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·6 septembre 2025

Instrumentos financeiros e vendas permitiram o mercado mais caro do FC Porto

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O recorde de vendas de jogadores em 2024/25, o recurso aos mercados de capitais e a renegociação do contrato de exploração do estádio possibilitaram ao FC Porto os maiores dispêndios na janela de transferências de verão.

Na apresentação do treinador italiano Francesco Farioli, André Villas-Boas prometera aos adeptos o “maior mercado de sempre” depois de uma época inicial de presidência com resultados aquém do esperado (novo terceiro lugar na I Liga). Essa promessa traduziu-se numa verdadeira revolução do plantel: chegaram 10 reforços por 94,35 milhões de euros (ME), pese embora a participação do clube na Liga Europa pela segunda época consecutiva.


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Os custos totais ascenderam a 111,35 ME, incluindo 17 ME pagos por 50% dos direitos económicos de Samu, operação que fixou o avançado internacional espanhol como o mais caro da história do futebol português, por 32 ME. No editorial da revista ‘Dragões’ de agosto, o presidente garantiu que o investimento está “alinhado com as possibilidades do clube, sem nunca perder de vista a sustentabilidade e responsabilidade financeira”, uma realidade distante da situação herdada em maio de 2024, quando assumiu a SAD na sequência do falecimento de Pinto da Costa.

Villas-Boas chegou a emprestar 500 mil euros à SAD

No Relatório e Contas de 2023/24, já da anterior administração, os ‘azuis e brancos’ registavam prejuízos de 21 ME, face aos 48 ME do exercício anterior. A grave situação de tesouraria – com passivo corrente inferior ao ativo corrente em 246 ME e um desfasamento de 86 ME entre valores a pagar e a receber por jogadores – levou Villas-Boas a adiantar 500 mil euros à SAD a título pessoal.

O adiantamento de receitas via operações de factoring, sobretudo dos direitos televisivos, com taxas à volta de 11%, levantava preocupações a médio prazo. A liquidez necessária para a ofensiva no mercado resultou, porém, de diversas iniciativas.

Como o próprio Villas-Boas reconheceu, o FC Porto priorizou a recuperação financeira à vertente desportiva após bater o recorde de vendas de passes em 2024/25, totalizando 171,45 ME.

Depois de 58,15 ME obtidos no verão de 2024, foram arrecadados 113,3 ME na segunda metade da época passada, destacando-se a venda do médio espanhol Nico González ao Manchester City por 60 ME e a saída do extremo brasileiro Galeno para o Al Ahly por 50 ME, sem substituições imediatas à altura.

A participação no Mundial de Clubes atenuou, em parte, a ausência na Liga dos Campeões, cujos prémios variam entre 11 e 32,8 ME conforme critérios desportivos e comerciais; aos portistas juntaram-se 1,718 ME pelos dois empates na fase de grupos.

Renegociação com a Ithaka e emissão obrigacionista

A administração renegociou igualmente o contrato assinado nos últimos dias da presidência anterior com a espanhola Ithaka Infra III para a exploração comercial por 25 anos do Estádio do Dragão, elevando a verba em 35 ME para um potencial de 100 ME – metade do montante foi paga em outubro.

Sob a coordenação do diretor financeiro José Pedro Pereira da Costa, recrutado por Villas-Boas, a SAD concretizou a maior emissão obrigacionista do futebol português: 115 ME a 25 anos, com taxa de 5,62%, colocada privadamente junto de investidores institucionais nos Estados Unidos, em novembro.

No mercado de retalho, o clube captou dois empréstimos: em dezembro angariou 21 dos 30 ME pretendidos e, em março de 2025, captou 50 ME após o aumento do montante inicial em 20 ME.

Estas operações permitiram refinanciar passivos em condições mais favoráveis, com taxas inferiores e prazos alongados: entre junho e dezembro de 2024, o passivo corrente diminuiu para 238,3 ME e o ativo corrente subiu para 160,6 ME, reduzindo o desfasamento de curto prazo em 165,6 ME.

No Relatório e Contas do primeiro semestre de 2024/25 registou-se um resultado líquido positivo de 334 mil euros, muito abaixo dos 35,37 ME do período homólogo, numa altura em que a ausência da Champions acarretou uma perda de 39,58 ME em prémios da UEFA.

A SAD recuperou 66,4 ME no capital próprio consolidado; apesar do aumento do passivo em 27,07 ME, o ativo cresceu 93,47 ME. Verificaram-se reduções notáveis em despesas com salários de jogadores e equipas técnicas (quase 4 ME), com os órgãos sociais (mais de 1 ME) e em serviços externos (4,2 ME).

Em agosto, a administração anunciou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a amortização antecipada do empréstimo de adiantamento das receitas televisivas mais de dois anos antes do previsto, permitindo ao clube voltar a receber os direitos audiovisuais dos jogos em casa da I Liga a partir de janeiro de 2026 e poupando cerca de 6 ME em juros.

Vendas de passes

No último mercado de verão, as vendas de jogadores foram determinantes, gerando 77,17 ME, sem desmantelar elementos nucleares do plantel.

Entre os principais encaixes destacam-se os extremos Francisco Conceição (Juventus, 32 ME, além dos 10 ME já pagos no empréstimo) e Gonçalo Borges (Feyenoord, 10 ME), o defesa central Otávio Ataíde (Paris FC, 17 ME) e o lateral direito João Mário (Juventus, 12 ME).

Até agora, a estratégia da administração tem dado sinais positivos: o FC Porto começou a I Liga com quatro vitórias em quatro jogos pela primeira vez desde 2017/18, a última frente ao bicampeão Sporting (2-1), em Alvalade – porém, só um título poderá validar plenamente o investimento.

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