Jogada10
·16 December 2025
Oposição do Palmeiras pede “modernização democrática” no clube

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·16 December 2025

Diante de uma movimentação por um possível terceiro mandato de Leila Pereira, a oposição do Palmeiras se articula para tentar estremecer o cenário político. Às vésperas da reunião do conselho deliberativo do clube, que acontece nesta terça-feira (16), um grupo divulgou uma nota pedindo uma modernização democrática no Verdão.
Em um artigo enviado à coluna da jornalista Alicia Klein, do portal Uol, o conselheiro Luiz Fernando Marrey Moncau considerou retrógada a pauta de ampliação da reeleição presidencial, além de classificar a manobra como golpista. Moncau aponta que a ideia busca benefícios inviduais e não ao clube.

Leila Pereira tentar um terceiro mandato na presidência do Palmeiras – Foto: Reprodução/instagram
O artigo defende que o Palmeiras precisa por algo que o conselheiro considera uma “modernização democrática”. No movimento, o clube passaria por mudanças que levariam em conta a profissionalização, a transparência, a melhor governança, a democracia e a responsabilidade.
Enquanto a Sociedade Esportiva Palmeiras ainda disputava títulos, a discussão política do clube esteve desviada para a pauta retrógrada da ampliação da reeleição presidencial – um caminho que comprovadamente não beneficiou nenhum clube. É imperativo que o Palmeiras e suas forças políticas despertem para rejeitar e enterrar qualquer desvio golpista.
Mas mais do que isso, é fundamental mostrar que existe uma outra agenda para o clube. Uma agenda que pode aprofundar a modernização, a profissionalização e a democratização do Palmeiras. O futuro da SEP precisa ser regido por processos sólidos e transparentes, e não depender de qualquer indivíduo (seja quem for).
Essa agenda, que chamo de uma agenda de modernização democrática, precisa congregar todos aqueles que buscam gestões profissionais e transparentes, isolando quem ainda usa o futebol para avançar interesses pessoais. O Palmeiras não precisa de remendos estatutários para beneficiar indivíduos, mas sim de uma estrutura que o prepare para as próximas décadas.
O caminho para essa modernização se apoia em pilares básicos e não é necessário reinventar a roda: mais profissionalização, mais transparência, melhor governança, mais democracia e participação, e mais responsabilidade e fiscalização, detalhados abaixo:
O estatuto da SEP deve impor que todos os departamentos que servem ou auxiliam o futebol profissional (Marketing, Jurídico, Comunicação, Compliance, Relações Institucionais, etc.) sejam comandados por profissionais de mercado, empregados do clube. O sucesso recente do futebol se deu após essa transição; é o momento de estender essa profissionalização a toda a estrutura institucional.
Transparência deve ser uma obrigação estatutária. Todos os atos de gestão devem ser documentados e publicizados de forma razoável. Atas de reuniões do Conselho e do COF devem estar acessíveis (excluindo informações estratégicas). A publicação de balancetes mensais deve ser uma obrigação, não uma prática discricionária do gestor.
A governança implica aprimorar as regras dos poderes do clube. O Palmeiras precisa de um código de ética para o Conselho, um regimento interno e regras eleitorais claras. A ausência dessas normas permitiu problemas como a distribuição personalista de presentes e o abandono de urnas eletrônicas.
Melhorar a governança significa também ter regras para evitar conflitos de interesses, especialmente se gestores decidirem investir, adquirir ou fazer negócios com outros clubes de futebol, garantindo a proteção do sigilo de negócios e das metodologias de trabalho da SEP. Significa também ter um departamento de compliance independente, canais de denúncia anônima e auditoria interna desconectada das forças políticas do clube, bem como impedir que conselheiros que atuam como diretores votem nas contas da gestão de que participam.
Avançar na democracia exige incorporar o sócio-torcedor Avanti em processos de decisão. Implica também ampliar o colégio eleitoral, garantindo que mais mulheres possam votar e ser eleitas, conforme já proposto em 08 março de 2024 por conselheiros e conselheiras da oposição. É essencial revisitar o papel e o tamanho do Conselho Deliberativo, que hoje essencialmente chancela decisões da gestão. Com 300 cadeiras, sendo 120 vitalícias (quase metade), sua estrutura está desproporcional. Seria um avanço reduzir o número total de cadeiras (para 200 ou 100), e limitar a representação vitalícia a um máximo de 25%. Outra medida a ser discutida seria destinar 25% dessas cadeiras ao sócio-torcedor Avanti, ou criar um conselho específico para que o gestor preste contas sobre o futebol ao sócio-torcedor. Por que não?
A responsabilidade por atos de gestão é crucial e o Palmeiras pode seguir outros clubes, estabelecendo que administradores podem responder com seus próprios bens por prejuízos causados à instituição. De igual forma, a responsabilidade fiscal também pode ser estabelecida em estatuto, prevendo a punição gestores que venham a sonegar tributos e, inclusive, impedindo que assumam novos cargos de gestão no clube.
Existe um caminho para continuar a modernizar a SEP e este caminho não depende da eternização no poder de qualquer indivíduo. Regras de alternância de poder existem para formar novas lideranças, oxigenar o clube e evitar que grupos se enraízem no poder. Perpetuar reeleições é seguir o caminho que deu errado no Palmeiras e em todos os clubes. O sucesso recente da SEP, aliás, tem origem em uma fórmula diametralmente oposta: organização e a pressão por mais democracia e pelo voto direto dos associados.
Para que essa agenda de modernização democrática avance, as lideranças políticas e institucionais precisarão exercer seus papéis com altivez. Será necessário um realinhamento político em torno de uma visão de futuro mais moderna e democrática.
Sabemos que o Palmeiras é de todos e não tem dono. Sua política estará à altura de sua grandeza?









































