
Gazeta Esportiva.com
·16 septembre 2025
Corinthians informa conclusão do envio de documentos solicitados pelo MP em investigação

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·16 septembre 2025
Em nota oficial, o Corinthians informou ter concluído a entrega de todos os documentos solicitados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que investiga possíveis gastos pessoais indevidos nas gestões dos últimos três presidentes do clube: Augusto Melo, Duilio Monteiro Alves e Andrés Sanchez.
De acordo com o Corinthians, foram entregues ao MP todas faturas de cartões de crédito e os relatórios de despesa dos períodos abordados pela investigação do órgão, de 2018 a maio de 2025.
O clube, ainda, se colocou à disposição das autoridades para “qualquer averiguação que se façam necessárias”.
“O Sport Club Corinthians Paulista informa que entregou todos os documentos solicitados pelo Ministério Público relativos aos cartões de crédito e relatórios de Despesas dos períodos solicitados.
Salientamos que o clube estará à disposição da justiça para quaisquer averiguações que se façam necessárias.”
A diretoria do Corinthians estudava a melhor maneira de fornecer os documentos ao MP. Inicialmente, o clube fez o envio dos dados em juízo, entregando-os diretamente à Justiça, sob pedido de sigilo, e não à promotoria. O MP, assim, terá acesso concedido pelo Judiciário.
A reportagem da Gazeta Esportiva apurou que o clube optou por fazer o envio à Justiça devido ao entendimento de que os dados bancários e fiscais, protegidos e delicados, poderiam vazar à imprensa e aos torcedores, sob risco de responsabilização dos envolvidos.
Além disso, a postura do promotor Cássio Roberto Conserino gerou atenção dos dirigentes alvinegros. O representante do MP concedeu entrevista à Rádio Bandeirantes nos últimos dias e deixou à diretoria a impressão de que ele expôs a marca “Corinthians” negativamente, demonstrando interesse em expor detalhes sigilosos da investigação.
Nos últimos dias, o novo diretor jurídico do clube, Pedro Luis Soares, vinha tentando se encontrar com o promotor Cássio Roberto Conserino.
(Foto: José Manoel Idalgo/Agência Corinthians)
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi instaurado pelo Ministério Público em meados de junho deste ano. À época, o órgão também agendou oitivas com o atual presidente, Osmar Stabile, o vice Armando Mendonça e o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, a fim de entender o funcionamento dos cartões corporativos do Corinthians.
Inicialmente, a apuração do MP iria abranger somente o período das gestões de Andrés Sanchez (2018 a 2020) e Duilio (2021 a 2023). Porém, após ouvir alguns depoimentos, o órgão decidiu investigar também o mandato de Augusto Melo. Além de uma suposta apropriação indébita, são apurados também os possíveis crimes de estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa.
(Foto: Reprodução/YouTube)
O caso veio à tona no início do mês de julho, quando Andrés admitiu ter utilizado o cartão de forma indevida para pagamento de despesas pessoais em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, no fim de seu último mandato, em 2020.
Dias após a revelação dos gastos, ele ressarciu o Corinthians com juros e correção monetária. O ex-presidente, no entanto, responderá a um processo disciplinar na Comissão de Ética e Disciplina do clube. Os torcedores pedem punições e até a expulsão de Andrés.
Houve, também, uma acusação de supostos gastos pessoais durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. As despesas, contudo, não estão necessariamente ligadas ao ex-presidente. Ele não reconhece as faturas e registrou uma notícia-crime na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade/Dope), solicitando a inclusão desta no inquérito policial já em andamento, que denuncia a circulação de documentos falsos e manipulados.
No início do mês de setembro, o MP pediu à Justiça que Andrés, Duilio e Augusto Melo sejam temporariamente afastados dos Conselhos Deliberativo e de Orientação do Corinthians durante a investigação. Até o momento, no entanto, não houve uma manifestação do Poder Judiciário.
O Corinthians informou, na semana passada, que iniciou a entrega dos documentos sigilosos solicitados pelo MP. O clube se coloca à disposição das autoridades, mas teme vazamentos e reforça o cuidado para não expor ainda mais a imagem de instituição.
Além de supostas despesas pessoais, o MP também abriu investigação para apurar uma possível ligação do clube com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), motivada pelo depoimento de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, colhido pelo órgão.