Tensão fora de campo: falas de Memphis e Fabinho revelam polêmicas no Corinthians | OneFootball

A comemoração pelo título da Copa do Brasil não foi suficiente para esconder um cenário de desconforto interno no Corinthians. Ainda no Maracanã, após a final, as manifestações públicas de Memphis Depay e do executivo de futebol Fabinho Soldado escancararam críticas à condução política do clube e deixaram evidente a existência de conflitos nos bastidores. A apuração é do GE.

Fabinho Soldado, dirigente do Corinthians – Foto: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Sem citar nomes, o camisa 10 deixou claro que vê atitudes internas como prejudiciais ao crescimento do Corinthians. Em entrevista no gramado, o holandês adotou tom duro ao cobrar mudanças na diretoria e pediu a saída de quem, segundo ele, atrapalha o clube. “Pessoas na diretoria precisam acordar. Eu sei exatamente de quem eu falo, e eles sabem exatamente quem são”, afirmou, antes de completar que o Corinthians precisa ter ambição permanente por títulos nacionais e continentais.

A insatisfação de Memphis não se limitou à entrevista. No vestiário, após a vitória sobre o Vasco, o atacante voltou ao tema em conversa com jogadores e funcionários. Ele criticou o vazamento de detalhes de seu contrato e mencionou a pressão interna sofrida por Fabinho Soldado, classificando o ambiente político como desgastante.

Nos bastidores, o principal foco de incômodo do holandês é a exposição de informações contratuais, interpretada por ele como tentativa de desgaste público. Pessoas próximas ao jogador apontam que a desorganização política e disputas internas minam sua confiança na estrutura do clube. Entre os nomes citados de forma reservada está o vice-presidente Armando Mendonça, com quem Memphis não teria relação de confiança.

Memphis Depay usa uma faixa escrito “F* a política” após título da CDB — Foto: Reprodução/Instagram

Armando, por sua vez, nega qualquer conflito e rechaça a acusação de envolvimento em vazamentos. Segundo ele, as críticas do atacante não foram direcionadas pessoalmente. “Quando o Memphis fala de diretoria, ele se refere ao ambiente político como um todo. Tenho convicção de que nunca faltei com respeito a ele ou a qualquer profissional do clube”, disse. O dirigente também afirmou defender o cumprimento integral do contrato do jogador e sua valorização como ativo do Corinthians.

Outro ponto sensível envolve o contexto político recente do clube. Memphis e Fabinho foram contratados durante a gestão de Augusto Melo, afastado por impeachment. Na avaliação de pessoas próximas ao atacante, essa ligação faz com que ele seja visto como herança indesejada por parte de setores da atual política alvinegra.

Fabinho Soldado vive situação semelhante. O executivo afirma sofrer pressão constante de conselheiros que defendem sua saída e questionam sua atuação. Ele se sente enfraquecido internamente e incomodado com a atuação de comissões políticas que, em sua visão, ultrapassam o papel consultivo e interferem no futebol. “Existe uma pequena minoria que parece só querer atrapalhar o clube”, declarou, ao reconhecer que há conselheiros comprometidos, mas também grupos que atuam de forma individual.

Entre os alvos das críticas está a Comissão de Futebol, formada por conselheiros e frequentemente apontada como foco de ingerência. O grupo tem como figura mais influente Francisco Papaiordanou, aliado do presidente Osmar Stabile, que evita comentar o assunto.

Com contrato vigente por mais uma temporada, Fabinho não assegura permanência em 2026 e condiciona qualquer continuidade a maior autonomia e respaldo institucional. “Minha vontade sempre foi ficar, mas precisamos entender qual é o planejamento e se há ambiente para trabalhar”, afirmou.

O presidente Osmar Stabile tenta reduzir a temperatura do debate. Ele afirma que as comissões apenas sugerem ações e reforça que decisões administrativas cabem exclusivamente à presidência. Sobre Memphis, Stabile disse que pretende se reunir com o jogador para compreender as queixas e buscar alinhamento interno. “A gente precisa sentar, conversar e entender onde estão as dores para resolver”, concluiu.