
Central do Timão
·8 mai 2025
Ex-diretor financeiro aponta “ciclo vicioso” e defende novo modelo de gestão no Corinthians

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·8 mai 2025
Após a reprovação do balanço financeiro do Corinthians referente ao exercício de 2024, o ex-diretor financeiro Rozallah Santoro fez um pronunciamento público sobre a condução administrativa da atual gestão. Membro da Chapa 82 – Movimento Corinthians Grande, ele utilizou as redes sociais para expor sua análise sobre o cenário financeiro do clube e alertar para o que chamou de “ciclo vicioso” de receitas e despesas.
De acordo com Rozallah Santoro, a dívida do Corinthians alcançou aproximadamente R$ 2,55 bilhões, um aumento de cerca de R$ 550 milhões em relação ao saldo herdado da administração anterior. Para ele, o crescimento acelerado do endividamento não pode ser relativizado e é fruto de uma gestão que acompanha o aumento de receita com um aumento proporcional, ou até superior, de despesas.
Foto: Reprodução
“Toda administração tem que ter uma bússola. Qual que é o norte? Qual que é o meu objetivo na administração? Ah, o meu objetivo é, por exemplo, uma coisa que foi discutida depois da reunião, o meu objetivo é manter o endividamento constante. Eu não quero aumentar o endividamento, mas ele aumentou, faz de conta que eu não quero aumentar. O grande problema disso: eu bato recorde de receita e eu cresço despesa junto. O que acontece com a dívida? Como quando eu gasto, o dinheiro sai da minha conta antes do que quando eu vendo, que eu vou receber depois, isso faz com que a minha dívida aumente”, explicou o ex-diretor.
Santoro também mencionou a forma como os números do balanço foram apresentados ao Conselho Deliberativo, argumentando que abordar a questão do endividamento sem ponderar que as receitas a realizar não são, de fato, “dinheiro em caixa”, distorce a real dimensão do quanto o clube deve, mascarando o verdadeiro tamanho da dívida.
“Quando a gente olha endividamento, a gente esconde a dívida. O que a gente precisa para encarar esse problema é de um modelo de gestão que acompanhe e enfrente a dívida.”
O ex-diretor ainda alertou que parte da receita comemorada pela diretoria, como a obtida com patrocínios e vendas de atletas, não representa uma base sustentável de longo prazo. Ele destacou que o valor recorde de patrocínios inclui luvas de assinatura – pagamentos únicos que não se repetem anualmente – o que, segundo ele, infla artificialmente o resultado.
“O enfrentamento do problema não está em mostrar para você uma dívida recorde e, ao mesmo tempo, ter um caixa no vermelho. O enfrentamento do problema não está em esconder um estouro de R$ 100 milhões de despesa, que foi o que aconteceu este ano, com um faturamento recorde. O problema se enfrenta na medida em que eu cresço receita, mantendo a despesa em um patamar constante. É aí que a gente começa a ter folga para enfrentar a questão da dívida”, afirmou.
Por fim, Santoro defendeu a exploração de novas fontes de receita, como canais digitais, conteúdos próprios e o fortalecimento da Corinthians TV, além de aproveitar melhor o novo contrato de direitos de transmissão. No entanto, ele reforçou que isso só será efetivo se acompanhado de um rigoroso controle de gastos.
“Enquanto a gente estiver empurrando isso com a barriga, o problema vai continuar aí. A gente vai continuar reportando recorde de receita, vai continuar estourando despesa e vai continuar devendo. E a dívida vai só crescer. O Corinthians precisa de um novo modelo de gestão que encare esse problema de frente”, concluiu.
O pronunciamento de Rozallah Santoro ganhou destaque em um momento de instabilidade política no Parque São Jorge, com o presidente Augusto Melo sob forte pressão após a rejeição das contas e o pedido formal de afastamento imediato apresentado pela Comissão de Justiça do clube. A manifestação do ex-diretor financeiro nas redes sociais alimentou especulações entre torcedores sobre uma possível candidatura sua à presidência do Corinthians. No entanto, em contato com a Central do Timão, Rozallah afastou a hipótese, esclarecendo que o foco no momento está na construção coletiva de um projeto para o futuro:
“A tendência é o Movimento Corinthians Grande lançar candidato. Conversaremos internamente e, obviamente, com outras frentes dentro do PSJ, tendo como cenário base 2026. Ainda não há nome definido. Caso o cronograma eleitoral seja antecipado, revisaremos a rota”, afirmou.
O próximo pleito presidencial no Corinthians está, em princípio, previsto para o final de 2026. No entanto, em caso de renúncia ou eventual impeachment de Augusto Melo, o calendário eleitoral será antecipado. Nessa situação, o Conselho Deliberativo deverá convocar uma eleição indireta para a escolha de um presidente que assumirá um mandato-tampão, válido até o encerramento do atual triênio.
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