Do passado em Guimarães ao presente em Alverca: Custódio lidera triunfo sobre o Vitória SC | OneFootball

O FC Alverca derrotou o Vitória SC por 2-0, no reduto ribatejano, em jogo a contar para a sétima jornada da Liga Portugal Betclic. Esta partida marcou o reencontro entre os dois emblemas, 21 anos depois, e a segunda vitória do conjunto da casa no regresso ao principal escalão do futebol português.

Por outro lado, outros velhos conhecidos voltaram a cruzar-se no Complexo Desportivo FC Alverca. Custódio Castro, atual treinador da turma ribatejana, foi jogador dos vimaranenses. A realidade é que, apesar de se conhecerem bastante bem, isso não significa que a sua relação seja propriamente pacífica - e, depois do jogo deste domingo, as coisas não deverão estar melhores.

Custódio Castro e o Minho: uma relação... especial

Depois de passar pelo Sporting e pela aventura no Dynamo Moscovo, Custódio regressou a Portugal pela porta do Vitória SC. Assinou pelo emblema minhoto em 2008/2009, mas permaneceu apenas duas épocas completas no clube. Pelos vimaranenses, o médio somou duas assistências em 36 jogos, sem marcar qualquer golo.

Segundo Emílio Macedo, presidente do Vitória SC na altura, Custódio manifestou vontade de sair porque «não era muito utilizado».

«Face a esta oportunidade de ir representar o SC Braga, entendemos aceder ao pedido que nos foi feito pelo próprio jogador», afirmou então o dirigente vimaranense.

Assim, Custódio seguiu para o «outro lado» do Minho, diretamente para o SC Braga, criando uma ligação especial com os gverreiros. O médio permaneceu no emblema entre outubro de 2010 e janeiro de 2014. Pelos arsenalistas conquistou uma Taça da Liga e disputou a histórica final portuguesa da Liga Europa. Foi também através das boas exibições no emblema bracarense que conseguiu ser convocado para o Euro 2012, onde participou em três jogos. Ao todo, somou 11 golos e uma assistência em 126 encontros pelo clube nortenho.

Depois de terminar a carreira como jogador, Custódio decidiu continuar ligado ao jogo bonito, agora como treinador. O clube presidido por António Salvador abriu as portas ao antigo internacional português e foi precisamente no SC Braga B que iniciou a sua carreira no banco.

A ligação como técnico da equipa B manteve-se até 2024/2025, tendo ainda assumido a equipa principal como treinador interino após a saída de Ruben Amorim - com duas vitórias em seis jogos. Ao comando da equipa B, alcançou 36 vitórias, 28 empates e 25 derrotas ao longo de 89 partidas.

Nesta temporada, Custódio Castro abraçou um novo desafio, assumindo o comando do FC Alverca. O destino quis que a sua estreia na casa dos ribatejanos fosse precisamente frente ao SC Braga (0-3).

Ribatejanos feridos, mas destemidos

O reencontro entre FC Alverca e Vitória SC começou equilibrado. Desde o apito inicial, ambas as equipas tentaram impor ritmo elevado. Contudo, apesar das investidas, nenhuma conseguiu concretizar nos primeiros momentos de maior intensidade. A sorte dos ribatejanos mudou quando o VAR chamou o árbitro para analisar um lance em que Beni Mukendi jogou a bola com o braço na área vimaranense. Grande penalidade assinalada e Marezi não desperdiçou.

O golo foi apenas a calma antes da tempestade, já que o FC Alverca chegaria ao intervalo em inferioridade numérica. Sabit Abdulai viu o segundo amarelo e foi expulso aos 45+2’. Perante a contrariedade, Custódio Castro lançou Tomás Mendes no início da segunda parte e, como revelou na conferência de imprensa, deixou uma mensagem clara no balneário: «Fizemos algumas correções táticas pois sabíamos que, contra o vento, era expectável que nos pressionassem. Dependia muito da nossa confiança e competência, mas disse-lhes que acreditava muito neles e que íamos conseguir segurar o resultado.»

A entrada de Tomás Mendes, em detrimento de Figueiredo - que atuava como extremo -, trouxe uma nova organização ao emblema. A equipa passou de um 3x4x3 para um sistema móvel, oscilando entre o 5x3x1 e o 3x5x1. Francisco Chissumba e Nabil Touaizi alternavam entre integrar a linha defensiva de três centrais e projetarem-se nas alas, dando profundidade ao conjunto ribatejano. O esforço e sacrifício dos alas e médios foram determinantes para garantir a transição entre o processo defensivo e ofensivo.

Mais tarde no encontro, o técnico da casa voltou a mexer. Sandro Lima e Davy Gui entraram a meio da segunda parte e acabariam por ser decisivos. Para além do trabalho defensivo, foram eles os protagonistas do segundo golo: o médio costa-marfinense investiu pelo corredor central, lançou o contra-ataque e serviu o avançado brasileiro, que com o pé direito fez o 2-0 final.

Quando soou o apito final no Complexo Desportivo FC Alverca, os adeptos da casa festejaram ruidosamente. Depois de muito sofrimento e de terem jogado contra a maré, os ribatejanos confirmaram uma vitória histórica frente ao Vitória SC. Custódio Castro celebrou com a equipa técnica, mas pouco depois recolheu ao balneário, deixando a equipa em campo a partilhar a festa com os adeptos.

Na conferência de imprensa, o treinador fez questão de valorizar o triunfo, mas também de elogiar o Vitória SC: «Foi uma boa vitória. Sabemos das dificuldades que é ganhar nesta liga e não nos podemos esquecer que jogámos contra um grande clube, uma grande equipa que luta por lugares europeus. Por isso, esta vitória tem ainda mais valor.»

No ar fica a pergunta: afinal, em que pé está a relação entre estes velhos conhecidos?