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·28 October 2025
Conheça Jádson Viera, técnico brasileiro em ascensão no futebol uruguaio

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Quando o Nacional do Uruguai anunciou Jádson Viera como novo técnico, substituindo o demitido Pablo Peirano, a curiosidade não foi apenas pela troca no comando do vice-líder do Campeonato Uruguaio, mas pelo fato de o treinador ser brasileiro.
Nascido em Santana do Livramento, cidade que literalmente divide o Brasil do Uruguai (de um lado, Livramento; do outro, Rivera), Jádson é um exemplo raro de um técnico canarinho que construiu toda a sua carreira entre fronteiras.
Aos 44 anos, Jádson Viera carrega uma biografia peculiar: brasileiro de nascimento, uruguaio por formação futebolística e, hoje, cidadão das duas culturas. Como jogador, fez carreira majoritariamente no futebol uruguaio e argentino, atuando por clubes como Danubio, Lanús, Nacional e Defensor Sporting.
O único momento em que defendeu um time brasileiro foi em 2010, pelo Vasco da Gama, quando foi reserva de Dedé e dividia o vestiário com jovens promessas como Philippe Coutinho.
Após encerrar a carreira, Jádson rapidamente iniciou a transição para a beira do campo. Teve uma rápida passagem pelo brasileiro Internacional como auxiliar técnico, mas foi na Argentina que ganhou corpo como profissional: trabalhou ao lado de Alexander Medina no Talleres e no Vélez Sarsfield, onde participou da campanha que levou o clube à semifinal da Libertadores de 2022.
Mais recentemente, voltou ao Uruguai para ter seu primeiro desafio como treinador principal: comandar o Boston River. A equipe modesta, que costuma brigar na metade da tabela, passou por uma "revolução" sob o comando de Jádson e se tornou mais competitiva em todos os aspectos.
Com um jogo mais organizado, posicional e de intensidade na pressão alta, o Boston saltou na tabela e encerrou o Campeonato Uruguaio de 2024 num expressivo terceiro lugar, gerando uma vaga para disputa da pré-Libertadores.
Na sequência, porém, na fase que antecedia à fase de grupos da Liberta, o clube uruguaio acabou cruzando com o Bahia, foi eliminado pelos brasileiros e terminou por disputar a Copa Sul-Americana.
Jádson pertence à nova geração de técnicos do futebol uruguaio, influenciados por ideias modernas vindas da Argentina e da Europa, mas com um toque de pragmatismo local. Sua equipe costuma jogar em um 4-3-3 fluido, com saída de bola curta, laterais projetados e linhas compactas na recomposição.
A prioridade é o controle territorial e o ataque apoiado, buscando superioridade numérica no meio-campo. Ao mesmo tempo, há um cuidado com a transição defensiva, numa espécie de herança clara de sua época como zagueiro.
“A ideia é competir bem, mas sem abrir mão de jogar. Gosto de equipes intensas, que pressionam e mantêm a bola”, afirmou o treinador em entrevista recente ao canal oficial do Boston River.
A chegada de Jádson Viera ao comando do Nacional é simbólica. O clube, tricampeão da Libertadores e um dos maiores da América do Sul, raramente entrega o comando a um técnico estrangeiro, muito menos a um brasileiro.
Mas Jádson não é um estrangeiro típico: é um brasileiro moldado no futebol uruguaio, com identidade tática e emocional construída do outro lado da fronteira.
Sua trajetória reflete uma nova geração de treinadores sul-americanos, capazes de transitar entre culturas, metodologias e estilos. Se conseguir manter o Nacional no topo, Jádson pode se tornar não apenas o “brasileiro que deu certo no Uruguai", mas um nome a ser observado na cena continental.









































