«O meu pai disse que eu era português e pediu para eu treinar no FC Porto; fui lá no dia a seguir e fiquei» | OneFootball

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·17 novembre 2025

«O meu pai disse que eu era português e pediu para eu treinar no FC Porto; fui lá no dia a seguir e fiquei»

Image de l'article :«O meu pai disse que eu era português e pediu para eu treinar no FC Porto; fui lá no dia a seguir e fiquei»

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos que se uniu ao zerozero. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Já retirado dos relvados, Daniel Fernandes conta com um percurso futebolístico um tanto ao quanto inusitado: nascido no Canadá, mas filho de pai português, o guarda-redes chegou a internacional A por Portugal. 


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O antigo jogador passou a infância e a adolescência no Canadá, sendo que o início do seu trajeto na Europa deu-se no FC Porto (onde esteve entre 2000 e 2002), numa das viagens que fez com o pai a território luso. 

«Antigamente só havia umas redes à volta do Estádio das Antas, o acesso não era bloqueado. Lembro-me que, quando fui lá com o meu pai, a equipa B estava a treinar e estavam lá  o Ilídio Vale e o Luís Gonçalves. Eu fiquei sentadinho a ver o treino dos guarda-redes à minha frente, até que o meu pai lhes disse que eu português e pediu para eu treinar. Disseram-me para aparecer no dia seguinte: assim o fiz e ao fim de três dias deram-me sinal verde para ficar no clube. Lembro-me que estava muito focado, na formação do FC Porto queriam um guarda-redes grande e com capacidade de trabalho e eu tinha preenchia esses requisitos», começou por explicar o agora agente, que recordou ainda com carinho o trabalho específico de guarda-redes feito com o colega Bruno Vale e o treinador Rui Teixeira.

De forma natural, o facto de Daniel Fernandes se ter mudado do Canadá para Portugal trouxe-lhe algumas situações caricatas. «A questão da língua foi uma grande dificuldade no começo. Quando cheguei até me sentei nos lugares mais atrás no balneário, mas jogadores como o Filipe Oliveira ajudaram-me muito com o inglês- lembro-me ainda de jogadores como o Hugo Almeida e o Sílvio Nunes. Era uma equipa de craques e estávamos cheios de mania [risos], o ambiente era incrível. Juntei-me a eles e brincávamos bastante», vincou, indo mais longe:

«Vi coisas que não existem no outro lado do mundo. A maneira de ser dentro do balneário... A cultura em Portugal é mais aberta e senti-o em várias coisas. Por exemplo, no balneário, todos os jogadores andam nus; nos primeiros dias só pensava 'Vou para casa tomar duche'. Era uma festa e eu só pensava que aqueles gajos eram malucos, mas também 'parti o gelo' rapidamente. Aliás, agora às vezes ajudo miúdos do Canadá a vir treinar cá a Portugal e pergunto-lhes sempre "Então, vais tomar banho hoje?" [risos].»

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