Zerozero
·27 de agosto de 2025
Rodrigo Mora e o FC Porto: os dias tristes, a vontade de AVB, o jogo árabe

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·27 de agosto de 2025
No passado dia 7 de maio, Rodrigo Mora e André Villas-Boas formalizaram a ampliação contratual do prodígio até 2030. Com uma cláusula de rescisão proporcional ao talento do menino de Custóias: 70 milhões de euros.
As semanas seguintes confirmaram a influência supra de Mora nesse FC Porto, ainda orientado por Martín Anselmi, e o aparecimento em todas as listas destinadas a wonderkids mundiais: Golden Boy, Troféu Kopa…
Rodrigo Mora simbolizava a luz sobre o futuro do FC Porto, era a única boa notícia numa temporada desportiva horrível, ligava através de dribles e golos impossíveis o balneário à bancada azul e branca.
Três meses e meio depois, Rodrigo está entre a permanência no grupo de Francesco Farioli, por agora remetido a um papel secundário, e a porta de saída com direção à… Arábia Saudita - veja o TEMA DO DIA sobre o assunto.
Ao longo dos últimos dias, muito se escreveu e disse sobre a oferta milionária do Al-Ittihad pelos préstimos de Mora. Exemplo maior do novo paradigma deste planeta do futebol.
Antes dos petrodólares e das injeções de capital estatal árabe no futebol saudita, juntar Rodrigo Mora e Al-Ittihad na mesma frase não passaria de uma brincadeira, certamente em tom jocoso. Agora, em agosto de 2025, a brincadeira passou a ser séria.
Consultadas várias fontes e analisados testemunhos próximos ao jogador, o zerozero está em condições de lhe contar tudo sobre os dias de dúvida vividos por Rodrigo Mora.
Com a certeza de que ninguém pode garantir como acabará esta história.
O desejo de André Villas-Boas e da SAD portista é claro: manter Rodrigo Mora e capitalizar a raridade desta pedra preciosa que o FC porto criou.
Para isso, a indicação expressa dada nas negociações com os elementos do PACE [Player Acquisition Centre of Excellence – organismo pertencente ao Fundo Soberano Saudita] tem sido inequívoca: Mora só é vendido por 70 milhões de euros, pagos no imediato e sem qualquer desconto para a comissão do intermediário.
O intermediário, sabe-se, é Jorge Mendes. Na última oferta, os dirigentes sauditas acenaram com 63 milhões, sugerindo que os sete milhões de Mendes teriam de ser assumidos pelo FC Porto. Proposta rejeitada em segundos.
Este é o ponto atual. O FC Porto acredita ser possível manter Rodrigo Mora, mas nada poderá fazer se algum clube chegar determinado a pagar os 70 milhões. Seja da Arábia, do Catar, da Jordânia ou de França.
Se isso suceder – e há dúvidas no Olival, que já explicaremos -, a decisão passa para a órbita de Rodrigo, dos seus familiares e agentes. Nenhum atleta é obrigado a ir para onde não quer e este caso não é exceção.
Sucede que o FC Porto está muito de pé atrás em relação a este dossier. Por dois motivos.
Primeiro, pela má experiência com estes mesmos elementos há cerca de um ano. Na altura, Galeno esteve com tudo acertado e o negócio caiu no último instante – pode recordar a rábula AQUI.
Segundo, porque o mercado português encerra a 1 de setembro e o da Arábia Saudita a 10 do mesmo mês. Ora, se o negócio se concretizar nesse prazo entre os dois fechos, o FC Porto perde Rodrigo Mora e fica sem hipóteses de o substituir – a não ser que encontre num futebolista desempregado essa miraculosa solução.
Perante este enquadramento ingrato, no Olival o pensamento é simples: se é para fazer o negócio, que se faça rapidamente; se não é para fazer, que se permita a Rodrigo Mora trabalhar em paz e sossego.
Algo que nos últimos dias deixou de suceder.
Saído em estado de graça da época 24/25, abençoado com um novo contrato e o amparo do presidente, Rodrigo Mora esperava manter o peso nas escolhas do novo treinador.
Francesco Farioli é um admirador do seu futebol – quem não é? -, mas foi-lhe explicando, até em conversas individuais, o que exige aos futebolistas que preenchem as posições de médio box to box e ala/extremo. Principalmente nos comportamentos sem bola.
É aí que Mora teria de encaixar, pois no 4x3x3 do italiano o número ‘10’ puro é irreal.
Mora aceitou o desafio, garantem-nos, e trabalhou sempre motivado e nos limites. Até há poucos dias.
A aproximação saudita e a pressão dos seus agentes mexeram com Rodrigo. Muito compreensivelmente, o atleta de apenas 18 anos – nunca é de mais lembrá-lo – sentiu-se num beco sem saída e sem saber como reagir.
. Ficar e lutar pelos seus minutos no FC Porto? . Desistir e aceitar esta saída para uma liga no outro lado do mundo?
Rodrigo Mora anda em baixo, até algo afastado dos colegas, certamente preocupado com o que se passa nos bastidores. Dias tristes.
É prioritário recordar que o Al-Ittihad tem Domingos Soares de Oliveira na função de CEO e é ele o principal elo de comunicação com Jorge Mendes. Mas a decisão dos árabes não passa apenas pelo antigo administrador financeiro do Benfica. Vai muito além dele.
O ExCom (composto por cinco membros do Fundo de Investimento Soberano) e o Board (onde há outros elementos do mesmo Fundo, além de uma figura ilustre da cidade de Jedá e o presidente das estruturas estatais locais – correios, porto marítimo…) têm uma palavra na forma como o dinheiro aparentemente infinito é distribuído.
Segundo nos dizem, a concórdia nestes dois órgãos em relação ao processo-Mora é muito duvidosa.
Por tudo isto, é impossível afirmar nesta altura se Rodrigo Mora vai ficar ou sair do FC Porto. Há diferentes sensações e disposições no próprio clube em relação à matéria.
Se o génio de Custóias continuar, terá garantidamente muitos minutos ao longo da época.
Se os avanços do Al-Ittihad – ou de outro emblema – resultarem em algo concreto, o FC Porto capitaliza-se para atacar outros alvos.