Caráter é inegociável

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JB Filho Repórter

·4 December 2025

Caráter é inegociável

Nem Abel fez efeito. Pelo contrário, conseguiu ficar ainda pior. Obviamente, em nada culpa do Abelão. Ele não poderá ter sua imagem arranhada em nada.
Agora, a realidade é que o grupo de jogadores do Inter não reage a nada. Não existe nenhum tipo de reação, zero emoção ou qualquer sentimento que valha.
Nem sequer a hombridade de ver que o São Paulo é um rival histórico de duas Libertadores e iria vir motivado para tentar rebaixar o clube que mais lhe feriu por anos. Nada toca os boleiros do Inter.
E isso que não entendo. Afinal, vamos combinar que relevamos demais essa história de anímico no futebol. É claro que ela existe. Existe em tudo, na minha e na sua profissão, claro. Trabalhar em bom ambiente e motivado, faz diferença. Jamais vou negar isso. Acontece que agora é outra parada. Anímico, quando tu tá vendo um clube deste tamanho cair?
Não, queda não se justifica com salário atrasado ou falta de empolgação para trabalhar. Isso é inegociável. Caráter é inegociável pra qualquer ser humano, em qualquer ser humano. Não deixar cair é questão de ter carácter ou não.
Isso não me impede de dizer que não concordei em nada com o time que o Abel meteu em campo. Tentou três zagueiros, um deles sendo o Juninho, que nunca explicou os motivos de ter vindo pra cá. De resto, era só Vitinho no ataque e o Alan Patrick no meio. Sendo que todo o time estava mais atrás, com muitos quilômetros de distância entre eles.
O resultado prático é que só o São Paulo tinha a bola. O primeiro tempo inteiro era deles com a bola. Com um três minutos, o Luciano tinha perdido dois gols. Um Inter completamente nervoso e abatido em campo. Completamente derrotado. Com toda pinta de quem já está moralmente rebaixado.
Detalhe que o segundo gol dos paulistas foi no último lance do primeiro tempo. Tomaram o gol, abaixaram a cabeça e foram pro intervalo. Não há nenhuma reação nos caras. Que coisa inacreditável!
No intervalo, Abel fez uma mudança e se imaginou que o Inter ia pra cima. Ledo engano. Com 3 minutos, o Luciano tava marcando de cavadinha no Inter.
E a coisa ficou mega constrangedora quando quase aos 40 o Abel estava colocando Bruno Henrique e Tabata em campo. Pra quê? Zero diferença! Tava 3 x 0 pra eles.
Thiago Maia fez uma partida lamentável. Quase meteu um gol contra, de coxa, fez a falta do primeiro gol, desabou na marcação do jogador do São Paulo na cobrança da falta e deixou o caminho livre pro Sabino. Como se não bastasse, foi sair na reta final da partida, pra entrada do Richard, ainda.
Bernabei teve a suposta proteção e de nada adiantou. O São Paulo atacava normal ali e ele não fez nada na frente. Até recebeu uma bola (em suposto impedimento, como não foi gol, não teve VAR) e quis meter pra rede devagarinho, botinho. Depois, errou quase tudo que tentou. Teve um lance que era ele e mais três, decidiu chutar fraquinho. Pouco inteligente, para dizer o mínimo.
Borré entrou no intervalo na vaga do Juninho, que foi terrível. Só que Borré também foi terrível. Na real, mal lembro de alguma jogada dele. Não fez nada que conseguisse agregar. Nem quando o Ricardo Mathias entrou, melhorou. Não era só parceria. É tudo no time que não tá funcionando.
Rochet até salvou uma cara a cara com o Tapia, verdade. De resto, falhou grotescamente quando saiu não saindo no primeiro gol e foi inseguro o jogo todo. Até o gol que a bola desvia no Juninho eu penso que, se fosse o prime dele, o Rochet pegaria. Não tem reflexo. Tá jogando sem condições. Está na cara.
Aguirre recebeu uma honraria de jogar porque chorou na rodada passada. Dessa vez, a torcida chorou com o nível da sua atuação.
Alan Patrick é o símbolo da falta de sangue dos jogadores. Ele tem futebol, lhe falta é todo o resto que um jogador precisa ter. Ele poderia não estar jogando bem, como não está. O que não se admite é seguir andando em campo como se nada estivesse acontecendo.
Como eu disse, caráter é inegociável. O D’Alessandro adora falar isso no bastidor. Não conseguiu fazer o elenco do Inter deixar de negociar isso.