«Se não fosse o que o SC Braga fez, FC Porto, Benfica e Sporting não estavam os três na Champions» | OneFootball

António Salvador, presidente do SC Braga, marcou presença no Portugal Football Summit e falou sobre vários aspetos da atualidade do clube minhoto e do futebol português em geral.

Centralização dos direitos televisivos: «Temos de distribuir receitas por todos para todos serem mais competitivos. Na UEFA traz mais valorização, devem receber mais. Enquanto presidente, estratégia e clube, receitas devem ser distribuídas de forma diferente para termos um campeonato mais competitivo. Se não fosse o que o SC Braga fez nos últimos anos, FC Porto, Benfica e Sporting não estavam os três na Champions [anteriormente]. Era impossível. SC Braga é fundamental para esse trajeto. Também haver clubes na Conference League para o SC Braga entrar direto na Liga Europa.»

Início de época com muitos jogos: «Nas últimas duas décadas, o SC Braga esteve permanentemente nas competições europeias. Há dois anos esteve na Liga dos Campeões. Na época passada, o SC Braga foi 4º classificado e, para entrar na Liga Europa, teve de fazer três eliminatórias e seis jogos. São 16 jogos [oito no campeonato e oito na UEFA] que temos. Tivemos de começar a época cedo para preparar fortemente e entrar na fase regular da Liga Europa. Isso tem um custo, preparação, e estamos a pagar no campeonato. Tivemos mudança de treinador, novas ideias e princípios e não tivemos tempo para trabalhar e preparar. O foco foi entrarmos nessa fase. É inconcebível o SC Braga ter de fazer seis jogos para chegar à fase regular da Liga Europa, diz muito do ranking do futebol português.»

Clubes mais competitivos na UEFA ajudam na centralização interna? «Sim, traz mais visibilidade e projeção. É bom estarem cinco e não quatro, mas é preciso uma distribuição diferente no campeonato e que as entidades tenham um plano traçado de criação de infraestruturas para clubes da 1ª Liga. Isto para termos sete/oito/nove clubes fortes permanentes na UEFA e para trazermos mais visibilidade e mais valor a uma futura centralização que terá de ser feita de imediato e com novos quadros competitivos. O SC Braga lançou desafio há quatro anos às várias entidades e alertámos o que podia acontecer. Verificou-se a queda no ranking e, se não metermos mãos à obra, em vez de recuperar o 6º lugar vamos continuar em 7º, a Bélgica vai para 6º e a Holanda para 8º. Tem um impacto grande.

Em vez de três equipas na Champions, fica só uma e outra nas eliminatórias. Na Liga Europa é preciso fazer seis jogos para continuar lá antes de começar o campeonato. É um risco enorme em termos de receitas para a época. Pode acontecer o clube ser eliminado. O foco foi fortemente nessa passagem para a fase regular, que está a correr bem. Ganhámos os dois jogos, ao líder do campeonato da Holanda [Feyenoord] e ao da Escócia [Celtic]. Jogos importantes, equipas fortes, mas estamos presentes e sabemos que vamos fazer boa carreira na Liga Europa e certamente pontuar muito mais para Portugal.»

Aposta na formação: «A visão foi criar infraestruturas, uma grande academia e definir um projeto de formação. Hoje é um dos grande pilares na questão económica. Portugal não tem a dimensão de outros países em receita- bilhética, comercial, sponsors. Todos os clubes, não só o SC Braga, estão muito assentes na base de jogadores e da formação. O SC Braga definiu um caminho a médio/longo prazo e que hoje orgulha o clube, o país e a cidade. É um ato contínuo e vamos continuar a investir ainda mais para que possamos ser cada vez melhores do que já somos.»