Ivkovic, o guarda-redes que ganhou uma aposta a Maradona: «100 dólares em como defendo o teu penálti» | OneFootball

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·30 de septiembre de 2025

Ivkovic, o guarda-redes que ganhou uma aposta a Maradona: «100 dólares em como defendo o teu penálti»

Imagen del artículo:Ivkovic, o guarda-redes que ganhou uma aposta a Maradona: «100 dólares em como defendo o teu penálti»

Foi uma eliminatória sem golos, decidida na lotaria das grandes penalidades. Mas uma noite em Nápoles, em 1989, com o Sporting à mistura, entrou para o currículo de um dos maiores génios de sempre do futebol.

Diego Armando Maradona, campeão do mundo e símbolo maior do Napoli, viu o seu penálti ser defendido por Tomislav Ivkovic, guarda-redes dos leões.


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Uma defesa que deu que falar, não só em Portugal, mas por toda a Europa, e por quê? Por tudo o que se sucedeu pré e pós-defesa. Ivkovic decidiu desafiar, em terra de D10S, a sua majestade.

No momento em que Diego aconchegava o esférico antes mesmo de o pontapear com a canhota, o guardião da antiga Jugoslávia sugeriu uma aposta.

«100 dólares em como defendo o teu penálti! Aceitas?». Maradona sorriu e confirmou. O resto? É história, e o zerozero traz-lhe todo o episódio pela visão do intérprete principal.

«Ambiente do San Paolo? Parecia uma Guerra Mundial»

Recuemos ao princípio. A memória do croata começa logo na chegada ao estádio, um momento digno de filme. «Chegámos ao estádio e o mais importante foi logo a chegada do Maradona. Ele apareceu com a família toda, num minibus, parecia uma procissão. Nunca tinha visto tanta gente a acompanhar alguém. Era um acontecimento, quase um espetáculo à parte», recorda.

A imagem do craque argentino também está gravada na memória do guardião que, diga-se de passagem, fala um português exemplar: «No primeiro jogo, em Alvalade, tinha chegado com uma barba enorme, estava pesado [Maradona começou essa partida no banco]. Duas semanas depois já estava completamente diferente, em forma para jogar. Parecia outra pessoa.»

E como é que se prepara um inferno napolitano com 80 mil vozes que parecem conseguir sair do lugar, ultrapassar a pista olímpica que separa as bancadas do relvado e chegar aos ouvidos dos jogadores? «Uma hora antes do jogo já havia milhares no estádio. O nosso preparador físico, búlgaro, teve a ideia de entrarmos cinco ou seis minutos mais cedo para o aquecimento, só para o público nos assobiar. Ele sabia que nos tínhamos de preparar para a guerra.»

Ali Hassan, colega de equipa, comparou recentemente o barulho do San Paolo a «um enxame de abelhas junto ao ouvido» [pode ler AQUI]. Ivkovic confirma: «Parecia uma Guerra Mundial. Eles apoiavam a equipa de uma forma inacreditável e transformavam aquilo num caldeirão

«O Maradona deu-me os 100 dólares e ainda me deu a camisola dele»

Com o 0-0 a persistir após 120 minutos, o jogo foi para grandes penalidades. Foi aí que Ivkovic viveu o momento que o ligaria para sempre à história do futebol... e de Diego. «Quando o Maradona pegou na bola, eu fui falar com ele. Disse-lhe: 'Queres apostar que vou defender?' O árbitro estava ali, a sorrir. E ele aceitou: 'Ok, pode ser.'»

O estádio estava «em delírio, 80 mil pessoas a assobiar». Veio a corrida de Maradona, o remate, e a defesa de Ivkovic. O guarda-redes não escondeu o sorriso e acenou-lhe de imediato. «Sim, disse-lhe ali mesmo: 'Perdeste a aposta'.»

Paulinho Cascavel, que também participou na decisão da marca dos onze metros, corroborou ao zerozero a versão do companheiro: «O Ivkovic defendeu e foi logo falar com ele, o Maradona abanou a cabeça afirmativamente como quem diz: 'Sim, perdi a aposta.'»

A história não terminou com a defesa. Minutos depois, com o Sporting já eliminado, Maradona foi até ao balneário leonino para cumprir o combinado. «Pagou-me logo os 100 dólares e ainda me deu a camisola dele», recorda Ivkovic.

«Trocava aquele penálti por uma passagem à meia-final do Mundial, sem pensar duas vezes [foi eliminado pela Argentina de Maradona nos quartos do Itália '90]. Mas foi um momento único da minha carreira», admite o antigo guarda-redes, com um misto de orgulho e nostalgia. Pese embora também exista espaço para uma pequena mágoa: «A camisola não sei onde está».

«Uma vez sportinguista, sportinguista para sempre»

Apesar de o jogo em Nápoles ser o mais lembrado, Ivkovic não esquece que a eliminatória começou em Alvalade. «Podíamos ter ganho em Lisboa, não aproveitámos aquele momento, não muito bom do Nápoles. E depois foi a lotaria dos penáltis. Faltou sorte.»

Mais de três décadas depois, Ivkovic continua a sentir o Sporting no coração. «Uma vez sportinguista, sportinguista para sempre», diz sem hesitar. Mas alerta que o desafio que os leões têm agora é de alto risco.

«O Nápoles tem um treinador muito tático, muito exigente. Prepara tudo ao pormenor. O Sporting está numa fase de adaptação, com novos jogadores. Tem um bom treinador. É preciso tempo para chegar ao melhor nível, mas é possível.»

Para quarta-feira, o antigo guarda-redes deixa uma esperança: «Que seja um grande jogo e que o Sporting consiga trazer o melhor resultado.»

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