Coluna do Fla
·15 de septiembre de 2025
Pontos fortes, fracos e sem medo do Flamengo: jornalista argentino conta segredos do Estudiantes antes de jogo da Libertadores

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·15 de septiembre de 2025
Quais são os pontos fortes e fracos do Estudiantes (ARG)? Como gosta de jogar a equipe do técnico Eduardo Domínguez? O que sabem do Flamengo em La Plata? Essas e outras perguntas foram respondidas pelo jornalista Gonzalo Plotycya, da terra do adversário do Mengão na Copa Libertadores nas duas próximas quintas-feiras (18 e 25). O repórter da Rádio ‘La Red’ fez um verdadeiro ‘raio-x’ sobre a equipe que está nas quartas de final do torneio continental.
Apesar da diferença econômica entre as duas equipes, o Estudiantes não teme o Flamengo, pelo menos essa é a visão de Gonzalo Plotycia. Além disso, o jornalista reforça que o clube de La Plata é tetracampeão da Libertadores da América e merece respeito. Ao ser questionado se um empate ou derrota magra no Rio de Janeiro já será um ‘Maracanazo’, o repórter negou.
— Pela história do Estudiantes, ganhar no Maracanã não seria um Maracanazo, porque o Estudiantes tem muita trajetória e renome no futebol sul-americano. Um Maracanazo, em todo caso, seria uma goleada histórica, pelo poder do time que está à frente. Creio que a história do Estudiantes não seria catalogada com um Maracanazo, nem em La Plata, nem tampouco para a imprensa argentina. Entendo que Estudiantes vai buscar também fazer um jogo longo, uma série de 180 minutos e aproveitando que fecha também em casa —, destacou o jornalista.
Na Libertadores, o Estudiantes passou em primeiro do Grupo A, o mesmo do Botafogo, com 12 pontos. Na campanha, foram quatro vitórias e duas derrotas. Já nas oitavas de final, os argentinos eliminaram o Cerro Porteño (PAR), com 1 a 0 no Paraguai e empate sem gols em La Plata. Em toda a competição, são 12 gols marcados e cinco sofridos. Para Plotycia, o segredo da boa campanha da equipe é o trabalho longínquo do técnico Eduardo Domínguez.
— O Estudiantes é uma equipe que há algum tempo vem trabalhando com a mesma ideia com Eduardo Domínguez, que é o técnico desde março de 2023. Nesse processo, com altos e baixos no jogo, teve como pico máximo três títulos: Copa Argentina 2023, que também foi o fim de um ciclo para alguns jogadores históricos, Copa da Liga 2024 e, por último, a Supercopa 2024 contra o Vélez —, pontuou.
— Isso me parece que são os principais pontos fortes. O tempo de trabalho consolidado com um mesmo treinador e uma mesma ideia, além da mudança de jogadores. Sobretudo, acrescentaria que, para a Copa Libertadores, tem um plus. O Estudiantes é uma equipe com muita tradição em copas, sobretudo na Copa Libertadores, um dos maiores vencedores. E enfrenta esse tipo de partidas com outro temperamento, historicamente, e creio que muitas vezes é um plus para esse tipo de competições —, acrescentou o jornalista.
— Irregularidade. Custa-lhe sustentar, por exemplo, o que faz na Copa Libertadores no Campeonato Argentino. De fato, lhe jogou contra em torneios anteriores, onde apesar de ter um dos melhores elencos do futebol argentino, não conseguiu ter continuidade no campeonato. Terminou se classificando para os playoffs, mas foi eliminado precocemente. É um dos objetivos também do plantel, do corpo técnico, e embora hoje esteja em posições de classificação, vem de perder um jogo a priori nos papéis que não estava nos planos perder, para o Central Córdoba, um dos times mais modestos da Argentina. Não consegue essa regularidade no campeonato, mostra, diria, duas caras (nota de redação: a entrevista foi realizada na sexta-feira, 12, antes da derrota do Estudiantes para o River, no sábado, 13) —, ressaltou Plotycia.
Em La Plata, os nomes mais conhecidos no elenco do Flamengo, claro, são os com passagem pelo futebol argentino. Destaque para o goleiro Agustín Rossi, que passou pelo clube no início da carreira, em 2015 e 2016. Além disso, Plotycia destacou alguns atletas do Mengão que atuaram na Europa.
— Há muito respeito pelo Flamengo, se sabe que hoje o futebol argentino não pode competir economicamente. Há muita diferença com os times brasileiros, mas Estudiantes, por como encara esses jogos, obviamente respeita os rivais, mas entende que pode estar à altura. Estou falando muito da diferença econômica ou de poder entre uma liga e outra respeito também ao que passou no Mundial de Clubes, assim que há muito respeito pelo plantel do Flamengo —, comentou.
— Os mais conhecidos são os que jogaram no futebol argentino, Rossi, defendeu o Estudiantes, de fato, um Rossi muito jovem. De La Cruz no River, bom, obviamente, Jorge Carrascal (ex-River); Giorgian Arrascaeta, obviamente é um jogador que há muito respeito por sua atuação pela seleção uruguaia. Saúl, por sua passagem na Europa. Há um monte de jogadores… Gonzalo Plata, equatoriano. Há muito respeito para esse plantel do Flamengo —, completou o jornalista argentino, afinal.
Flamengo e Estudiantes começam a decidir uma vaga nas quartas de final da Copa Libertadores da América nesta quinta-feira (18), no Maracanã. A bola rola a partir das 21h30 (horário de Brasília), com cobertura total do Coluna do Fla. Confira, abaixo, as demais respostas de Gonzalo Plotycia à nossa reportagem.
“É uma equipe que se fortalece com a posse de bola, basicamente joga em torno da posse, não é uma equipe que especula, não está no DNA do treinador Domínguez. Habitualmente, o esquema costuma ser um 4-3-3, alguns desses extremos podem se deslocar para trás e fazer um 4-3-1-2. Habitualmente, joga com linha de quatro, já jogou com linhas de cinco, mas principalmente o faz com linha de quatro na defesa. Tem meio-campistas com bom pé, que se desprendem e passam ao ataque, que invadem a área, com finalização; extremos que sejam rápidos e pontiagudos pelas laterais e geralmente joga com um centroavante de referência, embora goste que se envolvam no jogo. Saiba que essa é a característica central das equipes de Domínguez”.
“Há muita expectativa que está sendo gerada nesses dias nas redes sociais, pelo que significa a Copa Libertadores para o Estudiantes e para os torcedores. É vivido de maneira muito particular, muito especial, há um clima de euforia. Além de que o Estudiantes sempre respeita seus rivais e é medido com isso, mas a cidade sim amanheceu com alguns cartazes (na sexta), há muita expectativa por parte dos torcedores que começaram a viajar para estar no Brasil, o técnico pelo que disse em seu momento, o capitão Santiago Ascacíbar. Muita expectativa e muita ilusão de poder novamente se meter nas semifinais da Libertadores. O Estudiantes a ganhou quatro vezes, esteve perto de fazê-lo em 2022 com uma série polêmica muito lembrada com o Athletico Paranaense e me parece que tudo isso gera um clima muito especial”.
“A estrela do time, e eu diria que tem jogadores muito importantes, com história, que são identificados com o clube: (Guido) Carrillo, com trajetória na Europa. Hoje, uma das referências, Ascacíbar, em plenitude, e com a ideia de voltar talvez em curto tempo à Europa, hoje é o capitão. (Jose) Sosa, com um currículo impressionante, tendo jogado na seleção argentina, em clubes gigantes da Europa. Hoje, com 40 anos, mas tem previsto jogar um torneio mais. Me parece que esses são os três mais importantes. E, obviamente, (Fernando) Muslera, que veio trazer hierarquia. Antes, o Estudiantes tinha um goleiro sem tanta notoriedade no futebol argentino que lhe cumpriu, porque foi muito importante em definições, em pênaltis, Matías Mansilla, que agora foi emprestado ao Atlético Tucumán. Mas está claro que buscava um salto de qualidade, um plus no gol, e se deu claramente com Muslera. Que demonstrou nesses jogos sua hierarquia”.
“Estudiantes jogou uma série de 180 minutos, fez um trabalho inteligente, não o incomodaram, não o sufocaram no Paraguai, encontrou a vitória no final com o ofício de sempre de Carrillo, que também é uma de suas figuras. E com um jovem, um juvenil, que está despontando, irrompendo de grande maneira, que é Míkel Amondarain. Ele deu o passe. O Estudiantes não teve grandes sobressaltos também no jogo de volta, na definição em La Plata. O adversário foi um time fraco, diria em linha geral do Cerro Porteño. Estudiantes foi amplo merecedor, me parece, de avançar”.
“São muitas as diferenças econômicas entre o que repartem prêmios na organização do futebol argentino respeito ao brasileiro, há uma briga, uma disputa aí, sobretudo muitos clubes que lhe plantam críticas ao presidente do AFA (Federação Argentina), a Chiqui Tapia, Claudio Tapia. Um pouco nessa disputa está Verón (presidente do Estudiantes), propondo outros modelos esportivos. Na Argentina, não te digo que é má palavra a sociedade anônima, ao que talvez esteja mais inserido no Brasil, a SAD, a Sociedade Anônima Desportiva, mas se há muito receio com isso, gera rispidez entre os torcedores. O Estudiantes vem falando de um modelo misto, não de privatizar o clube, mas sim de implementar um modelo misto para tratar de dar um salto qualitativo econômico, bom, nessa disputa está Estudiantes e um pouco. Vezes marca estas questões”.