Avise aos céticos que o rubro-negro nunca perdeu a fé | OneFootball

Somos uma nação que sempre dominou a arte de acreditar. Acreditar que o elenco mediano vai brigar pelo título só pela força do manto, acreditar que radialista vai resolver como técnico de futebol, acreditar que todo meia que sobe da base vai ser um novo Zico.

Pacote de reforços do Ipatinga? Acreditamos que podia dar certo. Primo do Messi no ataque? Não tem porque duvidar do potencial. Lateral-direito que foi descoberto por um olheiro cego? O próprio Pequeno Príncipe já dizia que o essencial é invisível aos olhos e só pode ser visto com o coração, e nada é mais essencial do que jogador saber cruzar bem.

O rubro-negro já acreditou que Obina é melhor que Eto’o, que dava pra ganhar Libertadores com Irineu e Roni no time, que Vitinho só precisava de paciência e iria deslanchar com a camisa rubro-negra.

Ou seja, existem poucas coisas que o flamenguista faz melhor do que acreditar. Acreditar sem grandes razões, acreditar sem motivos ou justificativas, acreditar apenas porque onde existe Flamengo existe esperança, existe vontade, existe um sonho compartilhado por milhões, um alimentando a crença do outro, como acontece com toda fé e toda religião.

E se já acreditamos em tanta gente e tanta coisa mais absurda, menos razoável e que merecia menos a nossa crença, porque não acreditar no time de Filipe Luís? Pra quem acreditou em Lucas Mugni, faz sentido duvidar de Arrascaeta? Pra quem, sem ironia alguma, achou que ia ganhar uma Copa do Brasil com Fernando Baiano, tem por que duvidar de Pedro? Se você apoiou o Flamengo de Chiquinho diante do Palestino pela Sul-Americana, existe razão pra abandonar pelo caminho o Flamengo de Alex Sandro no Brasileirão?

Não existe. Porque as coisas podem não ser fáceis. O adversário pode sim ter três pontos de vantagem, estar transportando adversários no avião particular e ter na cabine do VAR apenas pessoas que devem parcelas do consignado Crefisa, mas vitórias como a desta quarta, no clássico contra o Botafogo, fazem a gente acreditar que nada disso importa, nada disso vai fazer a diferença, nada disso pode nos impedir.

Então é isso que a nação precisa fazer agora: seguir acreditando. Acreditando no trabalho de Filipe Luís, na genialidade de Arrascaeta, no faro de artilheiro de Pedro. Acreditando no poder do Maracanã lotado pra derrubar seja agiota paulista seja gente de Buenos Aires que nos vê como o adversário mais fácil. Acreditar como a gente sempre soube, mesmo nas horas em que os motivos faltavam, as justificativas não estavam lá, as explicações não apareciam.

Porque já acreditamos com muito menos e hoje temos um time que pode muito mais. Então que neste domingo - e na próxima quarta - sejamos 70 mil no Maracanã e mais de 40 milhões ao redor do mundo acreditando juntos, num sonho que, a cada passo que nós damos juntos, vai se tornando sim mais real. E o que o Flamengo é senão isso? O sonho de alguns, que se tornou o sonho de muitos e, se tudo der certo, pode terminar o ano como a festa de quase todos.