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·3 December 2025
Brasileirão de 1987: quem é o verdadeiro campeão? Flamengo no campo, Sport na lei

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·3 December 2025

A polêmica sobre o campeão brasileiro de 1987 é, talvez, o maior imbróglio da história do futebol nacional. A disputa entre Flamengo e Sport atravessa décadas, tribunais e interpretações de regulamentos.
Em um vídeo especial da série Mistérios do Futebol, o jornalista Celso Unzelte revisita os fatos que originaram a confusão que até hoje divide torcedores.
Para entender 1987, é preciso voltar um ano no tempo. O Campeonato Brasileiro de 1986 contou com 80 clubes, divididos em oito grupos de formas e forças distintas. Havia uma espécie de segunda divisão disfarçada, com 36 equipes em um torneio paralelo. O regulamento original previa que apenas os 24 melhores entre os grupos principais seriam classificados para a elite em 1987.
A partir daí, uma série de decisões judiciais, recursos e viradas de mesa mudaram o rumo da competição. O STJD devolveu pontos ao Joinville por doping de um jogador do Sergipe. O Vasco entrou na Justiça comum para não ser eliminado. A CBF tentou desclassificar a Portuguesa, mas os clubes paulistas se recusaram a aceitar.
O resultado foi uma reviravolta que alterou quem cairia ou seguiria na elite. A bagunça foi tamanha que o Brasileirão de 1986 terminou apenas em fevereiro de 1987, com o São Paulo campeão nos pênaltis contra o Guarani.
Com o calendário atrasado e a CBF alegando não ter recursos para organizar a edição de 1987, os principais clubes se mobilizaram. Em 13 de julho daquele ano, representantes de 13 grandes equipes fundaram a União dos Grandes Clubes Brasileiros, o futuro Clube dos 13.
A entidade decidiu organizar seu próprio campeonato, batizado pela imprensa de Copa União. Foram incluídos 16 clubes, com patrocínio, transmissões garantidas e grande aceitação do público. A média de mais de 20 mil torcedores por jogo foi uma das maiores da história da competição.
A CBF, no entanto, mudou de postura. Rebatizou a Copa União como Módulo Verde e criou o Módulo Amarelo com outras 16 equipes. Mais tarde, passou a exigir um quadrangular final entre os dois melhores de cada módulo para determinar o campeão brasileiro.
Quase todos os clubes da Copa União recusaram o quadrangular. A única exceção foi o Vasco, representado por Eurico Miranda nas reuniões com a CBF. Celso Unzelte destaca que aceitar a exigência do cruzamento foi o principal erro político do Clube dos 13.
Mesmo assim, o confronto intermodular não ocorreu. Em 13 de dezembro de 1987, ao vencer o Internacional por 1 a 0 no Maracanã, o Flamengo foi amplamente reconhecido pelo país como campeão da Copa União. Era, dentro de campo, o quarto título nacional do clube.
No Módulo Amarelo, Sport e Guarani empataram por 11 a 11 nos pênaltis e decidiram dividir o título. Mais tarde, o Sport também venceria na Justiça o direito de ser considerado campeão daquele módulo.
Em janeiro de 1988, a CBF impôs a realização do quadrangular. Flamengo e Internacional se recusaram a jogar, perderam por W.O. e deixaram a definição do título para Sport e Guarani.
O Sport venceu o segundo jogo por 1 a 0, com gol de Marco Antônio, e foi declarado pela CBF o campeão brasileiro de 1987, além de ser o representante oficial na Libertadores de 1988.
A partir dali, a disputa saiu definitivamente dos gramados.
Em março e dezembro de 2017 e em março de 2018, o Supremo Tribunal Federal ratificou a decisão sem possibilidade de novos recursos.
Para Celso Unzelte, o mistério se encerra com duas respostas distintas.
A narrativa, que mistura política, bastidores, viradas de mesa e decisões judiciais, se tornou um dos episódios mais marcantes do futebol brasileiro.









































