
Gazeta Esportiva.com
·7 October 2025
Andrés se posiciona sobre gasto de R$ 190 mil no Corinthians: “Benefício institucional”

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·7 October 2025
O ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, se manifestou sobre os gastos suspeitos no cartão corporativo do clube durante sua última gestão, entre 2018 e 2020. Na semana passada, a Comissão de Justiça do Timão identificou cerca de R$ 190 mil em despesas duvidosas e convocou os ex-diretores que, à época, tinham a responsabilidade de fiscalizar o uso do cartão, para prestar esclarecimentos.
O órgão listou, a princípio, 50 despesas, com identificação de locais e valores que, somados, chegam a R$ 190.523,54. Entre as principais cobranças separadas e revistas pela Comissão, estão despesas com hospitais, clínicas e farmácias, em lojas de móveis e eletrônicos, além de custos com uma empresa de taxi aéreo e centros automotivos.
A Gazeta Esportiva entrou em contato com Andrés Sanchez e pediu um posicionamento. O ex-presidente enviou uma nota à reportagem, através do advogado Fernando José da Costa.
No comunicado, ele alega que já prestou todos os esclarecimentos ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Além disso, Andrés defende que o cartão foi utilizado “em benefício institucional” do Corinthians, inclusive para a “aquisição de presentes e despesas de representação”. Veja a nota abaixo, na íntegra:
“O advogado Fernando José da Costa informa que Andrés Sanchez já prestou todos os esclarecimentos ao Ministério Público acerca da utilização do cartão corporativo, que à época não possuía regramento específico ou delimitação objetiva de gastos. Conforme esclarecido, o cartão sempre foi utilizado em benefício institucional do clube, inclusive para a aquisição de presentes e despesas de representação, sendo certo que todas as contas foram devidamente aprovadas pelos órgãos competentes”.
(Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians)
A investigação sobre o suposto uso indevido do cartão corporativo por Andrés Sanchez também avançou no Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O órgão solicitou ao Corinthians, entre os dias 26 e 29 de setembro, dados e explicações sobre mais de 50 aquisições suspeitas feitas pelo ex-presidente entre 2018 e 2020, período do segundo mandato de Andrés como mandatário corintiano.
Cassio Roberto Conserino, promotor responsável pelo caso, estipulou dez dias corridos como prazo para a diretoria alvinegra enviar as respostas.
A intenção do MP, em meio à investigação sobre supostos gastos pessoais indevidos, é entender quais eventos relacionados à rotina do então dirigente podem justificar os mais de 50 gastos suspeitos listados e, por outro lado, quais gastos, de fato, podem ser considerados incompatíveis com o exercício da presidência de um clube de futebol.
Andrés Sanchez, vale lembrar, prestou depoimento ao MP-SP na última quinta-feira. A reunião aconteceu por videoconferência e durou aproximadamente 15 minutos. Dois temas principais foram abordados pelo promotor: as despesas de cerca de R$ 5 mil em uma joalheria e de quase R$ 7 mil em Fernando de Noronha, em 2020.
Em relação ao gasto no arquipélago, Andrés admitiu que estava embriagado e se confundiu ao usar o cartão, pois ele teria um cartão do mesmo banco, o Santander.
Já sobre a joalheria, o ex-presidente alegou que tratou-se de um relógio que foi entregue por ele como presente para um membro da CBF com o qual ele teve uma reunião naquela oportunidade. Andrés vê a prática como algo comum no meio do futebol e julgou oportuno presentear o integrante da Confederação na ocasião.
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi instaurado pelo Ministério Público em meados de junho deste ano. À época, o órgão também agendou oitivas com o atual presidente, Osmar Stabile, o vice Armando Mendonça e o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, a fim de entender o funcionamento dos cartões corporativos do Corinthians.
Inicialmente, a apuração do MP iria abranger somente o período das gestões de Andrés Sanchez (2018 a 2020) e Duilio Monteiro Alves (2021 a 2023). Porém, após ouvir alguns depoimentos, o órgão decidiu investigar também o mandato de Augusto Melo. Além de uma suposta apropriação indébita, são apurados também os possíveis crimes de estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa.
(Foto: Reprodução/YouTube)
O caso veio à tona no início do mês de julho, quando Andrés admitiu ter utilizado o cartão de forma indevida para pagamento de despesas pessoais em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, no fim de seu último mandato, em 2020.
Dias após a revelação dos gastos, ele ressarciu o Corinthians com juros e correção monetária. O ex-presidente, no entanto, responde a um processo disciplinar na Comissão de Ética e Disciplina do clube. Os torcedores pedem punições e até a expulsão de Andrés.
Houve, também, uma acusação de supostos gastos pessoais durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. As despesas, contudo, não estão necessariamente ligadas ao ex-presidente. Ele não reconhece as faturas e registrou uma notícia-crime na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade/Dope), solicitando a inclusão desta no inquérito policial já em andamento, que denuncia a circulação de documentos falsos e manipulados.
No início do mês de setembro, o MP pediu à Justiça que Andrés, Duilio e Augusto Melo sejam temporariamente afastados dos Conselhos Deliberativo e de Orientação do Corinthians durante a investigação. Até o momento, no entanto, não houve uma manifestação do Poder Judiciário.
(Foto: Peter Leone/O Fotografico/Gazeta Press)
O Corinthians informou, há cerca de duas semanas, que concluiu a entrega dos documentos sigilosos solicitados pelo MP. O clube se coloca à disposição das autoridades, mas teme vazamentos e reforça o cuidado para não expor ainda mais a imagem de instituição.
Além das supostas despesas pessoais, o MP também abriu investigação para apurar uma possível ligação do clube com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), motivada pelo depoimento de Romeu Tuma Júnior, presidente do CD do Corinthians, colhido pelo órgão.