduzimos os custos, damos espaço aos meninos da base e seguimos em frente. Parecia uma escolha difícil, mas necessária.

Porém, poucos meses depois, assistimos a uma sequência de vendas de garotos que mal completaram dez jogos pelo profissional. A pergunta surge naturalmente:

Peraí, o que está acontecendo? Não era bem isso que tínhamos combinado.

O relatório só amplia o desconforto: as despesas ficaram R$ 54 milhões acima do orçado no primeiro semestre. E aí surgem questões básicas, que qualquer empresa séria teria obrigação de responder:

  • Qual linha de despesa ficou acima do esperado?
  • Por que ficou acima do esperado? Erro de orçamento ou de execução?
  • Em um ano de aperto financeiro, como se gastou mais do que se planejou? Quem aprovou isso?
  • E principalmente: onde foi parar esse dinheiro, se o clube garante que não investiu em contratações?

A contradição da folha salarial

Após o jogo contra o Vitória, Carlos Belmonte comentou em entrevista uma suposta redução da folha salarial em 2025. Mas o relatório mostra outra coisa: R$ 28,3 milhões por mês de média, com os últimos três meses 22% acima do orçamento.

Talvez exista um malabarismo numérico aí. Redução no CLT e aumento em direitos de imagem? Luvas distribuídas de outra forma? Não sei!

O que sei é que o relatório aponta mais gasto, enquanto o discurso oficial fala em menos. Parece ser a típica situação em que os números são divulgados parcialmente para sustentar narrativas convenientes.


A armadilha do déficit zero

O ideal em qualquer atividade é trabalhar com superávit. Mas, em um clube endividado, simplesmente parar de aumentar a dívida já seria um grande avanço. Por isso, a meta do déficit zero não é ruim.

O problema é a forma. Com a implementação do FIDC, a diretoria se comprometeu a entregar déficit zero sob risco de penalização. E assim, essa meta virou o santo graal da gestão: algo a ser alcançado a qualquer custo.

Como não controlaram as despesas, restou o caminho mais fácil — e mais perigoso: vender jogadores em volumes muito acima do previsto.

O “déficit zero” se transforma, então, em um castelo de areia: não é resultado de eficiência, mas de liquidação de ativos que deveriam sustentar o futuro.

E que brevemente precisaram ser repostos!


O exemplo da transportadora

Imagino Casares e Belmonte administrando uma transportadora em dificuldade financeira. Quais soluções eles teriam? Talvez algo assim:

Temos caminhões novos que valem 100, rodam bem, são econômicos e quase não dão manutenção, vou vender por 80 e depois eu substituo por caminhões mais usados por 50.

À primeira vista, parece um golpe de mestre: vende por 80, compra por 50 e ainda sobra caixa. Mas o caminhão velho roda o mesmo que o novo? E quanto consome de diesel por quilômetro rodado? Qual o custo de manutenção? Quanto tempo parado na oficina?

O que pareceu uma solução imediata se revela um desastre em câmera lenta: despesas fixas maiores, frota menos eficiente, menor disponibilidade dos ativos e futuro comprometido (operacional e financeiro).

É exatamente essa lógica que o São Paulo parece adotar com seu elenco.


Conclusão

O São Paulo segue preso a um ciclo perverso: fala em austeridade, mas gasta acima do planejado; promete déficit zero, mas precisa vender cada vez mais jogadores para sustentar a narrativa.

O ponto central é simples: não basta aumentar receitas, é preciso cortar custos com disciplina. Sem isso, todo discurso de equilíbrio financeiro não passa de ilusão.

E, para encerrar com outra lição de Sonho Grande, que deveria estar colada na mesa de trabalho de todo dirigente tricolor nesse momento de agonia financeira:

“Custo é igual unha: tem que cortar todo dia.”

P.S.: Pelo amor de Deus, nada de contratações desesperadas de jogadores velhos e sem contrato nesse final de ano! Vamos com o que temos e vamos controlar essas despesas.

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