MundoBola Flamengo
·14 avril 2025
Permita que o Arrasca invada a sua casa, coração

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·14 avril 2025
Duas coisas fizeram muita falta ao Flamengo em diversos momentos dessa primeira metade da temporada.
Uma foi a simples atividade de chutar no gol. Com grande frequência o Flamengo é um time que amassa, um time que domina, um time que pressiona, mas que parece ter entrado num grupo de Whatsapp errado, confiado num influencer suspeito, e agora acredita que não está disputando futebol profissional e sim uma elaboradíssima partida daquela brincadeira infantil chamada “golzinho dentro da área”.
São situações claras de chute que se transformam em passes, são situações de 98% de posse de bola complementados com apenas 2% de vontade de finalizar, é um ataque absolutamente anti-coach que não acredita nesses papos de tira o goleiro adversário da zona de conforto dele.
Somando isso a um nível de eficiência baixíssimo nas finalizações, você constantemente tem um Flamengo com números de posse e domínio que indicariam uma goleada, mas que na prática acaba oferecendo vitórias apertadas, empates frustrantes ou até mesmo derrotas lamentáveis como a do meio de semana.
E a segunda coisa, que poderia ser descrita como “criatividade para quebrar as linhas diante de sistemas defensivos mais bem postados” também pode ser descrita com nome, “Giorgian de Arrascaeta” e condição médica “com os dois joelhos funcionando”.
Isso porque Arrasca, como qualquer um que já assistiu uma partida de futebol – ou já ouviu pelo rádio, ou leu uma descrição em braile – bem sabe, é diferenciado. Você pode questionar, você pode duvidar, você pode fazer como certos setores da torcida rubro-negra que ficam contra a renovação de contrato de qualquer craque apenas porque ele fez dois jogos ruins, mas a verdade é que Arrasca, vai inevitavelmente esfregar a verdade na cara de cada um de nós.
Porque o Arrascaeta, com os dois joelhos funcionando, faz falta. Faz falta pro Flamengo, faz falta pra seleção uruguaia, faria falta em diversos clubes e seleções do mundo, existem situações da sua vida que você nem sabe, mas que seriam menos complicadas se o Arrasca estivesse do seu lado, colocasse a mão no seu ombro, falasse “está tudo bien, mi amigo", lançasse uma bola pra você no ponto futuro, livre de marcação e aí vocês dois comemorassem fingindo que fumam um cigarrinho imaginário.
Então um jogo onde Arrascaeta, em forma, estava chutando a gol, parecia ser o que o Flamengo precisava depois da ridícula demonstração de desorganização, burrice e má vontade que tivemos no meio de semana. E foi. Diante de um Grêmio confuso e com uma equipe rubro-negra titular em campo, o que tivemos foi uma vitória relativamente tranquila, por dois gols de vantagem, conquistada fora de casa.
Três pontos que servem de exemplo não só do que o Flamengo precisa – eficiência nas finalizações, saber aproveitar os espaços, saber dosar o ritmo de acordo com as partidas – mas também do que pode vir a fazer falta – o famigerado reserva para o Arrascaeta. Porque futebol a gente tem, mas não podemos ter também salto alto, baixa eficiência e lacunas no elenco.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Substack.