Base do Corinthians passa por reestruturação com Erasmo Damiani e redefine metas para 2026 | OneFootball

A base do Corinthians iniciou uma ampla reformulação administrativa e esportiva nos últimos meses de 2025. Desde a chegada de Erasmo Damiani ao cargo de executivo das categorias de formação, o clube passou a adotar um novo modelo de gestão, com revisão de processos internos, cortes de custos e redefinição de metas para as próximas temporadas.

Em entrevista concedida ao ge, Damiani detalhou o diagnóstico feito logo nas primeiras semanas no Parque São Jorge e explicou as mudanças implementadas no departamento, que envolvem desde a readequação financeira até a reorganização do trabalho com atletas e profissionais.

Foto: Reprodução/Corinthians

“Quando cheguei, houve um pedido por parte da direção de um diagnóstico do departamento como um todo e readequação financeira. Fiz a avaliação, conversei com os profissionais que aqui estavam e, em duas semanas, apresentei um relatório ao presidente mostrando o que vi e o que achava de deveria ser feito para que o Corinthians andasse com tranquilidade e pudesse desenvolver um trabalho mais adequado.”

Segundo o executivo, as decisões iniciais incluíram demissões em larga escala, algo incomum em sua trajetória profissional, mas considerado necessário diante do cenário encontrado.

“Fizemos demissões expressivas, confesso que nunca tinha feito demissões em tamanha quantidade na carreira. Infelizmente, era uma necessidade dentro daquilo que foi apresentado pela gestão de readequação financeira. É um clube gigante, dos clubes que vivi até agora nunca tinha visto nada igual, conhecendo o clube você entende quando falam que o Corinthians é uma religião. Venho ao Parque São Jorge e fico impressionado com o tanto de gente circulando aqui dentro, vivendo o clube 24h por dia. É um desafio gigantesco, mas empolgante.”

Redução de custos e reavaliação das categorias menores

No último trimestre de 2025, o Corinthians desligou 17 funcionários ligados às categorias de base e promoveu uma redução significativa no número de atletas das categorias iniciais, do sub-7 ao sub-13. A medida teve como objetivo facilitar o acompanhamento técnico e permitir avaliações mais precisas do trabalho realizado.

“Quem saiu, pode voltar. Se amanhã ou depois um dos meninos que foram dispensados começar a performar, o Corinthians terá a humildade de reconhecer. A redução era uma necessidade do clube. Pela quantidade de jogadores que tinham aqui, eu não conseguia avaliar o trabalho dos treinadores. Como eu posso cobrar um treinador aqui dentro se ele muitas vezes trabalha com um grupo de 50 jogadores na mesma categoria?”

Após essa etapa, a diretoria foi ao mercado em busca de profissionais com perfil voltado ao desenvolvimento de atletas. Nos últimos meses, o clube contratou novos treinadores para diferentes categorias, reforçando a estrutura técnica da base.

“Fomos para o mercado em busca de profissionais com perfil de desenvolvimento de atletas. Temos que formar jogadores para performar. Estamos olhando o mercado e compondo as comissões técnicas. Quanto melhores forem as comissões, melhores serão os trabalhos de desenvolvimento. Hoje, temos excelentes treinadores, capacitados para entregar atletas capacitados ao time profissional.“

Metas esportivas e fortalecimento dos processos internos

Além da reorganização administrativa, Damiani estabeleceu objetivos claros dentro de campo para 2026, como a classificação para os mata-matas dos Campeonatos Brasileiros Sub-17 e Sub-20, além de campanhas consistentes no Campeonato Paulista das categorias de base.

Fora das quatro linhas, a prioridade é tornar o departamento mais transparente, estruturado e respeitado nacional e internacionalmente.

“Tenho que entender o momento pelo qual o clube está passando. Não sou o MacGyver para transformar o Corinthians em dois ou três meses. É um processo de médio a longo prazo para que o clube possa encontrar seu caminho. Quando o clube entrar no trilho, vai ser difícil segurar. Não vim para apagar incêndio, vim para aplicar o conhecimento que tenho. Não sou salvador da pátria, apenas quero deixar o departamento ‘redondo’ para a direção poder trabalhar.”

Copinha, transfer ban e desafios de mercado

Damiani também comentou sobre a preparação para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, destacando o peso emocional da competição e a necessidade de preparar os atletas além do aspecto técnico.

“O Corinthians sempre tem que chegar para alcançar os objetivos. Dizer que seremos campeões vou ser muito soberbo. Vamos lá? A Copinha é pior do que a Copa do Mundo. Tem o sorteio das chaves, você não sabe com quem vai cruzar, às vezes você só joga onde está chovendo em um campo pesado.”

O executivo também explicou como o transfer ban imposto pela Fifa impacta o trabalho nas categorias de base.

“Todos os atletas que estão no clube, nós podemos profissionalizá-los. Agora, qualquer atleta que venha de outro clube, nós não podemos registrar.”

Outro ponto abordado foi a tentativa do Corinthians de retornar ao Movimento dos Clubes Formadores (MCF), em negociação que envolve o Palmeiras.

“Quando eu cheguei, em novembro, mandei uma nova proposta ao Palmeiras porque queríamos resolver isso o quanto antes. Eles disseram que não aceitariam e foram intransigentes.”

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