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·1 août 2025
Luis Suárez, leão da área: «É uma máquina competitiva: tem dois golos, quer três»

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·1 août 2025
Leão caído, leão posto. Confirmada a saída de Viktor Gyökeres, um dos melhores avançados que o futebol português já teve, o Sporting foi ao mercado à procura de outro goleador faminto. Dentro de vários rumores e possibilidades, a mais forte parecia ser sempre Luis Suárez e eis que o colombiano foi apresentado.
Não sendo propriamente um menino que está aparecer, o avançado sul-americano foi alvo de uma transferência efetuada por 22 milhões de euros, podendo acrescer a mais cinco, dependendo do cumprimento de objetivos. A verdade é que, no fim de contas, este reforço poderá vir a ser mais caro do que o sueco, que se ficou pelos 24 milhões de euros.
Deixando preços e valores de lado, o zerozero foi à procura de saber, através de quem realmente conviveu com o jogador, o que se poderá esperar desta movimentação. Olhando à base de dados de que o nosso portal dispõe, decidimos convidar Alberto Soro - segundo atleta que jogou mais com Suárez - e Gui Guedes, jogador do UD Almería que, em 2024/2025, atuou ao lado do novo leão por 13 vezes.
À conversa com estes dois ex-colegas de Luis Suárez, o apetite competitivo do novo avançado do Sporting ficou patente. «Animal de área» e «autêntica máquina competitiva» foram dos primeiros apelidos a serem destacados na hora de abordar as características do jogador.
Soro, extremo espanhol que passou por FC Vizela e GD Chaves, justificou o facto do antigo atleta do UD Almería ter conseguido dar o salto para um dos maiores clubes de Portugal: «É um autêntico animal de área. Forte, muito rápido e potente… trabalha bastante para a equipa. Isso, para mim, é tudo.»
«É uma máquina competitiva. Quer sempre mais e mais. Ele tem dois golos, quer três. Tem o terceiro, vai à procura do quarto. É incrível a finalizar. Esforça-se muito, pressiona bem. É mesmo um típico avançado colombiano», referiu Gui Guedes.
Num breve à parte, por curiosidade: o caro leitor lembra-se de quem foram os colombianos a passar pelo Sporting? Cristián Borja, Santiago Arias, Fredy Montero e Teofilo Gutiérrez. Os dois últimos, pontas de lança, conforme se deve lembrar, apresentavam exatamente os traços competitivos referidos acima. El Avioncito, principalmente, foi um dos que deixou um marco em Alvalade.
O médio do UD Almería conseguiu, também, relembrar um lance de génio realizado pelo protagonista deste Ponto de Vista: «Lembro-me de um jogo em que ganhámos 2-1 ao Granada e ele faz um golaço. A bola é lançada nas costas da defesa, consegue a receção de peito, dá um belo toque para dentro e manda um saco lá para dentro. Há muitos momentos bons.»
«Fez 27 golos na liga. Deu-nos muitos pontos. O futebol é coletivo, mas há sempre individualidades que, numa jogada, fazem a diferença. Muitas vezes precisávamos que fizesse a diferença e ele aparecia.»
Mais uma vez em concordância, os dois entrevistados referiram o poder mental de Luis Suárez. Alberto Soro foi ainda mais longe: «É muito, muito completo. Mentalmente, fisicamente, técnica e taticamente. Vai sempre dar tudo pelo Sporting, independentemente do momento ser bom ou não.»
Não que seja um dado absolutamente garantido, nada que envolva o futebol pode ser considerado uma ciência exata, mas, olhando a todo o contexto do negócio - preço, idade e passado do jogador -, este parece ser o substituto direto de Viktor Gyökeres. Sem desprimor, claro, para Conrad Harder, o ex-UD Almería parece já estar noutra fase da carreira.
«Tem 27 anos. Está numa idade em que, apesar de toda a gente ter pressão sobre si, consegue suprimir isso com a habilidade futebolística dele. Acho que atingiu um pico de maturidade. Já o conheço há dois anos, mas foi neste último onde consegui convivi ver mais com ele. Demonstra muita maturidade», começou por dizer Gui Guedes.
Agora com a árdua e quase injusta tarefa de fazer esquecer o sueco, o cafetero terá um novo ciclo ao seu dispor, com oportunidade de demonstrar que a má passagem pelo Marseille foi somente um acidente: «No futebol nem tudo depende do que se passa em campo. Há circunstâncias que não dependem diretamente de nós. Nem sempre as coisas correm bem.»
«Quando isso acontece, não há muito que possamos fazer. Ainda assim, está à vista, que é capaz de fazer golos. Não sei exatamente o que se passou em Marselha, mas, independentemente da situação, é ótimo jogador», disse o extremo espanhol.
Sobre a troca direta de pontas de lança, o ex-FC Porto B considerou que esse fator não terá influência: «Não vai criar pressão adicional. O ciclo do Gyökeres no Sporting já acabou. O Suárez vai ser mais um para ajudar o Sporting. Da forma como trabalha e, pelo que conheço dele, vai ser sempre no máximo, vai certamente fazer o melhor todos os dias.»
Gui admitiu, também, conseguir discernir parecenças entre os dois atletas: «Consigo ver várias semelhanças com o Viktor Gyökeres. Por exemplo, se a equipa precisar que ele estique o jogo, tal como fazia o Gyökeres, está absolutamente apto para o fazer. Também ataca muito bem as bolas que entram no espaço e finaliza com mestria. Não são exatamente o mesmo perfil de jogador, mas existem várias similitudes.»
«Tem toda a capacidade de aguentar a tarefa de substituir o Gyökeres. Obviamente que não sei definir se vai conseguir os números registados anteriormente, é muito difícil de responder, mas acredito muito que vai andar lá perto», afirmou o atleta que já pertenceu ao FC Vizela.
A comparação entre o futebol português e o segundo escalão espanhol também foi analisado em conjunto com os dois atletas. Em ambas as conversas, a conclusão foi a mesma: o nível entre as duas realidades não é assim tão díspar.
«O futebol aqui em Espanha é mais rápido e queima-se menos tempo. Os estádios estão sempre cheios. Sei que, em Portugal, vai jogar em recintos difíceis, também já presenciei o Estádio do Dragão, por exemplo, e sei que os estádios dos grandes proporcionam sempre ambientes incríveis. Acredito que o Luis Suárez, tranquilo como é, vai conseguir enfrentar isso», referiu o jovem formado no Vitória SC.
Para finalizar, Soro rematou mais um pormenor interessante: «Em Portugal as equipas grandes têm muitas oportunidades de golo e ele vai beneficiar imenso disso mesmo. Um jogador como ele, que procura muito as zonas de golo, vai estar sempre mais perto de marcar na Liga Portuguesa.»
Vindo do país irmão, Suárez viajou de Almería para Lisboa, cerca de três horas e meia de avião. Provavelmente não enfrentará uma realidade assim tão diferente, devido às semelhanças que existem entre as duas nações. A verdade é que, ao longo da carreira, o colombiano cruzou-se com vários elementos de nacionalidade portuguesa nos plantéis que integrou.
Gui Guedes, por exemplo, foi um deles: «Sabendo que ele ia Portugal, falámos um bocadinho sobre isso. Dei-lhes os parabéns quando soube que a transferência ia acontecer. Percebi ser um grande passo na carreira. Senti que ele estava muito feliz. Tinha muita vontade de começar este novo capítulo. Agora, por vontade minha, dei-lhe um pouco de espaço para se ambientar à nova realidade.»
Acreditando que «Luís Maximiano, nascido em Lisboa, deve-lhe ter dado umas dicas sobre a cidade», o centrocampista natural de Santa Marta de Penaguião revelou, também, que Luis tentava falar português: «Brincava connosco ao dizer palavrões em português.»
Para além do animal competitivo referido acima, o nosso portal quis perceber, ainda, o estilo de pessoa que o colombiano é no seu íntimo. Mais uma vez, a opinião dos antigos companheiros foi consensual.
«É absolutamente o contrário do que caracterizei dentro do campo. Diria que é uma pessoa muito tranquila. Lá está, enquanto compete é muito agressivo e apresenta um enorme caráter. É bastante próximo aos colegas, tem sempre vontade de ajudar», começou por dizer Alberto Soro.
O espanhol, interrogado sobre o quotidiano na presença do colega, acrescentou detalhes da vivência com o mesmo: «Passámos muito tempo na companhia um do outro. Primeiro em Saragoça, depois em Granada. Jogámos muito ping-pong, treinámos juntos… quando olho para o passado percebo que foram períodos marcantes.»
Numa altura de grande dificuldade, como é uma lesão para um futebolista, o médio do UD Almería sentiu-se apoiado por Luis Suárez: «Quando parti o quinto metatarso, foi uma das pessoas que veio falar comigo e dar apoio. Deu-me muito carinho. Durante os treinos também me tentava motivar sempre ao máximo.»
«É uma pessoa que gosta de brincar com os jovens. Também sabe ser sério, obviamente. Quer sempre o melhor para todos os colegas, tenta tirar sempre o melhor de cada um. Tenta dar conselhos para sermos melhores. Acho que esta é uma das principais características dele», prosseguiu Gui Guedes.
Acabado de entrar num balneário recheado de líderes, como é o do Sporting, o jogador luso pensa que Suárez não terá problemas de adaptação: «O Sporting já tem vários perfis no plantel que são figuras de liderança. Vários jogadores de caráter. Mas, ainda assim, acho que ele pode, perfeitamente, ser mais um para auxiliar na liderança.»
Resta, agora, perceber como se irá adaptar Luis Suárez, neste desporto em que muitos fatores conseguem mudar o destino de um atleta. A verdade é que esta é a segunda grande oportunidade de dar o salto na carreira, tendo a primeira sido um ligeiro insucesso. Após mais uma época goleadora em Espanha, o avançado quererá deixar marca em Alvalade.