Tem 42 anos e em abril só foi superado por... Gyökeres: conheça Lourinho | OneFootball

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·8. Mai 2025

Tem 42 anos e em abril só foi superado por... Gyökeres: conheça Lourinho

Artikelbild:Tem 42 anos e em abril só foi superado por... Gyökeres: conheça Lourinho

É em Vila Viçosa, no distrito de Évora, que mora e atua Carlos Alberto Rocha Lourinho, o goleador d'O Calipolense.

Numa época que tem sido muito produtiva a nível pessoal, com 20 golos em 24 jogos, o mês de abril trouxe destaque para o «quarentão». Faturou por oito vezes em apenas três encontros durante esse período, sendo apenas batido pelo inevitável Viktor Gyökeres na lista dos melhores marcadores do mês em Portugal!


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Os números impressionantes, aliados à idade, suscitaram a curiosidade do zerozero. Fomos então à distrital, para satisfazer o bichinho e saber um pouco mais sobre Lourinho, goleador dedicado à família e que tem o último jogo da carreira no horizonte...

Voltou a jogar aos 38 anos com «um propósito claro»

Mesmo depois de ter registado um póquer frente ao SB Outeiro, um hat-trick contra o AD Vera Cruz e um tento no embate com o Aguiar - partidas onde O Calipolense venceu sempre por larga margem -, nem o próprio tinha a noção do feito atingido.

«Não sabia de todo dessa estatística. Como é lógico, deixa-me bastante orgulhoso e feliz. Mas tenho de agradecer, obviamente, a toda a equipa e a todos os meus colegas, porque sem eles nada seria possível. Um jogador não faz golos sozinho e eu não fujo à regra», começou por declarar ao nosso portal, em entrevista.

«Neste momento já tenho 42 anos e jogo apenas para desfrutar do futebol e tentar ganhar algum troféu pelo clube da minha terra. Os meus melhores momentos na carreira já foram lá atrás, mas ter esta longevidade é um grande motivo de orgulho e uma grande felicidade.»

Facto é que, atualmente, está na sua segunda época com mais golos, perdendo apenas para a temporada de 2012/13, ao serviço d'O Elvas, onde apontou 25 tentos em 29 partidas. Mas é nestes últimos três anos, a jogar pelo seu Calipolense, que mais se tem destacado e a justificação é uma história para a vida.

«Curiosamente, parei de jogar aos 32 anos. Depois tive o meu casamento e o nascimento da minha filha. Estive seis anos parado, até que voltei ao futebol devido única e exclusivamente a um propósito muito claro e objetivo, que era tentar dar um título ao meu pai. Ele faleceu muito novo, mas era um apaixonado pelo futebol e pelo Calipolense», conta.

«Portanto, o que me levou a voltar a jogar futebol e a este nível ainda mais amador, foi tentar honrar o nome dele e entregar-lhe um troféu. Infelizmente não o consegui, mas saio de cabeça limpa e consciência tranquila. Tenho de agradecer à minha família por todo o apoio que me deu durante estes três anos que voltei ao Calipolense com este propósito», declarou, revelando que vai abandonar os relvados no final da presente temporada.

Foram 27 anos ligado ao futebol - com a tal pausa entre 2015/16 e 2021/22 -, desde os escalões de formação até à data dos dias de hoje. Ao todo, e apesar da promessa não cumprida - mas que certamente deixou o progenitor orgulhoso -, levantou sete títulos na carreira, entre AF Portalegre e AF Évora.

«Foi mesmo o último ano, já não vou jogar mais. A minha mulher é proprietária de um restaurante e eu sou funcionário público. Quando saio do meu trabalho, vou tentar ajudar a minha esposa na gerência do estabelecimento. Depois também temos a nossa filha de sete anos na escola, com as suas atividades extracurriculares, e torna-se complicado fazer a gestão de tudo, principalmente com os treinos e jogos», diz-nos.

Mas quem é, afinal, Carlos Lourinho?

«É uma pessoa pacata, tranquila, dedicado à família e que gosta de estar com os seus amigos. Aquilo que mais me deixa feliz e orgulhoso é ver e acompanhar o crescimento da minha filha, juntamente com a minha esposa. Sou uma pessoa normal», descreve-se o próprio.

Pateo de Cascalhais, no Alandroal. É esse o restaurante da esposa e onde Lourinho chegou a assinar um contrato com um clube que representou:

«A minha esposa ser dona do restaurante nunca limitou a minha carreira no futebol, até porque ela sempre me apoiou e deu forças para continuar a fazer aquilo que gostava, que era de jogar. Portanto, nunca me senti limitado nesse sentido», confessou, admitindo que o negócio acaba por ser um conforto no pós-futebol e não durante.

«Não é por aí, a vida é feita de ciclos e o meu no futebol terminou. Como é lógico, a vida continua e eu e a minha esposa, felizmente, somos pessoas bem resolvidas. Tanto com o meu emprego na função pública e o restaurante, não tenho qualquer tipo de problema em deixar o futebol e dedicar-me por inteiro à vida profissional e familiar, bem pelo contrário! Agora há que dar tempo à família e aos negócios», atirou.

Por esta altura, caro leitor, já terá percebido que Carlos é um verdadeiro homem de família. Ainda assim, é igualmente possível imaginar que conciliar os três mundos era uma tarefa bastante exigente...

«Não é nada fácil gerir tudo, juntamente com a logística da nossa filha. Acrescentando a isso também o facto de vivermos numa herdade, um pouco longe dos centros urbanos, não é nada fácil conseguir conciliar tudo. Apenas é possível com uma grande força de vontade e com enorme apoio da minha esposa».

Mesmo assim, conseguiu ser uma das principais figuras da equipa de Vila Viçosa, que terminou em primeiro lugar da AF Évora Liga AFE Série A, depois de conquistarem a marca redonda dos 50 pontos em 20 jogos. Contudo, foram superiorizados pelo Escoularense nos playoffs, onde perderam por 3-2 no conjunto das duas mãos (adivinhe-se quem marcou um dos tentos...)

Agora, resta jogar apenas uma partida - a derradeira da sua carreira -, contra o GDR Canaviais, pelo terceiro lugar. Já sabe o que é fazer o gosto ao pé a esse adversário e seria a melhor forma de «terminar este ciclo no futebol», se o voltasse a fazer. A bola rola pela última vez este domingo.

*com Bernardo Castro

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