
Calciopédia
·17 April 2025
A Inter mostrou força contra o Bayern de Munique e avançou às semis da Champions League

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·17 April 2025
“A Inter tem duas bolas enormes”, disse Lautaro, sem papas na língua, depois do apito final do jogo de volta das quartas de final da Champions League, contra o Bayern de Munique. Mais polido, o capitão nerazzurro continuou: “esse time não desiste, tem personalidade, coração e cabeça”. Com essa definição, o argentino resumiu os atributos que fizeram com que a equipe italiana conseguisse eliminar os alemães para avançar às semifinais da competição com um placar agregado de 4 a 3. Depois da vitória por 2 a 1 na Alemanha, o empate por 2 a 2 em Milão foi suficiente para a Beneamata.
Para o jogo de volta das quartas, o técnico Simone Inzaghi escalou sua Inter com o melhor que tinha à disposição – dentre os titulares habituais da sua equipe, só Dumfries, já lesionado na ida, continuou de fora; além dele, o reserva Zielinski foi desfalque. Já Vincent Kompany optou por fazer uma troca em relação ao onze inicial escolhido para a partida na Allianz Arena. O veterano Müller, que deve deixar o Bayern de Munique ao fim de 2024-25, tomou o lugar de Guerreiro como meia-atacante central no 4-2-3-1 bávaro. Os Roten também conseguiram recuperar Pavlovic e Coman, que estavam machucados na semana passada e puderam ser opções no banco de reservas. Entretanto, Neuer, Upamecano, Davies, Ito e Musiala seguiam como ausências importantes.
Numa noite de muito vento em Milão – cenário que precedeu momentos de chuva no duelo –, se imaginava que a Inter fosse tentar conservar a sua vantagem num ritmo de jogo mais lento e precavido, mas sem se furtar a agredir o adversário, principalmente em rápidas transições. Para reverter a eliminatória, o Bayern de Munique, por sua vez, teria que combater o meio-campo rival, buscando ter mais posse, e utilizar seus pontas para prender os alas dos nerazzurri.
Aos 9 minutos, a primeira boa chance da partida foi da Inter, que mostrava que não ficaria recolhida. Thuram fez a jogada e abriu no corredor canhoto para Dimarco, que chutou meio desequilibrado e acabou mandando no meio do gol, para defesa segura de Urbig. O Bayern respondeu já na casa dos 11, quando Müller deu um bote em Barella, roubou a bola e deixou Olise cara a cara com Sommer. Bastoni, porém, teve tempo de reação apurado, cortou na hora H e, ao ceder escanteio, evitou o tento alemão. Sua intervenção, sem exagero, evitou um possível drama para os mandantes.
Depois dessas duas chances, a partida seguiu disputada, com alguma superioridade do Bayern de Munique, que levava a melhor no meio-campo, mas não conseguia concluir a gol. Aos 29 minutos, aliás, foi a Inter que criou uma jogada de perigo, quando Dimarco cobrou falta na área, Acerbi desviou e quase Thuram completou – ainda assim, a bola passou perto. Em seguida, Çalhanoglu assustou com um chute de fora da área.
Ainda no início do jogo, um corte providencial de Bastoni manteve a vantagem da Inter na eliminatória (Getty)
Só depois dessas chances dos mandantes é que os Roten intensificaram sua pressão, produzindo oportunidades consecutivas, aos 36 e 37 minutos. Entretanto, os nerazzurri erguiam um muro, chegando a colocar oito jogadores de linha dentro da grande área em algumas ocasiões. Quando nem mesmo uma parede de tais proporções foi tão eficaz e Sommer teve que ser exigido, o arqueiro respondeu com segurança e manteve o placar zerado até o intervalo.
A Inter voltou melhor do descanso e teve duas chances em sequência. Aos 48 minutos, Thuram deu uma caneta em Dier e partiu em velocidade, mas demorou para concluir, diante da indecisão de Kim de fechar o seu espaço. Assim, permitiu que Laimer se recuperasse na corrida e o desarmasse. Já aos 50, Dimarco cruzou, Bastoni desviou de calcanhar e Urbig cedeu escanteio.
Quando parecia que a Inter iria se soltar, o Bayern de Munique balançou as redes. Na casa dos 52 minutos, após o corte de um cruzamento, a bola sobrou para Kane, que gingou para cima de Dimarco e achou o espaço que precisava para finalizar. O ala canhoto não encostou o suficiente e permitiu que o inglês batesse rasteiro e cruzado, superando Sommer.
A reação da Inter, porém, foi rápida – quase instantânea, tal qual a que gerou o seu segundo gol, em Munique. Pouco após Thuram parar em Urbig, os nerazzurri cobraram escanteio e, após a bola ficar pingando na área numa tentativa de cabeceio de Lautaro, o próprio a empurrou para as redes, chegando aos 150 com a camisa da Beneamata. Sexto maior artilheiro da história da equipe da Lombardia e seu principal goleador na Champions League, o argentino se tornou o primeiro estrangeiro a alcançar tais números pela agremiação.
Líder e ídolo da Inter, Lautaro comandou a reação nerazzurra (Getty)
O gol do capitão, que lutava e se sacrificava por cada posse de bola, como verdadeiro líder e ídolo que é, aqueceu a Inter, que virou o jogo sob o aspecto anímico – e logo o faria também no resultado. Aos 61 minutos, Darmian quase marcou, com um chute cruzado que Dier tirou em cima da linha. Na cobrança de escanteio, Pavard surgiu como um raio, ganhou facilmente de Kim no alto e acionou a lei do ex, virando o placar. Foi o primeiro tento do francês com a camisa nerazzurra.
A partir dali, o Bayern tentou reagir e até levava a melhor em duelos na meia cancha, contra Çalhanoglu e Barella, mas parava na diligência e no QI futebolístico de Mkhitaryan, um dos melhores em campo. Por alguns minutos, o armênio intensificou o trabalho tático que já vinha fazendo e liderou a Inter, que neutralizou o Bayern de Munique.
Os bávaros demoraram a voltar para o jogo, mas conseguiram aos 75 minutos, num lance em que Carlos Augusto travou a finalização de Olise na hora certa, evitando o gol do francês. Entretanto, no escanteio que sucedeu o corte, os nerazzurri se distraíram e deram espaço para Gnabry cruzar e achar Dier, sem a dobra na marcação. O inglês tentou encontrar Kimmich na trave oposta, mas acabou mandando para as redes, encobrindo Sommer e deixando tudo igual.
Depois do empate, Inzaghi mexeu na sua equipe e fez entrar jogadores mais descansados, no intuito de proteger o resultado e evitar a prorrogação. Kompany, por sua vez, colocou seu time todo para frente e chegou até a improvisar Gnabry como lateral-direito – do outro lado, Coman incomodava com acelerações e cruzamentos.
Que hora para marcar seu primeiro gol pelos nerazzurri: Pavard acionou a lei do ex contra o Bayern de Munique (Arquivo/Inter)
A Inter até perdeu um pouco de sua compostura e solidez com a pressão germânica, mas só nos últimos lances é que realmente levou sustos. Aos 91 minutos, após uma falha de comunicação entre Sommer e Darmian, a pelota sobrou para Kane, que a isolou; já aos 95, o recém-entrado Bisseck errou um movimento, Müller cabeceou e o arqueiro suíço foi buscar no canto. Uma defesa que até pareceu mais difícil num primeiro momento, mas que serviu para garantir a classificação.
Para a Inter, não foi motivo de comemoração somente a passagem de fase – nem a resistência ao forte Bayern de Munique nos derradeiros minutos foi a única razão de alívio. Os nerazzurri chegaram ao duelo com seis jogadores pendurados e nenhum deles estará suspenso para o duelo com o Barcelona, que eliminou o Borussia Dortmund por um placar agregado de 5 a 3. Nas semifinais, os cartões são zerados pela Uefa.
A classificação para as semifinais é mais uma vitória para Inzaghi, que chegou a ver o seu cargo por um fio em meados de 2022-23 – e com razão, pois as inconsistências defensivas e a falta de aproveitamento ofensivo de sua equipe eram de sua responsabilidade. O técnico virou a chave na segunda parte daquela campanha, justamente devido a seu desempenho em nível continental, e teve a chance de aprofundar o seu trabalho, criando um time consistente e que é, já há algumas temporadas, um dos mais temidos da Europa. Prova disso é ter ficado entre os quatro melhores da Liga dos Campeões em duas das três mais recentes edições do torneio.
Após virar o jogo, o “Demônio de Piacenza”, como é conhecido pela torcida da Beneamata, pode celebrar, em sua passagem por Milão, um scudetto, cinco títulos de copas e supercopas nacionais e um grande feito: só ele e o mitológico Helenio Herrera conseguiram levar os nerazzurri a pelo menos duas semifinais do maior torneio de clubes da Europa; quatro, no caso do franco-argentino. Agora, Inzaghi espera encostar no Mago também em número de finais disputadas pela Inter. Antes, precisará neutralizar o fortíssimo Barcelona de Hansi Flick, Raphinha, Yamal e Lewandowski.