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Zerozero

·8 septembre 2025

Como joga o «novo» Benfica? Conheça a equipa de Ivan Baptista

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A pré-época foi longa - arrancou no final de julho - e a espera foi longa, mas o futebol praticado por mulheres voltou, oficialmente, este domingo a Portugal, com a realização da Supertaça feminina (1-2). O Benfica, pentacampeão nacional, foi quem trouxe mais curiosidade, visto o técnico Ivan Baptista se ter estreado.

O treinador luso de 33 anos - conheça-o melhor AQUI -, até então desconhecido para muitos, veio substituir a histórica Filipa Patão, que ajudou os encarnados a dominar o futebol feminino no panorama nacional, pelo que a pressão estava lá.


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Pairava, ainda, no ar, a dúvida: haveria muita diferença para o Benfica de Patão? O que traria o técnico de novo?

O zerozero esteve presente na Supertaça, onde as águias foram derrotadas pelo Torreense, vencedor da última edição da Taça de Portugal (2-1) - precisamente frente ao Benfica -, e tirou algumas notas.

Primeiro esboço precisa de melhorias.

Por mais estranho que possa parecer, comecemos pelo final, mais propriamente pela conferência de imprensa pós-jogo de Ivan Baptista, onde o técnico encarnado admitiu que a manobra ofensiva utilizada para este jogo não deverá ser a esperada para o futuro do «seu» Benfica.

Apesar disso, o esboço demonstrado neste jogo já permite ter algumas luzes deste novo Benfica e das diferenças para o passado, comandado por Filipa Patão. Vamos a isso.

Logo a abrir o jogo, notaram-se diferenças. Para começar, o Benfica apresentou-se em 4x3x3 - que não era estranho absoluto com Patão -, ao contrário de um sistema com três centrais. Depois, pela disposição de certos elementos em campo: a principal mudança foi a presença da avançado Nycole Raysla no meio campo, com Lúcia Alves a extremo direito.

Mais tarde, como se pode ver no vídeo acima, o técnico explicou o posicionamento de Nycole se deveu mais às circunstâncias e contexto do jogo do que propriamente um novo papel da jogadora, mas não deixa de ter tido sucesso, numa primeira instância.

Fruto desse posicionamento, as águias entraram a todo o gás e aos 30 segundos já festejavam. Não sabemos se o futuro próximo de Lúcia Alves passa por extremo, mas a verdade é que a sua qualidade técnica é diferenciada no último terço e isso ficou bem patente no passe que origina o golo inaugural de Diana Silva. Com bola, dará sempre mais que Catarina Amado, mas só uma jogará, pelo menos a lateral direita.

Contudo, há que ter em conta que este esboço inicial poderá ter sido afetado pelas ausências das lesionadas Andreia Norton, Pauleta, Ana Borges e Andrea Falcón, o pouco tempo de preparação de várias jogadoras relevantes - como Cristina Martín-Prieto, que começou no banco - e a chegada recente de certos reforços - como Carolina Moller.

Mas vamos ao jogo jogado. O Benfica cedo mostrou capacidade de pressionar alto, utilizando esse papel de Nycole para fechar o miolo, o que dificultou a saída a jogar a partir de trás do Torreense e superiorizou as pentacampeãs nos primeiros minutos. No entanto, cedo abandonaram essa pressão e isso permitiu às de Torres Vedras crescer e começar a mostrar que estão numa fase do processo bem mais adiantada.

Ivan Baptista optou por um ataque mais móvel, mas a equipa, depois do golo madrugador, pecou pela intensidade com bola e de movimentos no último terço. Chandra Davidson «perdeu-se» em posição central e entre as centrais do Torreense, enquanto as extremos pecaram pela ausência de ruturas, não permitindo muitas subidas das laterais. Mais tarde, percebeu-se que esta equipa precisa dessas subidas, especialmente as de Marit Lund na esquerda, pelo seu passe e envolvência no último terço - como se viu no golo anulado a Lúcia Alves.

Apesar de a manobra não ter corrido da melhor forma, o jovem treinador encarnado manteve a aposta no arranque da 2ª parte. Não obstante, não demorou a abandoná-la, fazendo entrar Martín-Prieto e Moller, logo aos 57'. Aí, o desenho manteve-se, mas as dinâmicas mudaram, quiçá mais próximas do esperado daqui em diante. A espanhola traz uma referência mais necessária e possante à equipa, enquanto a dinamarquesa tem a capacidade de mexer as colegas, até pelo papel de maior liberdade posicional e criativa que demonstrou.

A equipa cresceu, mesmo que por poucos minutos - até apostar excessivamente no jogo direto - com a sua entrada e deu luzes positivas para o futuro. Uma nota, positiva, final ainda para a jovem Carolina Tristão, que se estreou na equipa principal com apenas 16 anos e não esboçou qualquer receio de ter bola, arriscar no passe e no drible. Terá de melhorar a tomar de decisão e timings, mas há ali, claramente, potencial.

E na defesa?

Apesar de alguns vislumbres positivos, o ataque não foi a única zona do Benfica que deixou a desejar. Passaremos brevemente à frente o meio campo - que pecou pela dificuldade de ligação entre setores - por estar claramente montado de forma diferente da desejada para o futuro - como se vê pela adaptação de Nycole, que ia trocando com Diana Silva -, mas tal não se pode dizer da defesa.

Habituado a ter bola, o Benfica demonstrou claras dificuldades em construir a partir de trás e a ultrapassar a primeira linha de pressão do Torreense. Em parte, claro, por causa dessa menor presença das médios, mas pedia-se mais das pentacampeãs.

Isto obrigou a equipa a jogar diversas vezes de forma mais direta, em busca da presença da pivot - que ia variando entre Nycole e Chandra - e até resultou num par de ocasiões - que pecaram pela falta de continuidade no último terço -, mas, na larga maioria, foi bem controlado pela defesa de Torres Vedras, forte na marcação à mulher.

A esta dificuldade juntou-se ainda o facto da equipa ter tremido excessivamente na defesa da bola parada. Para comprovar esta afirmação bastaria ver que ambos os golos adversários surgem dessa forma, mas é reforçado pelo desenrolar de ambas as jogadas: apatia; falhas de marcação; fracas compensações posicionais e, desta vez, nem Lena Pauels, habitualmente seguríssima, valeu.

A guardiã alemã até pode ter tido apenas um dia menos positivo, mas deixou a sua marca pelos piores motivos. Colecionou maus passes na tal primeira fase de construção e ainda tem parte da culpa no 2º golo do Torreense.

Agora, recuemos ao início da nossa análise. Este foi um primeiro esboço, um esboço que, segundo Ivan Baptista, será muito diferente com as dinâmicas trabalhadas no futuro. Mas para a história fica a derrota e uma exibição assim assim.

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