Esporte News Mundo
·21 de noviembre de 2025
Gabriel Jesus fala sobre Palmeiras, Seleção e detona futebol brasileiro: ‘Máquina de moer jogador’

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·21 de noviembre de 2025

Houve um período em que Gabriel Jesus evitava certos assuntos. A ausência do pai, a pressão que viveu na Copa de 2018 e a onda de críticas que se seguiu eram temas que pesavam.
Hoje, prestes a voltar aos gramados após dez meses afastado por uma lesão no joelho esquerdo, o atacante de 28 anos mostra outra postura: mais maduro, guiado pela fé e fortalecido pela convivência com os filhos, Daniel e Helena.
Em Londres, onde vive há quase dez anos, o jogador do Arsenal concedeu entrevista ao Globo Esporte para uma conversa de quase uma hora e meia.
Entre passeios de bicicleta, idas ao parque e a rotina discreta que a capital inglesa permite, ele revisitou momentos marcantes da carreira, falou da relação com Pep Guardiola e Mikel Arteta, refletiu sobre o futebol brasileiro e reforçou um desejo antigo: voltar ao Palmeiras. “Vai acontecer”, prometeu.
Depois do afastamento mais longo da carreira, Jesus se diz preparado para recomeçar. A lesão, que inicialmente parecia leve, só foi percebida em sua gravidade após exames. “Continuei jogando por uns 15 minutos sem saber que tinha machucado o joelho inteiro. Quando recebi a notícia, caiu a ficha”, contou.
O período fora, porém, trouxe algo positivo: tempo com a família. Seu filho nasceu enquanto ele se recuperava no Brasil, e ele pôde acompanhar momentos que não viveu com a filha mais velha. “Foi difícil ficar sem jogar, mas na vida pessoal fui muito feliz”.
Jesus afirma que o suporte emocional e a percepção de que “ainda é jovem” o ajudaram a encarar a recuperação com leveza. A previsão médica era de 12 meses, mas ele retornou aos treinos em dez.
O atacante não esconde que pensa na Copa de 2026. “Acredito que é possível, para mim e para quem não vem sendo convocado”. Ele fala com naturalidade sobre a concorrência, que considera sempre forte no Brasil, e volta ao tema inevitável: a Copa de 2018.
Aos 21 anos, ele viveu uma responsabilidade pesada como camisa 9, sem marcar gols no torneio. A pressão o machucou, mas também o fortaleceu. A virada de chave veio quando ele decidiu rever os jogos e analisar seu desempenho. Uma entrevista de Grafite, dizendo que Jesus sequer teve chances claras, também contribuiu para aliviar o peso. “Se eu tivesse me levado por tudo o que falaram, talvez não estivesse no Arsenal hoje”.
A Copa de 2022 foi mais leve, até a lesão que o tirou do Mundial. E embora não se considere vilão de 2018, ele reconhece que muitos no Brasil buscam culpados em derrotas, algo que diz não concordar.
Sobre o lance polêmico com Kompany, contra a Bélgica, é categórico: “Foi pênalti claro. Ele mesmo admitiu depois”.
Gabriel se adaptou à vida britânica, e isso ampliou sua percepção sobre o país natal. “Passei a admirar ainda mais o Brasil. Nosso clima, nossa comida, nossa alegria. Mas aqui a estrutura está à frente”. Ele destaca pequenas diferenças que fazem parte da rotina, como a presença de parques a poucos minutos de casa, algo raro em regiões periféricas brasileiras, como o Jardim Peri, onde cresceu.
A liberdade que encontra em Londres, ele diz, é impensável no Brasil. Anda de bicicleta, vai a restaurantes, usa transporte por aplicativo. “Se fosse um motorista corintiano no Brasil, talvez brigasse comigo”, brincou. “Aqui, no máximo, pedem para eu ir para o Tottenham”.
Jesus faz um paralelo constante entre Inglaterra e Brasil. A cobrança no país natal, para ele, ultrapassa o campo. “No Brasil, se perder um jogo, você não pode ir jantar, não pode estar num restaurante. Aqui é normal. A gente fica triste com a derrota, mas a vida segue”.
Ele diz entender o torcedor, mas lamenta a falta de limites. “Organizo a festa da minha filha com três meses de antecedência… daí tem clássico perto da data e eu preciso cancelar? É complicado”.
Trabalhar com Pep Guardiola marcou profundamente sua carreira. Jesus descreve o ex-treinador como um perfeccionista incansável. “Ele é intenso. Para o bem do futebol, talvez nem tanto para a saúde dele”, diz. O espanhol corrigia gestos mínimos, como a forma de dominar a bola, algo que hoje se tornou automático para o atacante.
Ele também se lembra do episódio que o fez pensar em sair do Manchester City, quando Guardiola improvisou um lateral como falso 9 no dia do jogo. “Chorei, pensei em ir embora. Mas sou grato a ele. Aprendi muito”.
Jesus evita se rotular como camisa 9 clássico. Sabe que sua função vai além de empurrar a bola para o gol. “Gol é importante, claro, mas também crio jogadas, faço outras ações ofensivas”, explica. Ele reafirma que pode atuar tanto pelo centro quanto aberto, algo que Arteta, profundo conhecedor do método Guardiola, aproveita no Arsenal.
A frase que dá o tom de uma de suas análises mais duras sintetiza sua visão: o Brasil revela talentos em abundância, mas também os descarta com rapidez. Falta continuidade para jogadores e treinadores. Cita Endrick, por exemplo, que fez gols, perdeu espaço e deixou de ser convocado. “Na Seleção, é difícil ter sequência. E isso pesa.”
Ele vê bons nomes no ataque, como Matheus Cunha, Vitor Roque, Pedro, Richarlison, João Pedro, mas diz que o ciclo ainda está aberto.
Os olhos de Jesus estão voltados ao retorno aos jogos e, depois, à Seleção. Porém, há um desejo que atravessa toda sua carreira: reencontrar o Palmeiras. A vontade é pública e reafirmada. “Vai acontecer”, garante.
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