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·19 November 2025
António Salvador: «Não contem comigo para maltratar o futebol português»

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·19 November 2025

Numa extensa entrevista ao jornal Record, António Salvador, presidente do SC Braga, abordou os temas do momento no futebol português, sublinhando a necessidade de liderança e estabilidade.
«Ainda há dias li no L´Équipe uma reportagem de quatro páginas muito elogiosa sobre o futebol português e sobre o sucesso do mesmo. De repente, parece que somos os nossos próprios detratores. Temos questões a resolver, claro que sim, mas não contem comigo para maltratar o futebol português», começou por afirmar o dirigente, sobre a ideia do futebol em Portugal estar «doente».
Em relação às recentes polémicas que envolvem os árbitros, preferiu destacar a evolução no sistema.
«Vejo como positivo que a arbitragem seja capaz de reportar os factos que ocorrem e isso deve transmitir-nos confiança. Muito sinceramente, não acho que o silêncio seja uma opção. Eu reconheço aos presidentes da Liga e da Federação créditos para se fazerem ouvir em momentos como estes. Percebo que o presidente da Liga está a fazer o seu caminho de aprendizagem numa nova função e num novo plano de destaque, mas reconheço ao presidente da Federação uma responsabilidade acrescida. Se há voz ouvida e respeitada em Portugal, é a voz de Pedro Proença. É um agente de elite do nosso futebol há décadas», referiu.
«Não estou com isto a atribuir qualquer culpa especial ao presidente da Federação pelo que se passa, estou antes a dizer que pessoalmente lhe reconheço essa credibilidade, essa autoridade e essa voz de comando. É um capital que o próprio soube construir e é um capital que eu pessoalmente gostaria de ver aplicado em momentos como estes», acrescentou.
Contudo, e apesar de elogiar o esforço de comunicação do Conselho de Arbitragem, criticou a falta de uniformidade dos critérios.
«Hoje os critérios são tudo menos claros. Vejo muitos lances idênticos apitados de forma diferente. Criticamos a falta de uniformidade e queremos ajudar a que as decisões sejam melhores e mais coerentes. Recebemos respostas, sim, mas sendo muito franco, o que sentimos é que anda tudo a passar a batata quente e a procurar refúgio na esfera disciplinar. A minha leitura é que as pessoas não têm feito tudo o que está ao seu alcance», declarou.
«Acho que anda toda a gente a tentar aparecer bem na fotografia. A Liga terá o seu grupo de trabalho de alterações regulamentares, pelo que vou esperar pelas recomendações que vão surgir, mas do que vi parecem-me propostas altamente populistas, que violam alguns princípios e que portanto reputo de pouco sérias e pouco construtivas. Lá está, alguém quis ficar bem na fotografia», considerou, acerca das propostas recentes da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF).
Por fim, questionado sobre os direitos televisivos, destacou o seguinte: «É preciso recordar porque é que Portugal pode e deve centralizar. Em primeiro lugar, porque neste momento estamos com Grécia e Chipre e, com todo o respeito, não é com Grécia e Chipre que devemos estar. Em segundo lugar, porque há um enorme desfasamento na distribuição e em nome da competição devemos corrigi-lo, temos três clubes que representam quase 70 por cento do bolo total, isto não acontece em qualquer outro país.»
«Estes devem ser objetivos coletivos, como também o deve ser a enorme oportunidade que temos de conseguir subir o nosso valor global, em claro contraciclo com o que acontece noutros países. Toda a Europa tem negociado direitos em quebra e Portugal tem uma enorme oportunidade de ser a exceção. Isso devia mobilizar-nos a todos, mas não sei se é o caso», concluiu.









































