Estratégia de Renato: trinca de volantes, solidez defensiva e presença ofensiva | OneFootball

O Fluminense escreveu mais um capítulo glorioso em sua trajetória ao garantir vaga entre os quatro melhores do planeta, derrotando o Al-Hilal por 2 a 1 na Copa do Mundo de Clubes, nesta sexta-feira, o tricolor chega onde muitos pensaram ser impossível.

O grande trunfo para o triunfo veio da prancheta de Renato Gaúcho, que surpreendeu com uma formação 5-3-2 meticulosamente arquitetada. Com três zagueiros fixos, o esquema posicionou Cano e Arias como dupla de atacantes, reproduzindo a mesma estrutura que havia funcionado contra a Internazionale e que voltou a ser eficiente diante do poderoso time saudita.

“Montei minha estratégia seguindo a linha do que fizemos contra a Inter, e novamente o plano funcionou. Dominamos praticamente o jogo inteiro”, explicou Renato na entrevista pós-jogo, revelando a continuidade do planejamento que inicialmente visava neutralizar os laterais italianos Dumfries e DiMarco, e depois foi adaptado para conter o forte jogo aéreo do Al-Hilal.

A eficiente execução do Fluminense pode ser compreendida através de dois elementos fundamentais: a marcação setorizada com responsabilidades bem definidas e a movimentação coordenada dos volantes Martinelli, Nonato e Hércules.

O mecanismo é claro: cada jogador do Fluminense se responsabiliza por uma zona específica do campo. Quando um adversário adentra essa região, recebe uma marcação cerrada, quase individual. O sucesso desta abordagem depende da sincronização perfeita entre os atletas, pois qualquer descuido pode comprometer todo o sistema.

Durante a partida, ficou evidente como Bernal exercia esse controle em sua área designada, com procedimento semelhante adotado por Nonato. Na linha defensiva, os marcadores acompanhavam seus respectivos alvos dentro de suas zonas, dificultando combinações rápidas e envios para a área. Completando a estrutura, Freytes permanecia como um “líbero moderno”, pronto para intervir em situações de perigo iminente.

A versatilidade do meio-campo foi outro diferencial decisivo. Martinelli, Nonato e posteriormente Hércules executaram uma coreografia tática perfeitamente sincronizada, alternando-se entre funções ofensivas e defensivas. Quando um se juntava a Arias para reforçar o ataque, outro assumia responsabilidades defensivas, criando um equilíbrio dinâmico.

O gol que abriu o placar exemplifica esta mecânica. Longe de ser uma jogada fortuita, nasceu de uma elaborada sequência de nove passes que atravessou o campo até encontrar Samuel Xavier pela direita. No momento do cruzamento para Cano, Martinelli já havia se posicionado estrategicamente para capturar o rebote e finalizar com categoria.

Esta rotação constante confundia a marcação adversária. Em determinado momento, Martinelli assumia funções defensivas enquanto Nonato se projetava, pronto para invadir a área caso o Tricolor recuperasse a posse. Este revezamento inteligente garantiu tanto segurança defensiva quanto presença ofensiva.

A resistência que consolidou a façanha

Na reta final, quando o Al-Hilal cresceu, empatou e intensificou a pressão, emergiu o tradicional espírito guerreiro do Fluminense. Fábio protagonizou intervenções decisivas enquanto o sistema defensivo resistiu heroicamente à sequência de escanteios e cruzamentos.

Esta classificação memorável não apenas confirma o Fluminense entre a elite do futebol mundial, mas também consagra Renato Gaúcho como estrategista de alto nível, capaz de extrair o máximo de seus comandados mesmo diante de adversários economicamente mais poderosos.

O próximo desafio será contra o Chelsea, na próxima terça-feira, quando o Tricolor buscará mais um feito inédito: alcançar a grande final da competição planetária, representando não apenas o clube, mas todo o futebol brasileiro e sul-americano.