AVANTE MEU TRICOLOR
·7 November 2024
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·7 November 2024
Plano interno é inaugurar nova casa no centenário. Vai dar tempo? (Rebeca Reis/Agência Paulistão)
RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo
Na última semana chamou a atenção a fala até certo ponto pessimista do diretor de marketing do São Paulo, Eduardo Toni, sobre a reforma do Morumbi, projeto desenvolvido em parceria com a WTorre e que o prazo desejado pelo clube tricolor para a entrega é em 2030, ano de seu centenário.
"Ainda não temos nada para apresentar para o torcedor. É importante explicar que nós temos um acordo inicial com a WTorre, em que ela tem até o fim deste ano para apresentar ao São Paulo um projeto completo de reforma e ampliação do Morumbi. Para ser apresentado o total: custos, design, parcerias, modelo de negócio… isso deve ser apresentado para o São Paulo até o fim do ano, e, aí, nós temos um período de entendimento e análise interna", disse Toni
"Havendo isso… primeiro, vai passar pelos órgãos internos do São Paulo. Nós vamos aprovar em todos os conselhos, aprovar com a coletividade são-paulina interna, com sócios… depois, no segundo momento, nós vamos mostrar isso para toda a torcida do São Paulo. Então, imagino que esse processo de apresentar para toda a coletividade seja para o primeiro trimestre do ano que vem. Nós temos até o final deste ano para fazer isso", completou.
O AVANTE MEU TRICOLOR foi apurar a quantas anda a reforma do estádio são-paulino. Afinal, de certo modo, o andamento das coisas desde o começo do ano de fato caminha de maneira lenta. Na parte do clube, propriamente dito, já que as obras do poder público no entorno, mais precisamente do Córrego Antonico, que passa sob o palco, iniciadas no primeiro trimestre e que seriam uma espécie de gatilho para o andamento do projeto, estão a todo vapor, como faz questão de mostrar o presidente Julio Casares semanalmente em suas redes sociais.
O que falta então? Muita coisa...
A começar pela própria WTorre, parceira também dos rivais Palmeiras e Santos, a construtora já vem buscando investidores para o novo Morumbi no mercado afim de conseguir captação de dinheiro para a reforma. Reuniões já ocorreram, mas sem a apresentação formal do projeto, que deve ser finalizado só na virada do ano.
Isso porque nos bastidores, São Paulo e a construtora tem divergências sobre diversos pontos que precisam ser alinhados.
Questões como a utilização do espaço nos dias sem jogos, comprometimento financeiro a longo prazo, realização de shows...
Há resistência interna do Conselho Deliberativo sobre a aprovação dos projetos iniciais da construtora. O maior deles seria a adoção do gramado sintético, preferência da WTorre para que o gramado não sofra grandes prejuízos após eventos, mas algo que é carta fora do baralho na cabeça dos cardeais tricolores.
Também dificulta o avanço da reforma uma cláusula da WTorre que pede a liberação do estádio para shows a cada dois meses, outro ponto de divergência.
São itens debatidos entre as partes causam estranhamento até entre conselheiros apoiadores de Casares, por serem questões tidas como inegociáveis pelo lado tricolor.
Para os mais atentos, basta notar que são exatamente as contra-partidas polêmicas acertadas pelo rival Palmeiras para a sua arena. E que via de regra é alvo de reclamações (e piadas) por parte dos são-paulinos.
O São Paulo não cede nesses dois aspectos. Quer a grama natural (até pelo fato de Casares ser defensor da ideia de se vetar piso artificial no Brasil) e manter a autonomia sobre quando jogar na própria casa. Para isso, justifica a assinatura de contrato com a Live Nation, promotora de eventos que agenda shows para o Morumbi em datas discutidas com o próprio clube.
Além disso, São Paulo e WTorre não definiram ainda questões como número de cadeiras a serem repassadas à construtora.
Outros assuntos que ainda estão sendo discutidos a respeito da reforma são o tombamento do estádio
Estima-se um custo da obra entre R$ 500 milhões e R$ 800 milhões.
O AMT revelou mês passado que o projeto escolhido entre Casares e WTorre para o Morumbi seguirá mesmo a base usada pelo River Plate, da Argentina. A construtora vem avaliando junto às autoridades de São Paulo a viabilidade de fazer setores populares atrás dos gols para que torcedores possam assistir aos jogos em pé.
Entre o fim de 2022 e o começo do ano passado, o River simplesmente acabou com a pista de atletismo ao redor do gramado e criou para o lugar dois setores. A geral, atrás dos gols, será específica para suas barras bravas (como são chamadas as torcidas organizadas do país vizinho), sem assentos. Terá 23,3 mil lugares. Nas partes centrais, a ampliação das cadeiras numeradas e de sócios deixou os espaços com capacidade total de 57,7 mil pessoas.
Com as reformas, a casa do tradicional time portenho virou o maior estádio da América do Sul, com cerca de 83,2 mil de capacidade. O Morumbi, que já foi o maior campo de futebol particular do mundo, atualmente é o quinto da relação continental, para um público de 66.795 espectadores.
O CASO
O São Paulo assinou em dezembro contrato com a WTorre para reforma do estádio do Morumbi. O acordo prevê o prazo de seis meses para a construtora apresentar um projeto de modernização para apreciação do clube.
A WTorre é quem ergueu e administra a arena do rival Palmeiras. Também é quem negocia a reforma da Vila Belmiro com outro rival, o Santos. Mas o contrato com o Tricolor será diferente dos dois.
A reforma prevê aumentar a capacidade para receber até 100 mil pessoas em shows — atualmente, o estádio comporta cerca de 80 mil pessoas. Em dias de jogos, o local terá espaço para cerca de 85 mil espectadores.
De concreto até agora no projeto estão os planos para se construir um anfiteatro modular com capacidade para até 20 mil pessoas, no espaço do portão 1 do estádio, a entrada principal na Praça Roberto Gomes Pedrosa, onde poderão ser realizados eventos esportivos e palestras, sem impacto no gramado.
Será criado também um estacionamento para cerca de 2 mil veículos, que poderá ser usado pelos sócios do clube.
O projeto são-paulino difere de Palmeiras e Santos pelo fato de que a WTorre não será dona do estádio, mas terá participação nas receitas.
A reforma do Morumbi é assunto na pauta do São Paulo desde que Julio Casares assumiu a presidência, em 2021.
O São Paulo espera o poder público realizar o mutirão de obras previstas para a região do Morumbi, como canalização dos afluentes da bacia do Córrego Morumbi, entre eles o rebaixamento do Córrego Antonico, que passa embaixo do estádio, e também a construção de piscinões e cisternas. As obras foram lançadas no final de fevereiro.
Desde os anos 1990 há falas das diretorias do São Paulo sobre reformas estruturais profundas no Morumbi. A última de grande impacto foi em 2008, na gestão Juvenal Juvêncio, quando se prometia cobrir todo o setor das arquibancadas e também construir estacionamento. Sem a inclusão do estádio na Copa do Mundo de 2014, os planos foram engavetados.