
Gazeta Esportiva.com
·4 September 2025
Com investimentos milionários e estrutura de ponta, Mirassol vira sensação do futebol brasileiro

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·4 September 2025
A mais de 450 km da capital paulista, um clube emergente tem chamado atenção e trazido para si os holofotes de um país inteiro. O Mirassol, que carrega o nome da cidade de 65 mil habitantes, no interior de São Paulo, se tornou o orgulho da região e uma ameaça às potências do futebol nacional.
Logo em seu primeiro ano na Série A, o Leão ocupa o sexto lugar no Campeonato Brasileiro e acumula resultados bastante expressivos: venceu o São Paulo em pleno Morumbis, bateu o Corinthians, atropelou o Santos de Neymar e empatou com o Palmeiras dentro do Allianz Parque.
O desempenho do Mirassol na atual temporada surpreende, é claro. Nem nos melhores sonhos a alta cúpula do clube imaginava que, passado o primeiro turno do Brasileirão, a equipe verde e amarela estaria no G6, brigando por vaga na Libertadores. Mas, o que tem sido conquistado até aqui faz jus à estrutura que atletas e comissão técnica têm à disposição.
A Gazeta Esportiva viajou até Mirassol para tentar desvendar os segredos do grande sucesso do clube em 2025 e mostrar tudo o que, hoje, ele proporciona aos jogadores para se manter entre os melhores times do País.
CT do Mirassol
Em um espaço de 1,5 mil m², às margens da Rodovia Euclides da Cunha, que liga São José do Rio Preto ao Mato Grosso do Sul, o elenco do Mirassol trabalha diariamente tendo à disposição tudo o que há de mais moderno em equipamentos de preparação física, fisiologia e departamento médico.
Boa parte das instalações foram viabilizadas graças à venda de Luiz Araújo, hoje no Flamengo. Em 2017, o atacante, então jogador do São Paulo, foi comprado pelo Lille, da França, e por ter passado parte de sua formação na base do Mirassol, o clube do interior paulista teve direito a 30% da transferência, mais precisamente R$ 11,5 milhões.
Foi justamente com esse valor que o Mirassol iniciou um sonho que, anos mais tarde, se transformou em um grande alicerce do sucesso tanto a nível estadual quanto nacional.
São quatro campos de dimensões oficiais, todos de grama natural e um deles com uma arquibancada para 250 pessoas, 20 quartos duplos para o elenco profissional e outros 20 destinados às categorias de base, esses com capacidade para abrigar quatro atletas cada.
Além da academia principal, há uma academia exclusiva para a base, assim como os refeitórios. Banheiras de hidromassagem, piscina, sauna e até mesmo uma quadra de areia completam as instalações.
Investimento em tecnologia
Um dos trunfos do Mirassol é o alto investimento em tecnologia. Atualmente o clube conta com diversos equipamentos de última geração para tratar ou prevenir lesões, tendo a capacidade de acelerar o processo de recuperação de seus atletas e minimizar o prejuízo esportivo ao longo do ano.
Um dos equipamentos usados por todos os jogadores é um anel capaz de fornecer diversas métricas aos fisiologistas e preparadores físicos em relação o sono, humor, oxigenação, fadiga, entre outros.
Por exemplo: se o filho de um jogador acabou de nascer e suas noites de sono não têm sido as mesmas de antes, tendo de acordar de tempos em tempos para cuidar do bebê, todo o núcleo de saúde do Mirassol saberá exatamente o quanto esse atleta vem dormindo para traçar uma estratégia visando minimizar os reflexos dessa nova rotina em seu desempenho dentro de campo.
O clube também conta com um tanque de flutuação que, segundo a fabricante, o Fluminense é a única outra equipe do Brasil que dispõe desse equipamento. O atleta mergulha em uma água com sais de epsom, e uma hora dentro dessa cápsula equivale a cinco horas de sono, compensando a possível noite mal dormida por diferentes motivos.
Outro equipamento que se destaca é a esteira antigravitacional. Ela tem como função minimizar o impacto da corrida para atletas que estão se recuperando de lesões articulares, proporcionando a eles fazer movimentos que, naturalmente, seriam impensáveis e demorariam muito mais tempo para serem realizados.
Essa esteira é capaz de reduzir em até 100% o peso corporal do atleta. Assim, ele é capaz de correr mesmo não podendo sofrer qualquer tipo de impacto na articulação lesionada.
“Eu estive aqui para visitar o CT antes de acontecer o acerto, ano passado eu vim quando estava fazendo estágio em alguns clubes. Hoje, exercendo a função dentro do clube, é algo que impressiona, porque muitas vezes as pessoas não sabem o que tem aqui dentro, o que o clube luta todos os dias para oferecer o melhor para o atleta. Nós temos que nos valorizar, porque isso tudo a diretoria lutou a vida toda para proporcionar”, comentou Paulinho, ídolo do Corinthians e atualmente diretor executivo do Mirassol.
A alta tecnologia no CT do Mirassol se estende até a cozinha. Todas as refeições são preparadas sem óleo ou azeite e também sem qualquer tipo de chama. Sim, não há um fogão convencional ou industrial sequer no clube.
Os equipamentos utilizados pelos funcionários responsáveis pela alimentação dos atletas são programados de acordo com o tipo de comida que está sendo preparada, cumprindo até mesmo o tempo estipulado para que possa ser servido.
O feijão, por exemplo, pode ficar cozinhando de um dia para outro e, ainda assim, não há qualquer risco de queimar o alimento. Ou seja, o cozimento acontece no tempo determinado pelos funcionários e de acordo com a necessidade e a programação do clube.
O estádio
Não é apenas o CT do Mirassol que conta com altos investimentos da diretoria. O estádio José Maria de Campos Maia também passou por reformas significativas para receber os jogos da Série A do Campeonato Brasileiro.
Mais de R$ 14 milhões foram investidos para remodelar a fachada do estádio e melhorar a acessibilidade e a experiência não só dos torcedores, mas também das equipes que visitam o Mirassol ao longo da temporada.
Rampas de acesso e uma ampla entrada foram construídas no setor visitante, que tem tido uma alta ocupação com jogos de grandes equipes do futebol nacional, sobretudo os rivais paulistas, como Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos. Os banheiros, que eram uma das maiores críticas de quem frequentava o Maião, hoje são mais amplos, com capacidade de suportar um público bem maior.
O alambrado ao redor do gramado deu lugar a vidros. Camarotes na beira do campo foram construídos com tudo o que há de mais moderno para receber convidados. Outros espaços exclusivos foram inaugurados, como o camarote das famílias dos atletas, do clube visitante, em que não há qualquer contato com torcedores do Mirassol, além da instalação de cadeiras em praticamente todo o estádio.
Os holofotes do Maião passaram a ser três vezes mais fortes que os anteriores e capazes de promover um verdadeiro show de luzes antes das partidas.
Houve também melhorias nos vestiários, tanto do mandante quanto do visitante, e a construção de um mezanino no ponto mais alto do estádio para que empresários e pessoas importantes da região possam fazer relacionamento.
Todo cuidado é pouco e, por isso, a diretoria tem se esforçado para deixar o Maião irretocável. Não à toa, todos os jogos das categorias de base deixaram de ser disputados no local e passaram a ser levados para Bálsamo, a cidade vizinha.
Pés no chão e foco no longo prazo
Em meio a tantas melhorias e à euforia da torcida pelo momento para lá de especial que o time vem vivendo, a diretoria do Mirassol continua com a mesma mentalidade. Os pés sempre fincados no chão, sabendo que o orçamento que possui está longe de se equiparar ao das grandes potências do futebol brasileiro, mas a vontade de se tornar cada vez mais relevante não só a nível estadual, mas também a nível nacional é o combustível para o clube seguir desfrutando desse sucesso.
O caminho ainda é longo, as melhorias não param, mas é inegável o progresso feito até aqui. Hoje, o Mirassol é sinônimo de competência e motivo de orgulho para uma região que até pouco tempo atrás jamais imaginava se tornar protagonista no futebol nacional.
O foco, por enquanto, segue sendo a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro. O Mirassol ainda tem como meta chegar aos 45 pontos para, aí sim, poder sonhar mais alto dentro da competição. Porém, as expectativas agora são outras. Libertadores ou Sul-Americana, não importa. Fato é que, nessa toada, o Leão está cada vez mais próximo de dar seu cartão de visitas também a nível internacional.