MP-SP denuncia Andrés Sanchez novamente e cobra novo ressarcimento ao Corinthians | OneFootball

Por Tiago Salazar e Thais Bueno

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ofereceu, na última sexta-feira, uma nova denúncia contra o ex-presidente Andrés Sanchez e o gerente afastado do Corinthians, Roberto Gavioli. Ambos foram denunciados pelos crimes de lavagem de dinheiro e crimes tributários. O órgão cobra, ainda, um novo ressarcimento financeiro ao clube do Parque São Jorge.

A nova denúncia do MP-SP diz respeito a supostos gastos pessoais de Andrés Sanchez no cartão corporativo do Corinthians entre os meses de agosto e setembro de 2020, seu último ano de gestão. Entre as despesas consideradas suspeitas, estão a compra de móveis residenciais e eletrodométicos, além do pagamento de um serviço de táxi aéreo no valor de R$ 30,7 mil.

Tais despesas apontadas pelo Ministério Público, entretanto, não são novidades. Conforme revelado pela Gazeta Esportiva em outubro deste ano, a Comissão de Justiça do Corinthians identificou 50 gastos considerados suspeitos, que totalizam R$ 190.523,54 e que não teriam relação com os compromissos de um presidente. Entre os gastos, estão os valores citados na nova denúncia do órgão.

(Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

A denúncia, por sua vez, entende que as notas fiscais dos produtos adquiridos pelo ex-presidente não foram emitidas em nome do Corinthians para esconder a origem dos recursos. Já no caso do serviço de táxi aéreo, a nota foi emitida no nome de Andrés Sanchez, apesar do pagamento ter sido feito com dinheiro do clube, segundo identificado pelo MP-SP. De acordo com a promotoria, tais ações configuram “lavagem elementar”.

Ex-gerente financeiro do Corinthians na gestão Andrés, Roberto Gavioli também foi denunciado novamente pelo Ministério Público por omissão. O ex-dirigente tinha como dever fiscalizar as faturas e não o fez, segundo o órgão.

MP-SP pede ressarcimento ao clube

Por meio da denúncia do Ministério Público, o promotor Cássio Roberto Conserino solicitou que Andrés Sanchez e Roberto Gavioli ressarçam o Corinthians, por danos morais ao clube, com um montante que gira em torno de R$ 101 mil. O órgão ainda pede o bloqueio dos bens dos ex-dirigentes.

Cabe agora aguardar se a denúncia apresentada à 2ª Vara de Crimes Organizados, Lavagem de Dinheiro e Crimes Tributários de São Paulo será acatada ou não. Se o caso for levado adiante, Andrés Sanchez e Roberto Gavioli se tornarão réus em processo penal. Haverá, portanto, audiências, novos depoimentos, produção de provas e, por fim, a decisão judicial.

E a primeira denúncia?

Em outubro deste ano, o MP-SP já havia denunciado Andrés Sanchez e Roberto Gavioli por apropriação indébita agravada continuada, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário, crimes relacionados aos gastos nos cartões corporativos do clube entre 2018 e 2020.

No último dia 12 de dezembro, porém, a Justiça de São Paulo rejeitou parte da denúncia. A juíza da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, Marcia Mayumi Okoda Oshira, negou as acusações de lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário. Contudo, o MP-SP, por meio do promotor Cássio Roberto Conserino, recorreu da decisão e acusou a magistrada de parcialidade, ressaltando a prática dos dois crimes negados pela juíza.

Diante da decisão, a magistrada determinou a suspensão da decisão favorável ao ex-presidente do Timão e repassou o caso ao Tribunal de Justiça de São Paulo, embora tenha negado qualquer tipo de parcialidade durante o julgamento. O processo, neste momento, segue suspenso até que o TJ-SP se manifeste sobre a continuidade ou não da juíza à frente dos trâmites judiciais.

As medidas cautelares contra Andrés Sanchez, entretanto, continuam ativas. O ex-presidente está proibido de ter contato com testemunhas e dirigentes do Corinthians e de deixar o país sem autorização judicial. Além disso, ele teve os bens bloqueados no valor de $ 480.169,69 — referente ao montante classificado como “gasto irregular” pelo MP-SP, após os juros e a correção monetária.