Épico duelo entre Benfica e Leverkusen foi há 30 anos: «Ficou na história das nossas vidas» | OneFootball

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·4 novembre 2025

Épico duelo entre Benfica e Leverkusen foi há 30 anos: «Ficou na história das nossas vidas»

Image de l'article :Épico duelo entre Benfica e Leverkusen foi há 30 anos: «Ficou na história das nossas vidas»

11 anos depois, Benfica e Bayer Leverkusen voltam a encontrar-se no Estádio da Luz - e logo para a Liga dos Campeões. Este será o sétimo duelo entre os dois emblemas, após a dupla jornada na principal competição europeia em 2014, o confronto na Liga Europa em 2013 e os históricos quartos de final da Taça das Taças em 1993/94.

Se o último embate terminou num nulo, é provável que o leitor mais atento recorde, ao ver este cartaz, o frenético 4-4 de há mais de três décadas. Num jogo que permanece vivo na memória de quem o presenciou, o zerozero esteve à conversa com Toni, o treinador encarnado nessa altura.


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Ao nosso portal, o técnico de 79 anos recordou esse mítico jogo, mostrando ser um momento marcante e inesquecível na sua carreira. Nesta quarta-feira, 31 anos depois, os dois conjuntos medem forças às 20h, numa partida «importante e decisiva» para as águias.

Uma noite mágica

A 15 de março de 1994, no Ulrich-Haberland-Stadion, na Alemanha, realizou-se a segunda mão dos quartos de final da Taça das Taças, onde o Leverkusen e o Benfica protagonizaram um espetáculo histórico. Contudo, a emoção dessa partida teve início mais cedo.

«Tínhamos empatado a primeira mão na Luz e, naquela altura, o golo fora 'valia dois'. Portanto, com o 1-1 cá, um 0-0 lá estávamos eliminados. Se olharmos para a equipa que jogou, era uma equipa de pendor muito ofensivo. Não fomos lá para defender, mas sim para correr riscos», começou por afirmar Toni.

De facto, o 11 inicial era tudo menos defensivo: do meio-campo para a frente alinharam Rui Costa, Vítor Paneira, João Vieira Pinto, Isaías e Sergei Yuran. Com tantos jogadores de calibre ofensivo, a juntar aos da equipa alemã, o resultado só poderia ser um espetáculo para os adeptos.

«Isto fez com que o jogo fosse intenso, com alternância de marcadores, era uma espécie de 'sobe e desce' de emoções. Estivemos fora, estivemos dentro, estivemos fora novamente e ficámos dentro. Penso que é daqueles jogos que os adeptos nunca mais vão esquecer, assim como aqueles que tiveram o privilégio de o assistir ao vivo e de jogar. Um jogo que ficará para a história das nossas vidas», referiu o treinador.

Rui Costa esteve em destaque nessa partida, com um hat-trick de assistências: «No primeiro deu de calcanhar para o Abel Xavier, que faz um golão de fora da área, quase ao ângulo. Depois, no segundo, bateu o pontapé de canto e o João Pinto cabeceou. Mas não foi só o Rui que levou a equipa para a frente. O João Pinto levou, o Kulkov levou, o Vitor Paneira levou. Claro que quem marca os golos e faz as assistências é que fica na história, mas a equipa valeu pelo todo nesse dia. Depois, naturalmente, emergem algumas individualidades que o Benfica tinha na altura.»

Ainda assim, Toni individualizou Vasili Kulkov, que apontou um bis nesse empate: «Um jogador que já partiu, mas fez um jogo fabuloso nesse dia.»

«O importante é que tu, enquanto líder, transmitas confiança aos teus comandados. Um treinador não é um mágico, apenas passa essa mensagem de confiança e de serem capazes. Esse ser capaz passa pela forma como eles acreditam: quando queremos e acreditamos, ganhamos», disse-nos, sobre como conseguiu elevar a moral nos momentos de desvantagem. Uma das razões foi, sem grande margem para dúvidas, a forma como o treinador se comportou no banco.

«Estava calminho, estava sentado no banco, numa antítese disso tudo. Fui vivendo de uma forma em que, embora fosse sentindo as incidências do jogo, nunca perdi a lucidez em relação à condição da equipa», explicou.

A verdade é que este jogo louco foi apenas um dos muitos que a equipa encarnada desse ano viveu. Para o técnico, foram vários os encontros especiais, apesar deste ser diferente de todos os outros.

«Nesse ano, começámos logo no primeiro jogo no Estádio das Antas, para o campeonato, que ficou 3-3. Depois desse 4-4, tivemos o 3-6 ao Sporting. Esses jogos tornam-se especiais. No 4-4 estivemos a perder 2-0, com a eliminatória perdida, depois invertemos para 2-3 e pareceu que as coisas ficaram resolvidas, mas não, passaram para 4-3 e acabou empatado.»

«Só tínhamos rabo para uma cadeira»

O Benfica triunfou no conjunto das mãos, seguindo assim até às meias-finais, onde caiu aos pés do Parma, muito perto do apito final (2-2). Se contra os alemães, os encarnados beneficiaram da lei dos golos fora de casa valerem mais, neste caso acabaram 'tramados' pela mesma regra.

«Sim, é verdade, perdemos com o Parma, onde o meu amigo Paneira falhou cá um penálti. Fizemos um grande jogo na primeira mão e depois lá, a partir dos 30 minutos, ficámos sem o Mozer [expulsão]. Nós jogámos essa eliminatória, mas 'só tínhamos rabo para uma cadeira', porque se estávamos em luta com o Sporting pela conquista do campeonato, ainda tínhamos, caso eventualmente tivéssemos passado, o Arsenal na final», declarou.

«Jogos muito uns em cima dos outros também, mas quando fomos a Parma, foi com tudo e para ir à final. O problema é que isso podia ter-nos custado a Taça das Taças e o campeonato, porque era uma sequência de jogos onde era preciso recuperar», acrescentou, antes de confirmar que sentiu alguma mágoa pela eliminação.

«Senti, é evidente que se eu pudesse ir à final, ganhar a competição e o campeonato, era ouro sobre azul. Agora, naturalmente que na altura, e pelo facto do campeonato não estar ganho, aquilo podia servir de mote em termos psicológicos para nos fortalecer, mas com o Sensini a marcar a dez minutos do fim e de cabeça, ficámos sem essa hipótese», admitiu.

Como já referido, esses tempos já lá vão. Toni tem continuado no mundo do futebol até aos dias de hoje, mesmo não treinando desde 2018/19. No desporto rei desde - pelo menos - 1962, tem sentido de perto a evolução do mesmo.

«Mal do futebol se não tivesse mudado. Esse jogo foi há 30 anos e o futebol está em constante mutação. Hoje vemos as equipas a jogar quase sempre da mesma maneira, não apenas na primeira divisão, até na Segunda Liga, na Liga 3, nos campeonatos de Portugal e nas distritais, vê-se tudo a jogar da mesma maneira. Esse jogar de forma igual é a bola ter de sair sempre de trás, mesmo que sofras golos. Na pressão alta e na reação à perda também, faz parte de qualquer treinador, isto é como uma Bíblia, onde vem lá tudo escrito», explicou.

«Há trinta anos o Benfica tinha grandes jogadores, como também tem hoje em dia. São épocas diferentes, jogadores diferentes e não faz sentido fazer o paralelismo entre a equipa de 1993/94 e esta», evitou assim comparar com o plantel de agora, que tem um jogo fundamental pela frente.

«O sorteio não sorriu ao Benfica. E aquele primeiro jogo que podia aumentar as chances de seguir em frente e de passar esta fase, tornou a missão ainda mais difícil. Daí que, faltando ainda cinco jogos, onde tens equipas de grande qualidade pela frente, como este Leverkusen que, não sendo o mesmo de há dois anos com o Xabi Alonso, é um dos grandes clubes alemães, torna este jogo num 'velho chavão', pois é importante e decisivo.»

Para além de ser um confronto sempre especial para Toni, a verdade é que a partida de quarta-feira marca um regresso de quem deu muitas felicidades aos benfiquistas: Álex Grimaldo. Questionado sobre a receção dos adeptos ao lateral espanhol, o técnico foi perentório.

«Fez tudo e entregou-se durante os anos em que esteve no Benfica. Teve sempre uma grande empatia por parte dos adeptos, mas agora está no outro lado e é adversário. É natural que durante o jogo, sendo uma peça-chave do Leverkusen, aquilo que os adeptos do Benfica querem é que ele jogue mal. Se puderem provocar para ele jogar mal, com certeza que o irão fazer, mas depois batem palmas no fim», concluiu.

Mais do que reviver o passado, este reencontro serve para lembrar que certas noites nunca se apagam. O futebol muda, os protagonistas também, mas a alma dos grandes jogos permanece intacta.

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