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·9 July 2025
Martim Mayer: «Se cada adepto gastar 4 euros por mês, o Benfica terá 500 milhões para investir»

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·9 July 2025
Foi num Capitólio muito bem composto que Martim Mayer apresentou a sua candidatura à liderança do Benfica. O industrial, de 51 anos, é o quarto candidato conhecido, isto depois de João Diogo Manteigas, Cristóvão Carvalho e João Noronha Lopes também já terem manifestado a sua intenção de suceder a Rui Costa.
A cerimónia arrancou com uma intervenção de António Simões, figura histórico dos encarnados que é mandatário da candidatura de Martim Mayer.
«Estamos num momento importante para o clube e é preciso refletir e pensar sobre o que falta fazer. Em primeiro lugar agradeço ao candidato Martim, é uma honra ser seu mandatário. Ambos temos um sentimento profundo pelo nosso clube. Sei qual é o projeto e as ideias, por isso é que estou aqui. Para além disso, há a ligação sentimental ao avô do candidato, o antigo presidente Borges Coutinho. Não venho aqui para mendigar votos, mas estou à vontade para assumir o compromisso público que estamos perante gente séria e com paixão», frisou o antigo campeão europeu pelas águias.
Subido a palco, Martim Mayer começou por vincar o desejo de liderar uma «candidatura independente, livre dos interesses instalados e dos que se aproveitam do clube». De resto, o candidato foi ainda mais longe.
«É crítico e urgente criar uma estrutura altamente profissional, com cargos e tarefas bem definidos e na qual se possa avaliar em permanência todos os desempenhos. A nossa proposta irá estar estruturada para que assim seja. Vamos criar a posição de Diretor-Geral Executivo, que pensará e coordenará toda a estrutura de futebol: desde o modelo de jogo, ao perfil de treinador, diretores, mapas de sucessão… Assim tornaremos consistentes três vetores: a política de compra e venda de jogadores; a integração de jovens da formação na equipa principal- com retenção dos mesmos; e a plena coordenação entre o scouting e a formação e a equipa A, B e sub-23», destacou.
Sublinhando que pretende mudar o paradigma desportivo da grande maioria das modalidades- onde quer acabar com os contratos longos e priorizar atletas da formação-, o candidato apontou, agora no futebol, baterias ao aumento da capacidade do Estádio da Luz.
«Como sabemos, é muito difícil adquirir bilhetes para os jogos do Benfica e isto tem de mudar. Estamos a trabalhar com uma das maiores empresas do mundo em investimentos imobiliários e desportivos e em breve teremos pronto um estudo que indicará qual o melhor caminho para aumentar a capacidade do Estádio da Luz em 15/20 mil lugares. Para além disso, vamos criar uma direção de bilhética independente e tornar o processo simples», referiu.
Martim Mayer acrescentou ainda que pretende «publicar relatórios financeiros claros e acessíveis com as contas para que os adeptos possam consultar o estado financeiro do clube», reforçar as ligações com os PALOP, principalmente Angola e Moçambique, e criar «escritórios de representação na Suíça, França, EUA e Canadá». Ainda nesta vertente dos adeptos, apresentou uma visão ambiciosa. Citando a 'Bíblia do Benfica', o industrial referiu que, em 2010, o clube tinha mais de 13 milhões de adeptos espalhados pelo mundo: «Se cada adepto gastar por mês 4 euros- por ano 38,46 euros [n.d.r: 4 euros por mês representam 48 euros num ano e não 38,46 euros]-, o seu Benfica passaria a dispor da módica quantia de 500 milhões de euros para investir.»
Num dia em que Rui Costa solicitou a suspensão do processo da centralização dos direitos televisivos, Martim Mayer abordou este tema na sua cerimónia de apresentação da candidatura. Defendendo que, consigo, «o Benfica não abdicará de um cêntimo neste processo», o candidato explicou porque é que, na sua visão, tal não acontecerá.
«Todos os clubes envolvidos têm de aplicar as verbas que vão receber em infraestruturas que não têm ou que precisam de ser melhoradas. No entanto, o Benfica não precisa de fazer isso. Assim, em complemento com os valores que vai receber dos direitos televisivos, vai receber também uma verba para investimentos. No entanto, vai poder dela dispor como bem entender. A soma destes dois valores assegura um montante que é igual ou superior que está em vigor até 2026. Não nos devemos demitir, devemos liderar este processo e dar o nosso contributo para promover o futebol português. Para isto tenho preparada a criação de um gabinete de relações institucionais do clube», concluiu.
Recorde-se que, durante o dia, João Noronha Lopes e João Diogo Manteigas já se tinham pronunciado sobre esta temática: o primeiro contra Rui Costa e o segundo ao lado do atual presidente.
«A posição comunicada pelo Presidente do Sport Lisboa e Benfica, relativa ao projeto de centralização dos direitos televisivos, é, antes de mais, tardia. Nisso, é consistente com a postura que tem caracterizado a atual liderança do clube, cuja inação tem repetidamente negado ao Benfica o papel liderante que tem de assumir no futebol português. Só agora se percebeu que a centralização dos direitos televisivos, tal como a conhecemos, é um projeto sem viabilidade?», escreveu Noronha Lopes.
«A candidatura ‘Benfica Vencerá’ vem por este meio congratular a direção do Sport Lisboa e Benfica pela tomada de decisão que consideramos ser essencial à defesa dos interesses da instituição», podia ler-se no comunicado de João Diogo Manteigas.