Por que Danilo chega ao Fla para ser zagueiro e o que isso influencia na seleção? | OneFootball

O Flamengo acertou a contratação do lateral direito Danilo. Quer dizer, do zagueiro Danilo. O capitão da seleção brasileira, que joga na lateral direita, deve ser opção para Filipe Luís na zaga. Embora na seleção deva continuar atuando na lateral...

Polivalência sempre foi uma palavra que definiu bem a carreira de Danilo. Desde os tempos de Santos, o jogador atuou em posições variadas, principalmente como volante e lateral direito. Quando chegou em Manchester, entretanto, Danilo se tornou o verdadeiro coringa.

O coringa de Pep

Vendido pelo Real Madrid ao City, o brasileiro disse, na época, que sempre teve o desejo de jogar para Pep Guardiola. E o treinador, que conhecia seu jogo desde os tempos de Santos, tentou tirar o melhor de Danilo em várias posições.

Pelos Citizens, Danilo chegou a jogar de lateral direito, lateral esquerdo, zagueiro pela esquerda e volante. A concorrência era grande em todas as posições. Só naquela janela, além de Danilo, o City investiu pesado também nas chegadas de Mendy (lateral esquerdo) e Walker (lateral direito). Até 2020, o técnico havia gastado 400 milhões de libras em defensores.

Danilo tem características muito valorizadas por Pep: tem uma excelente saída de bola, é capaz de jogar como lateral construtor, por dentro, e também como lateral invertido, ou seja, no lado oposto ao do pé dominante. Foram 60 jogos, quatro gols e quatro assistências em duas temporadas no futebol inglês. Menos minutos do que esperava, mas uma experiência, embora sufocante em alguns momentos (Danilo já chegou a reclamar que Pep não descansava um minuto), que impactaria demais a carreira.

Na Juventus, Danilo chegou preparado para jogar em qualquer posição. A polivalência foi aproveitada pela Velha Senhora: embora tenha jogado muito tempo com Pirlo como lateral direito, Danilo já atuou como zagueiro pela canhota e, na atual temporada, teve ótimas atuações como lateral esquerdo. Contra seu ex-clube, o Manchester City, foi destaque justamente como lateral invertido.

E no Fla?

Danilo chega ao Rio com a polivalência como trunfo, sem dúvida. Mas a escolha pela Gávea como passo na carreira acontece também por uma convicção de como o defensor quer jogar: mais como zagueiro do que como lateral.

Apesar de ter atuado também nas laterais na última temporada em Turim, Danilo acredita que, aos 33 anos, rende melhor como zagueiro. E essa deve ser a sua posição não apenas pelo que o jogador acredita, mas também pelo modelo de jogo do Flamengo.

Filipe Luís pode ter uma zaga de "meio-campistas", com Danilo e Léo Ortiz. Ambos já jogaram no meio e tem como característica forte a excelente saída de bola. A qualidade na primeira fase de construção também indica a utilização de Danilo na zaga.

Outra característica importante do modelo de jogo de Filipe Luís, a intensidade na pressão pós perda é inegociável. Assim como o ataque a profundidade pelas laterais. Nesse quesito, Danilo tem características bem diferentes das de Varela e Wesley. Apesar de o uruguaio também ter capacidade para jogar por dentro, o ataque ao fundo é mais presente em seu jogo. Wesley nem se fala...

A necessidade de uma transição rápida pelas laterais, somada a uma intensidade para uma pressão alta, também afastam um pouco Danilo da posição (de lateral). Aos 33 anos, seja na Juventus ou na seleção, Danilo já não era tão protagonista no último terço, seja nos momentos com ou sem bola. Filipe Luís quer um zagueiro seguro, com capacidade de construir o jogo por dentro e quebrar linhas, seja com passe ou com progressões com bola. Danilo, hoje, é mais zagueiro do que lateral aos olhos do técnico rubro-negro e também quando se olha no espelho...

Influência na seleção

A fixação de Danilo como zagueiro no Flamengo, seja pela esquerda, como deve ser, ou pela direita, não deve ser um problema para a seleção. E não apenas por ser já uma função que o defensor vinha exercendo em seus clubes, mesmo que eventualmente.

o time de Dorival Júnior, Danilo atua como um lateral construtor. Não ataca o fundo como, por exemplo, Vanderson. Evoluindo em campo em um 3-2-4-1, o Brasil tem Danilo formando uma linha de três com os zagueiros, a linha de volantes e depois uma linha com Abner espetado na esquerda, Savinho e Raphinha fazendo dobradinha do outro lado (Raphinha mais centralizado) e Rodrygo (ou Vini) mais centralizado pela esquerda, atrás de Igor Jesus.

Ou seja, na seleção Danilo já exerce uma função de zagueiro, apesar de completar pela direita uma linha de quatro na fase defensiva. Mesmo que jogue de zagueiro pela esquerda no Fla, não perderia a essência de sua função. E já tem uma carreira toda de polivalência para que "vire a chavinha" com tranquilidade quando necessário.