
Gazeta Esportiva.com
·20 de agosto de 2025
1.391 jogos: Fábio, o goleiro que parou o tempo

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·20 de agosto de 2025
Quando Fábio começava sua carreira, Vinícius Júnior e Rodrygo, astros do Real Madrid e da Seleção Brasileira, ainda não eram nascidos. Hoje, depois de 28 anos como profissional, ele se torna o jogador com mais partidas disputadas na história do futebol: 1.391… e contando!
Fábio Deivson Lopes Maciel também desafia outras marcas de longevidade: completará 45 anos em setembro, mas continua brilhando no Fluminense.
Na noite de terça-feira, na vitória do Tricolor por 2 a 0 sobre o América de Cali, que confirmou a classificação do time carioca para as quartas de final da Copa Sul-Americana, o veterano goleiro foi homenageado no Maracanã por ter superado a marca de 1.390 jogos, que segundo o Guinness Book pertencia apenas ao ex-goleiro inglês Peter Shilton, ativo entre 1966 e 1997.
Com 1,88 metro de altura, Fábio nunca jogou em clubes do exterior, ao contrário de outros grandes goleiros brasileiros como Taffarel, Dida, Júlio César e Alisson, mas deixou sua marca.
“É o melhor goleiro do Brasil!”, cantavam os 35 mil torcedores presentes no Maracanã.
Alguns até compraram um copo comemorativo com o rosto do jogador nascido em 1980 em Nobres, cidade de 15 mil habitantes no Mato Grosso.
Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
“Em vários fundamentos eu sou muito melhor, porque venho numa evolução, tanto minha como da preparação, e sempre me corrigindo, sempre me motivando a melhorar, independente de quantos anos eu já joguei”, confessou Fábio em entrevista à AFP durante a Copa do Mundo de Clubes, na qual, apesar de ser o jogador mais velho, foi fundamental para o Fluminense chegar à semifinal.
Embora muitos tenham dado sua carreira como encerrada em diversas ocasiões, o tempo provou que sua perseverança estava certa: participou do primeiro título do Flu na Copa Libertadores (2023) e na Recopa Sul-Americana (2024).
O atual técnico da equipe, Renato Gaúcho, considera “um presente” trabalhar com ele: “Ninguém alcança tantos jogos sem um nível de profissionalismo assim”.
Mas não era fácil imaginar que ele teria essa trajetória quando crescia no sítio de sua família no Mato Grosso.
Fábio começou no futebol através de seu pai, que tinha um modesto clube local chamado Ecoplan. Era mascote do time, mas também engraxava chuteiras, levava água para os jogadores e preparava os uniformes.
“Era muito engraçado, pois ele sempre reclamava de fazer essas coisas (…) Ele virava as costas e falava ‘tudo eu, tudo eu’, mas sempre acabava cedendo”, lembra em entrevista ao portal Globo Esporte um ex-atacante do Ecoplan, Aguinaldo Soares.
Foto: Chandan Khanna / AFP
A estreia como profissional aconteceu em 1997, pelo extinto União Bandeirante, do Paraná, onde fez 30 jogos.
No ano seguinte, foi para o Athletico Paranaense, sem ter sido titular. Depois, teria uma primeira passagem, sem muito sucesso, pelo Cruzeiro.
A carreira de Fábio decolou no Vasco, que defendeu em 150 jogos entre 2000 e 2005, até seu talento explodir quando retornou ao Cruzeiro.
No total, foram 976 jogos pelo clube mineiro, onde permaneceu até 2022, quando a diretoria ‘Celeste’ decidiu não renovar seu contrato, o que o levou ao Fluminense.
No Tricolor carioca, já são 235 jogos, que não devem parar por aí. Fábio tem contrato até o final de 2026. Na soma, por enquanto, são 1.391 jogos no futebol profissional.
Por outro lado, há discrepâncias quanto ao número de jogos de Peter Shilton: a IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol) dá ao inglês 1.407 partidas, que incluem 13 jogos com a seleção Sub-23 da Inglaterra quatro amistosos.
Shilton, também conhecido por ser o goleiro que sofreu o histórico gol da “Mano de Dios” de Maradona, na Copa do Mundo de 1986, afirma que fez 1.387 jogos na carreira.
Lacuna
Religioso e pai de três filhos, Fábio tem uma única lacuna na carreira.
Nunca jogou pela Seleção Brasileira, apesar de ter feito parte do elenco campeão da Copa América de 2004.
Ele vestiu a ‘Amarelinha’ nas categorias de base. Conquistou o Mundial Sub-19 de 1997, com Ronaldinho Gaúcho entre seus companheiros, e foi ao Mundial Sub-20 em 1999. Mas Fábio não guarda rancor.
“Só tenho motivos para agradecer a Deus”, comentou o goleiro durante a homenagem que recebeu no Maracanã. “É uma satisfação enorme”.