
Calciopédia
·8 juin 2025
Retrospectiva da Serie A, parte 2: em 2024-25, o Napoli desbancou a favorita Inter e foi tetra

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·8 juin 2025
Na última quinta, publicamos a primeira parte da retrospectiva da Serie A 2024-25, na qual analisamos as campanhas dos times situados na parte inferior da tabela, com destaque para o vexaminoso rebaixamento do Monza e para mais uma opaca campanha do Torino. Agora, no segundo momento do nosso especial, avançamos às avaliações das 10 equipes que mais pontuaram no campeonato, com ênfase na grande disputa pelo scudetto, que ficou com o Napoli.
O Napoli abdicou da Coppa Italia, única outra competição que disputou em 2024-25 e concentrou todas as suas forças na Serie A, esperançoso que a Inter pudesse se enrolar com um calendário recheado. Foi o que ocorreu: os nerazzurri, favoritos à conquista do título italiano, derraparam e cederam terreno para que o time partenopeo faturasse o quarto scudetto de sua história. No fim das contas, a Beneamata terminou o ano de mãos abanando, ferida pela goleada sofrida na final da Champions League e tendo que encarar uma inesperada reformulação.
Logo atrás, a Atalanta chegou a sonhar com a briga pelo scudetto, mas se contentou com mais uma vaga na Champions League – a quinta em sete anos, selando o fim da era Gian Piero Gasperini em Bérgamo. A Juventus também se classificou para o principal torneio de clubes da Europa, após uma temporada bastante turbulenta, e não teve tantos motivos para comemorar. Lazio e Milan, por sua vez, ficaram fora de competições continentais e também terminaram 2024-25 no muro das lamentações.
No lado dos que celebram, temos a Roma, que chegou a flertar com o rebaixamento e só se acertou com o terceiro técnico na temporada. Claudio Ranieri, aliás, deixou a aposentadoria para ter uma nova e bela despedida do futebol ao liderar uma reação impactante e quase classificar a sua equipe do coração para a Champions League – por um pontinho, ficou com a Liga Europa. Assim como o Bologna, que fez um bom campeonato, mas garantiu sua vaga devido à conquista do título da Coppa Italia, que não faturava havia 51 anos. Por fim, a Fiorentina continuará sua profunda relação com a Conference League e o Como pode comemorar um sólido campeonato, com permanência na elite assegurada com sobras.
Confira, na sequência, as nossas avaliações sobre a parte superior da tabela da Serie A. Navegue pelo menu abaixo para acessar a análise do time desejado ou role a página para conferir o balanço completo, equipe por equipe. Boa leitura!
Paz, do Como (Getty)
A campanha: 10ª colocação, 49 pontos. 13 vitórias, 10 empates e 15 derrotas. No primeiro turno: 16ª posição, 18 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nos 32-avos de final da Coppa Italia pela Sampdoria. Ataque e defesa: 49 gols marcados e 52 sofridos Time-base: Butez (Reina, Audero); Van der Brempt (Vojvoda, Sergi Roberto), Goldaniga (Dossena), Kempf, Moreno (Álex Valle); Da Cunha, Perrone (Caqueret, Engelhardt); Diao (Fadera), Paz, Gabriel Strefezza; Cutrone (Belotti, Douvikas). Artilheiros: Assane Diao (8 gols), Patrick Cutrone (7), Nico Paz (6) e Gabriel Strefezza (6) Garçom: Nico Paz (8 assistências) Técnico: Cesc Fàbregas Os destaques: Nico Paz, Assane Diao e Patrick Cutrone A decepção: Dele Alli A revelação: Fellipe Jack Quem mais jogou: Gabriel Strefezza (37 jogos), Lucas Da Cunha (36) e Nico Paz (35) O sumido: Dele Alli Melhor contratação: Nico Paz Pior contratação: Raphaël Varane
Em sua volta à Serie A depois de uma ausência de mais de duas décadas, o rico Como buscava permanecer para, assim, projetar um investimento gradual ano após ano. O início foi complicado, mas a trupe de Cesc Fàbregas foi dando liga e continuou na máxima categoria com louvor. O destaque da campanha ficou reservado para uma sequência final muito positiva, com direito a seis vitórias consecutivas e recorde no quesito para o clube em sua participação na elite.
O Como teve o começo de sua trajetória atrapalhado por apostas que não deram certo, como as feitas em Raphaël Varane e Andrea Belotti, e pela abundância de jogadores com nenhuma ou escassa rodagem na Serie A. Ademais, a própria inexperiência de Fàbregas como técnico pesava. O time até jogava bem e impunha dificuldades aos grandes, mas faltava eficiência para garantir resultados mais positivos. As qualidades estavam presentes e os triunfos sobre Atalanta e Roma evidenciavam isso.
O aprendizado jogo a jogo e alguns reforços contratados em janeiro (Jean Butez, Mërgim Vojvoda, Tasos Douvikas, Maxence Caqueret e, especialmente, Assane Diao) mudaram a história. O Como já tinha Nico Paz, Gabriel Strefezza e Patrick Cutrone como pilares, mas todos eles tiveram seu futebol potencializado a partir do momento em que os lariani se fortaleceram enquanto grupo. Assim, Paz e Caqueret ditaram com maestria o ritmo do jogo e criaram à vontade, obtendo o suporte de Lucas Da Cunha e Máximo Perrone. Nas pontas, Strefezza e Diao mostravam eficiência com diferentes características: o brasileiro, com habilidade, dribles curtos e precisão nos arremates; o senegalês melhorou o bom trabalho feito por Alieu Fadera nas transições e, rapidamente adaptado, assumiu a artilharia do time com oito gols em 15 aparições – um deles, inclusive, em vitória sobre o Napoli. O resultado dessa combinação? Do meio para frente, o coletivo funcionou bem e todos tiveram números bem distribuídos em tentos e assistências.
Orsolini, do Bologna (Getty)
A campanha: 9ª colocação, 62 pontos. 16 vitórias, 14 empates e 8 derrotas. Classificado para a Liga Europa devido ao título da Coppa Italia. No primeiro turno: 7ª posição, 32 pontos. Fora da Serie A: Campeão da Coppa Italia e eliminado na fase de liga da Champions League. Ataque e defesa: 57 gols marcados e 47 sofridos Time-base: Skorupski (Ravaglia); Holm, (De Silvestri, Posch, Calabria), Beukema, Lucumí, Miranda (Lykogiannis); Freuler, Moro (Pobega); Orsolini (Domínguez), Odgaard (Fabbian, Ferguson), Ndoye; Castro (Dallinga). Artilheiros: Riccardo Orsolini (15 gols), Dan Ndoye (8) e Jens Odgaard (6) Garçom: Juan Miranda (6 assistências) Técnico: Vincenzo Italiano Os destaques: Riccardo Orsolini, Santiago Castro e Dan Ndoye A decepção: Stefan Posch A revelação: Estanis Pedrola Quem mais jogou: Remo Freuler (37 jogos), Santiago Castro (36) e Sam Beukema (35) O sumido: Oussama El Azzouzi Melhor contratação: Juan Miranda Pior contratação: Nicolò Casale
Vincenzo Italiano chegou ao Bologna pressionado pelo ótimo desempenho de Thiago Motta, seu antecessor na Emília-Romanha, e precisando provar que não tinha tanta responsabilidade assim sobre a instabilidade da Fiorentina durante sua gestão em Florença. O início foi complicado e os rossoblù sofreram bastante com a divisão das atenções com a Champions League, competição em que não atuaram bem em seu ano de debute e terminaram precocemente eliminados. Porém, o técnico foi tendo sucesso com a transmissão de sua filosofia aos jogadores com o passar do tempo e obteve bons resultados. A cereja do bolo na temporada foi o fim de um jejum de 51 anos sem títulos de primeiro escalão, com a conquista da Coppa Italia, mas a trajetória na Serie A também foi positiva.
O Bologna começou oscilando e chegou a somar seis empates nas oito primeiras rodadas, com uma vitória obtida somente sobre o Monza. Depois, uma sequência de três triunfos serviu para que a chave fosse virada. Dali em diante, os rossoblù passaram a flertar com uma vaga em competições europeias, mas como outsider. Já na reta final do campeonato, os emilianos chegaram até a sonhar em superar os 68 pontos obtidos por Thiago Motta em 2023-24 ao adentrar o G4, num período em que obtiveram resultados importantes, como uma goleada sobre a Lazio e um sucesso nos acréscimos sobre a Inter. Só que tropeços logo em seguida frustraram parcialmente o time, que praticamente se deu férias após conquistar a Coppa Italia – as derrotas nas rodadas finais devem ser consideradas dentro desse contexto.
Em termos de ideias de jogo, Italiano seguiu preparando cada partida com nuances e, por isso, efetuou extenso rodízio – algo comum em seus trabalhos. Riccardo Orsolini, por exemplo, só entrou em campo por 1.885 minutos e aproveitou muito bem as chances, já que foi um os três maiores goleadores da Serie A. É interessante verificar que o Bologna da temporada 2024-25 marcou só cinco gols a mais do que o da temporada anterior, mas chamou mais atenção pela fluidez na articulação dos momentos ofensivos e em suas conclusões, o que foi demonstrado pelo próprio Orso, por Dan Ndoye, Jens Odgaard, Benjamín Domínguez e até mesmo por Thijs Dallinga,que demorou a se adaptar. Defensivamente, o time regrediu (foi vazado 15 vezes a mais) e o desempenho até poderia ter sido pior, não fossem os milagres de Lukasz Skorupski. Esse, porém, é um custo já previsto por quem contrata o treinador. O careca seguirá na Emília-Romanha e os bolonheses continuarão almejando bons resultados.
Hernandez e Rafael Leão, do Milan (Getty)
A campanha: 8ª colocação, 63 pontos. 18 vitórias, 9 empates e 11 derrotas. No primeiro turno: 8ª posição, 30 pontos. Fora da Serie A: Campeão da Supercopa Italiana, vice da Coppa Italia e eliminado nos 16-avos de final da Champions League pelo Feyenoord. Ataque e defesa: 61 gols marcados e 43 sofridos Time-base: Maignan; Jiménez (Emerson Royal, Walker), Gabbia (Tomori), Pavlovic (Thiaw), Hernandez; Fofana, Reijnders; Musah (Loftus-Cheek, Chukwueze), Pulisic, Rafael Leão (João Félix); Abraham (Morata, Giménez, Jovic). Artilheiros: Christian Pulisic (11 gols), Tijjani Reijnders (10) e Rafael Leão (8) Garçom: Christian Pulisic (9 assistências) Técnicos: Paulo Fonseca (até a 18ª rodada) e Sérgio Conceição (9ª; jogo recuperado, e a partir da 19ª) Os destaques: Tijjani Reijnders, Christian Pulisic e Rafael Leão A decepção: Théo Hernandez A revelação: Álex Jiménez Quem mais jogou: Mike Maignan (37 jogos), Tijjani Reijnders (37) e Youssouf Fofana (35) O sumido: Alessandro Florenzi Melhor contratação: Youssouf Fofana Pior contratação: Emerson Royal
Numa temporada cheia de solavancos, muita insatisfação e protestos da torcida contra a diretoria norte-americana, o Milan só pode celebrar o fim de uma sequência recorde de derrotas para a Inter (seis) e o estabelecimento de uma invencibilidade de cinco partidas no dérbi – o que levou o time, por exemplo, ao título da Supercopa Italiana e à decisão da Coppa Italia. Acabou soando apenas como um prêmio de consolação, já que os rossoneri sequer conseguiram vaga em competições europeias. Convenhamos, algo merecido para uma equipe que, desde a 9ª rodada, não foi além da posição em que concluiu o certame. O Diavolo não disputará nenhum torneio continental pela primeira vez desde 2019, ano em que abdicou da Liga Europa em acordo com a Uefa, como punição por violação ao fair play financeiro da entidade. Não conseguir a classificação devido ao fraco desempenho em campo na Serie A não ocorria desde 2016.
A temporada já se anunciava complicada quando o fundo RedBird atirou para todos os lados ao pensar num substituto para Stefano Pioli, desagradando a torcida com os diversos nomes especulados – não foi à toa que os cartolas já anunciaram Massimiliano Allegri para 2025-26, numa tentativa de virar o jogo com os torcedores. A escolha de Paulo Fonseca tinha prazo de validade e o seu trabalho apodreceu rapidamente. Afinal, o português nunca transmitiu confiança para os jogadores e isso ressoou num vestiário repleto de peças caprichosas, como Théo Hernandez e Rafael Leão. Os dois tiveram atritos com o técnico português, frequentaram o banco de reservas em várias ocasiões e se mostraram bastante desinteressados no Milan durante 2024-25 inteiro – embora, com seu abundante talento, tenham resolvido partidas de vez em quando. Dentre os senadores do elenco, Mike Maignan e Fikayo Tomori também tiveram ano aquém das expectativas.
Fonseca não encontrou soluções e Sérgio Conceição, seu compatriota e sucessor, também não teve um desempenho realmente satisfatório. A diretoria atendeu a vários pedidos do treinador e fez uma minirrevolução no mercado de janeiro, mandando embora nomes como o recém-contratado Álvaro Morata e o capitão Davide Calabria, com quem o lusitano quase foi às vias de fato após vitória sobre o Parma. O impacto após a chegada dos reforços e as mudanças feitas pelo comandante foi pequeno e o time só foi render de forma mais convincente depois que trocou o habitual 4-2-3-1 por um 3-4-3, na reta final da temporada. O fato é que se não fossem as mágicas atuações de Tijjani Reijnders e Christian Pulisic, sabe-se lá em que pelotão da tabela este caótico Milan teria concluído a Serie A.
Pedro, da Lazio (Getty)
A campanha: 7ª colocação, 65 pontos. 18 vitórias, 11 empates e 9 derrotas. No primeiro turno: 5ª posição, 35 pontos. Fora da Serie A: Eliminada nas quartas de final da Liga Europa pelo Bodø/Glimt e nas quartas da Coppa Italia pela Inter. Ataque e defesa: 61 gols marcados e 49 sofridos Time-base: Provedel (Mandas); Marusic (Lazzari), Gila, Romagnoli, Nuno Tavares (Pellegrini); Guendouzi, Rovella; Isaksen (Pedro), Dia (Dele-Bashiru), Zaccagni; Castellanos. Artilheiros: Valentín Castellanos (10 gols), Pedro (10) e Boulaye Dia (9) Garçom: Nuno Tavares (8 assistências) Técnico: Marco Baroni Os destaques: Pedro, Gustav Isaksen e Nuno Tavares A decepção: Loum Tchaouna A revelação: Reda Belahyane Quem mais jogou: Mattéo Guendouzi (37 jogos), Gustav Isaksen (37), Adam Marusic (35) e Boulaye Dia (35) O sumido: Arijon Ibrahimovic Melhor contratação: Nuno Tavares Pior contratação: Gaetano Castrovilli
O 2024-25 da Lazio foi uma verdadeira montanha-russa. Parte da torcida acreditava piamente que a temporada seria tenebrosa, por conta da aposta num técnico menos gabaritado e em reforços modestos. Depois, as desconfianças deram lugar ao otimismo, devido à campanha de primeiro lugar na Liga Europa e de briga por vaga na Champions League na Serie A. Só que uma brusca queda de rendimento na fase final do campeonato e uma cruel combinação de resultados na última rodada deixou os aquilotti longe das competições europeias na próxima época. Quem pagou o pato foi, obviamente, o treinador: Marco Baroni foi demitido e Maurizio Sarri, que estava sem trabalhar desde que deixou os capitolinos, em 2024, retornará a Formello.
A Lazio teve um início de temporada oscilante. Passou a jogar melhor a partir da sexta rodada, embora nem sempre transformasse boas atuações em triunfos. Contando com o intenso brilho do garçom Nuno Tavares (que se apagaria rapidamente, devido a seus muitos problemas físicos), o dinamismo de Gustav Isaksen, a liderança de Mattéo Guendouzi e Nicolò Rovella e a contribuição intermitente de Mattia Zaccagni, Taty Castellanos e Boulaye Dia, a equipe de Baroni alternou ótimos e péssimos resultados. A síntese disso ocorreu entre a 13ª e a 16ª jornada, quando dominou e venceu Bologna e Napoli, mas foi derrotada pelo Parma numa partida de muitas desatenções e atropelada pela Inter – 6 a 0 em pleno Olímpico.
Em 2025, nem mesmo o poder de decisão do “super sub” Pedro foi capaz de fazer o time afastar a irregularidade. Baroni começou a dar mostras de insatisfação com o que via e chegou até a barrar o goleiro Ivan Provedel, um dos líderes do elenco, e promover Christos Mandas ao posto de titular na meta capitolina. Só que o gás da equipe pareceu ter acabado: a Lazio venceu apenas duas vezes no Olímpico neste ano; uma sobre o Monza, pela Serie A, e outra na partida que sacramentou a eliminação da Liga Europa para o Bodø/Glimt, da Noruega. Ainda que a má fase preocupasse, os biancocelesti passaram grande parte do returno oscilando entre a sexta e a quarta posição, com grandes chances de obtenção de uma vaga em competições europeias. A frustração pelo desfecho negativo se daria apenas na última rodada do campeonato, quando se concretizou o único cenário em que a águia teria suas asas cortadas: derrota para o Lecce, em contraposição aos triunfos de Juventus, Roma e Fiorentina. O resultado pesou e teremos um novo ciclo na parte azul e branca de Roma.
Kean, da Fiorentina (Getty)
A campanha: 6ª colocação, 65 pontos. 19 vitórias, 8 empates e 11 derrotas. Classificada para a Conference League. No primeiro turno: 4ª posição, 35 pontos. Fora da Serie A: Eliminada nas semifinais da Conference League pelo Betis e nas quartas de final da Coppa Italia pelo Empoli. Ataque e defesa: 60 gols marcados e 41 sofridos Time-base: De Gea; Dodô, Comuzzo (Pongracic, Pablo Marí), Ranieri, Gosens; Cataldi (Adli), Mandragora (Richardson); Colpani (Bove, Fagioli), Beltrán (Gudmundsson), Parisi (Sottil); Kean. Artilheiros: Moise Kean (19 gols), Albert Gudmundsson (6), Lucas Beltrán (5) e Robin Gosens (5) Garçom: Yacine Adli (6 assistências) Técnico: Raffaele Palladino Os destaques: Moise Kean, David De Gea e Rolando Mandragora A decepção: Andrea Colpani A revelação: Cher Ndour Quem mais jogou: Luca Ranieri (36 jogos), David De Gea (35) e Dodô (35) O sumido: Matías Moreno Melhor contratação: Moise Kean Pior contratação: Nicolò Zaniolo
Uma temporada difícil de ser analisada – e digerida – em Florença. De um lado, sucesso nas arriscadas apostas em David De Gea e Moise Kean; vitórias sobre Atalanta, Bologna, Inter, Juventus, Lazio (duas), Milan e Roma (5 a 1); as colocações galgadas na tabela em relação a anos anteriores; o melhor posicionamento da equipe desde 2016 e, consequentemente, o resultado mais expressivo da gestão do presidente Rocco Commisso, iniciada em 2019. Se olharmos apenas para esses fatores, a campanha da Fiorentina teria sido um sucesso. Mas há (muitas) nuances.
Afinal, por outro lado, a Viola viu Andrea Colpani e Albert Gudmundsson renderem menos do que o esperado por lesões, a defesa continuar se comportando de maneira instável (embora em grau inferior ao dos tempos de Vincenzo Italiano) e o seu nível de atuações oscilar muito, tanto no momento de alternância entre 3-4-2-1 e 3-5-2 registrado no início e no fim da campanha quanto no período de 4-2-3-1 do recheio. A Fiorentina também somou apenas seis pontos em 18 possíveis contra os rebaixados Empoli, Venezia e Monza, tendo até perdido para o fraquíssimo time biancorosso. A eliminação precoce na Coppa Italia para o mesmo Empoli também não caiu bem e foi um banho de água fria o fato de a equipe ter melhorado seu posicionamento na Serie A e, mesmo assim, ter obtido, pela quarta vez seguida, somente uma vaga na Conference League e não num torneio de escalão superior, como a Liga Europa – sem falar que ficou a sensação de que era possível se classificar para a Champions League.
O técnico Raffaele Palladino jamais desenvolveu uma relação de muito afeto com a maior parte da torcida violeta, que desejava um futebol mais bonito e eficiente. Muito menos com o diretor Daniele Pradè, com o qual brigou feio. Ratificamos: não lhe bastou ter dado a confiança necessária para De Gea retomar o protagonismo e se tornar um dos melhores goleiros da Serie A, ter feito Dodô e Robin Gosens serem muito influentes pelos lados do campo ou ainda ter recuperado o futebol de Yacine Adli, ter levado Rolando Mandragora à melhor temporada da carreira e, finalmente, ter transformado Kean num atacante de zero gols em 2023-24 no vice-artilheiro da última Serie A. E, voltamos a dizer, ao construir tal cenário, a Viola obteve uma sexta posição. O nível de exigência na capital da Toscana é alto e, por isso, o prato negativo da balança pesou mais. Com a rescisão do vínculo do treinador poucas semanas após o anúncio de uma surpreendente renovação, já que seu cargo chegara a subir no telhado antes disso, os gigliati terão de lidar com mais um início de trabalho em 2025-26.
Dovbyk, da Roma (Getty)
A campanha: 5ª colocação, 69 pontos. 20 vitórias, 9 empates e 9 derrotas. Classificada para a Liga Europa. No primeiro turno: 10ª posição, 23 pontos. Fora da Serie A: Eliminada nas quartas de final da Coppa Italia pelo Milan e nas oitavas da Liga Europa pelo Athletic Bilbao. Ataque e defesa: 56 gols marcados e 35 sofridos (a segunda melhor) Time-base: Svilar; Çelik (Hummels), Mancini, Ndicka; Saelemaekers, Koné (Pisilli), Cristante (Paredes), Angeliño; Soulé (Dybala), Pellegrini (El Shaarawy, Shomurodov); Dovbyk. Artilheiros: Artem Dovbyk (12 gols), Alexis Saelemaekers (7) e Paulo Dybala (6) Garçom: Matías Soulé (5 assistências) Técnicos: Daniele De Rossi (até a 4ª rodada), Ivan Juric (entre a 5ª e a 12ª) e Claudio Ranieri (a partir da 13ª) Os destaques: Artem Dovbyk, Mile Svilar e Paulo Dybala A decepção: Mario Hermoso A revelação: Niccolò Pisilli Quem mais jogou: Mile Svilar (38 jogos), Evan Ndicka (38) e Angeliño (38) O sumido: Victor Nelsson Melhor contratação: Artem Dovbyk Pior contratação: Mario Hermoso
A Roma precisou tirar Claudio Ranieri da aposentadoria para corrigir os rumos de uma temporada que parecia fadada ao fracasso por conta de erros da diretoria norte-americana, encabeçada pela família Friedkin. O ídolo Daniele De Rossi foi demitido de forma precoce e sem uma justificativa plausível, já que as quatro rodadas sem vitórias no início da competição não apagavam os bons momentos de 2023-24. Isso levou a torcida a iniciar protestos e até a vaiar continuamente Bryan Cristante e Lorenzo Pellegrini, apontados como pivôs da exoneração. O desastroso trabalho de Ivan Juric, que não teve boa relação com Mats Hummels e quase foi às vias de fato com Gianluca Mancini, só piorou o clima em Trigoria.
Quando Ranieri atendeu a urgência da Roma, sua equipe do coração estava mais perto da zona de rebaixamento do que da luta por competições europeias. O início não foi fácil para o veterano, que amargou derrotas para Napoli e Atalanta em suas duas primeiras partidas e reagiu contra o Lecce, para depois ver um tropeço no Como, com gols nos acréscimos, levantar dúvidas sobre o futuro da Loba. Àquela altura, os giallorossi ocupavam a 12ª posição. Mas, com a pacificação nos bastidores e as suas ideias de futebol sendo compreendidas pelo grupo, a chave foi virada ainda antes do returno, com uma goleada sobre o Parma e uma importantíssima vitória no clássico com a Lazio.
Esses dois triunfos foram vitais para a arrancada que Ranieri construiu no último de seus trabalhos como treinador – e que se tornou um de seus melhores. A Roma se tornou uma equipe compacta, parou de sofrer gols facilmente (foram 18 com ele e 17 nas jornadas anteriores) e enfileirou 19 partidas de invencibilidade, chegando a brigar pela vaga na Liga dos Campeões até a última rodada, quando a vitória da Juventus sobre o Venezia relegou os capitolinos à Europa League. Ainda assim, a temporada foi encerrada com moral em alta, e grandíssimo desempenho de nomes como Mile Svilar, Evan Ndicka, Angeliño, Manu Koné e o já citado Mancini. Vale ainda destacar que Don Claudio conseguiu conter possíveis insatisfações quanto ao rodízio que promoveu entre Cristante e Leandro Paredes, e ainda resgatou o futebol de Eldor Shomurodov e Matías Soulé, que esteve apagado em parte da temporada e substituiu bem Paulo Dybala após a lesão de La Joya. Por fim, o técnico conseguiu potencializar Artem Dovbyk, que vinha mostrando dificuldades de adaptação à Itália e será central no projeto de Gian Piero Gasperini, já anunciado como técnico giallorosso para 2025-26.
Yildiz, da Juventus (Getty)
A campanha: 4ª colocação, 70 pontos. 18 vitórias, 16 empates e 4 derrotas. Classificada para a Liga dos Campeões. No primeiro turno: 6ª posição, 33 pontos. Fora da Serie A: Eliminada nas semifinais da Supercopa Italiana pelo Milan, nas quartas da Coppa Italia pelo Empoli e nos 16-avos de final da Champions League pelo PSV Eindhoven. Ataque e defesa: 58 gols marcados e 35 sofridos (a segunda melhor) Time-base: Di Gregorio; Savona (Weah), Gatti (Veiga), Kalulu (Kelly), Cambiaso; Locatelli, Thuram; González (Conceição), McKennie (Koopmeiners), Yildiz; Vlahovic (Kolo Muani). Artilheiros: Dusan Vlahovic (10 gols), Randal Kolo Muani (8) e Kenan Yildiz (7) Garçom: Khéphren Thuram (5 assistências) Técnicos: Thiago Motta (até a 29ª rodada) e Igor Tudor (a partir da 30ª) Os destaques: Khéphren Thuram, Kenan Yildiz e Manuel Locatelli A decepção: Teun Koopmeiners A revelação: Samuel Mbangula Quem mais jogou: Manuel Locatelli (36 jogos), Khéphren Thuram (35) e Kenan Yildiz (35) O sumido: Arkadiusz Milik Melhor contratação: Khéphren Thuram Pior contratação: Lloyd Kelly
Uma clamorosa decepção. A Juventus contratou Thiago Motta porque pensava em brigar pelo scudetto ao mesmo tempo em que construiria um projeto de longo prazo, com um futebol vistoso e eficiente. Nada disso ocorreu. A Velha Senhora teve um desempenho pífio e, apesar de jamais ter ficado abaixo da sexta posição da Serie A, flutuou tempo demais fora do G4 graças aos excessivos empates provocados por um time modorrento, sem ideias e castigado por problemas internos. A falta de gestão na alta cúpula da diretoria serviu de mau exemplo para os níveis mais baixos de administração e as rusgas entre o – agora ex – diretor esportivo Cristiano Giuntoli, o técnico ítalo-brasileiro e várias peças do elenco foram apenas um sintoma do estado de abandono vivido pela agremiação.
O ano frustrante sob a batuta de Motta teve alguns pontos positivos, como o lançamento de jovens, como Nicolò Savona e Samuel Mbangula, o aumento de protagonismo de Kenan Yildiz e a pronta adaptação de Khéphren Thuram. Ou ainda a ratificação do sentimento de que, mesmo em confusão e momento negativo, a Velha Senhora é osso duro de roer e resiste a ser derrubada em solo nacional. Afinal, Igor Tudor substituiu o ítalo-brasileiro e, mesmo sem brilhantismo, acabou levando a equipe de Turim para a Champions League.
O fato é que a Juventus teve bastante paciência com o fraco desempenho de Motta e de reforços que não empolgaram na temporada, como Teun Koopmeiners, Douglas Luiz e Nico González. Até deu ao ex-treinador a oportunidade de trabalhar com Randal Kolo Muani, diante dos seus entreveros com Dusan Vlahovic. Porém, tudo degringolou a partir de fevereiro de 2025, com uma sucessão de importantes tropeços: as eliminações na Champions League e na Coppa Italia para PSV Eindhoven e Empoli, com elencos inferiores ao bianconero, e as contundentes derrotas para Atalanta (4 a 0 em Turim, a pior em casa em quase seis décadas) e Fiorentina (3 a 0). Ali, a diretoria se viu obrigada a mudar de rota e fazer algo raro: trocar de técnico com a campanha em andamento. Na gigante, isso ocorreu apenas em oito ocasiões nos últimos 55 anos e, dessa vez, o saldo foi positivo. Não o bastante para que a aposta em Tudor deva prosseguir, mas aí já seria pedir demais para dirigentes que têm demonstrado reiteradamente a falta de intimidade com o esporte.
Retegui e Lookman, da Atalanta (IPA/Getty)
A campanha: 3ª colocação, 74 pontos. 22 vitórias, 8 empates e 8 derrotas. Classificada para a Liga dos Campeões. No primeiro turno: vice-líder, 42 pontos. Fora da Serie A: Eliminada nas semifinais da Supercopa Italiana pela Inter, nas quartas da Coppa Italia pelo Bologna e nos 16-avos de final da Champions League pelo Club Brugge. Ataque e defesa: 78 gols marcados (o segundo melhor) e 37 sofridos Time-base: Carnesecchi; Djimsiti, Hien, Kolasinac (Kossounou); Bellanova, De Roon, Éderson, Zappacosta (Ruggeri); De Ketelaere (Pasalic, Samardzic), Lookman; Retegui. Artilheiros: Mateo Retegui (25 gols), Ademola Lookman (15) e Charles De Ketelaere (7) Garçom: Raoul Bellanova (9 assistências) Técnico: Gian Piero Gasperini Os destaques: Mateo Retegui, Ademola Lookman e Éderson A decepção: Isak Hien A revelação: Marco Palestra Quem mais jogou: Éderson (37 jogos), Marten De Roon (36), Charles De Ketelaere (36) e Mateo Retegui (36) O sumido: Giorgio Scalvini Melhor contratação: Mateo Retegui Pior contratação: Ben Godffrey
Naquele que acabou sendo o último dos nove anos de Gian Piero Gasperini em Bérgamo, a Atalanta até chegou a sonhar com o inédito título da Serie A, após engatar uma sequência de grandes resultados que lhe deu a possibilidade de aproveitar as oscilações de Napoli e Inter, mas se contentou com a quinta classificação para a Champions League em sete anos. Nada mal, evidentemente. Frustração mesmo foi a eliminação para o Club Brugge, na fase de 16-avos de final da Liga dos Campeões, quando se imaginava que a equipe poderia avançar no mínimo às oitavas, mas com boas chances de atingir as quartas do torneio.
Durante a temporada, a Atalanta soube lidar com as sérias lesões de Giorgio Scalvini e Gianluca Scamacca, que até voltaram a atuar, mas se contundiram gravemente outra vez, e conseguiu bons números na defesa e no ataque. Na retaguarda, muito mais porque empurrava os adversários contra a meta deles e não exatamente por esplendorosas exibições – só Marco Carnesecchi e Sead Kolasinac tiveram anos positivos, enquanto Isak Hien teve um 2024-25 para ser esquecido. Do meio para frente, Raoul Bellanova, Davide Zappacosta brilharam intensamente nas alas, ao passo que Marten De Roon e Éderson protagonizaram mais um campeonato sólido.
O ataque da Atalanta merece um capítulo à parte. Mateo Retegui chegou para substituir Scamacca e simplesmente se tornou ao mesmo tempo o artilheiro do campeonato e o maior goleador da Dea numa única edição da Serie A, superando Filippo Inzaghi – o ítalo-argentino ainda forneceu oito assistências. Ademola Lookman, terceiro colocado na artilharia, também contribuiu com cinco passes para gol, ao passo que Charles De Ketelaere teve um início de temporada brutal e somou 14 participações em tentos. Entretanto, o belga foi a síntese da equipe: murchou com o transcorrer de 2024-25, tal qual os nerazzurri após o 4 a 0 aplicado sobre a Juventus, em Turim. A equipe não suportou a sequência pesada e, com as três derrotas seguidas depois do triunfo, para Inter, Fiorentina e Lazio, se resignou em segurar o terceiro lugar do Italiano. Agora, a torcida faz figa para que Ivan Juric, um discípulo menos ofensivo e menos talentoso de Gasperini, mantenha a equipe no mesmo patamar.
Thuram e Lautaro, da Inter (Getty)
A campanha: 2ª colocação, 81 pontos. 24 vitórias, 9 empates e 5 derrotas. Classificada para a Liga dos Campeões. No primeiro turno: 3ª posição, 41 pontos. Fora da Serie A: Vice-campeã da Champions League, vice da Supercopa Italiana e eliminada nas semifinais da Coppa Italia pelo Milan. Ataque e defesa: 79 gols marcados (o melhor) e 35 sofridos (a segunda melhor) Time-base: Sommer; Pavard (Bisseck), Acerbi (De Vrij), Bastoni; Dumfries (Darmian), Barella, Çalhanoglu (Zielinski, Asllani), Mkhitaryan (Frattesi), Dimarco (Carlos Augusto); Lautaro, Thuram. Artilheiros: Marcus Thuram (14 gols) Lautaro Martínez (12) e Denzel Dumfries (7) Garçom: Federico Dimarco (7 assistências) Técnico: Simone Inzaghi Os destaques: Marcus Thuram, Lautaro Martínez e Denzel Dumfries A decepção: Mehdi Taremi A revelação: Luka Topalovic Quem mais jogou: Yann Sommer (33 jogos), Alessandro Bastoni (33), Federico Dimarco (33) e Nicolò Barella (33) O sumido: Tajon Buchanan Melhor contratação: Nicola Zalewski Pior contratação: Mehdi Taremi
A temporada da Inter teve ares esperançosos de uma nova tríplice coroa, mas terminou com uma enorme frustração para a torcida – que ativou o pessimismo de forma passional e começou a querer jogar fora a água do banho com o bebê junto. A decepção pela perda de um scudetto para um time inferior no papel e em diversos mecanismos de jogo (falamos mais sobre o Napoli a seguir) é legítima, mas foi o trauma pela maior goleada sofrida numa final de Champions League, que também representou a maior derrota europeia da Beneamata, que disparou o gatilho para o ensandecimento de parte dos torcedores.
O maior defeito da Inter de Simone Inzaghi em 2024-25 foram as oscilações – ao longo da temporada e dentro de um mesmo jogo. A equipe conseguiu produzir grandes partidas, como nas goleadas por 4 a 0 e 6 a 0 sobre Atalanta e Lazio, respectivamente, ou contra Bayern de Munique e Barcelona, pela Champions League, mas também foi capaz de desperdiçar pontos contra o rebaixado Monza ou em clássicos contra times bem inferiores de Juventus e Milan. Sobrou desconcentração e o envolvente futebol dos nerazzurri não foi tão frequente quanto o necessário para estabelecer uma vantagem sobre os adversários e confirmar o seu favoritismo na briga pelo scudetto.
O coletivo da Inter até funcionou bem, vide o fato de 19 jogadores diferentes terem feito gols e ter havido boa distribuição entre os que encontraram as redes e os garçons – Hakan Çalhanoglu, Nicolò Barella e Alessandro Bastoni, por exemplo, ficaram bem próximos de Federico Dimarco em número de assistências. O turco, porém, foi um dos mais castigados pela longa temporada dos nerazzurri, que sentiram de forma muito intensa, principalmente a partir de abril de 2025, o desgaste físico e o mental de estarem disputando todos os troféus possíveis. E competindo com um elenco envelhecido em alguns setores e com reservas que não conseguiam produzir o mesmo que os titulares. Esse problema se verificou na defesa, onde Yann Aurel Bisseck colecionou falhas decisivas e não supriu adequadamente a ausência de Benjamin Pavard; no meio, já que Kristjan Asllani parecia um garoto intimidado nas ocasiões em que substituiu Çalhanoglu; e no ataque, considerando que Medhi Taremi, Marko Arnautovic e Joaquín Correa fizeram a torcida sentir saudades de Lautaro Martínez e Marcus Thuram sempre que estiveram em campo.
Raspadori e McTominay, do Napoli (Getty)
A campanha: campeão, 82 pontos. 24 vitórias, 10 empates e 4 derrotas. Classificado para a Liga dos Campeões. No primeiro turno: líder, 44 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Lazio. Ataque e defesa: 59 gols marcados e 27 sofridos (a melhor) Time-base: Meret; Di Lorenzo, Rrahmani, Buongiorno (Juan Jesus), Olivera (Spinazzola); Anguissa, Lobotka (Gilmour), McTominay; Politano, Lukaku, David Neres (Kvaratskhelia, Raspadori). Artilheiros: Romelu Lukaku (14 gols), Scott McTominay (12), Giacomo Raspadori (6) e André-Frank Zambo Anguissa (6) Garçom: Romelu Lukaku (10 assistências) Técnico: Antonio Conte Os destaques: Scott McTominay, Romelu Lukaku e André-Frank Zambo Anguissa A decepção: Cyril Ngonge A revelação: ninguém Quem mais jogou: Amir Rrahmani (38 jogos), Giovanni Di Lorenzo (37) e Matteo Politano (37) O sumido: Noah Okafor Melhor contratação: Scott McTominay Pior contratação: Noah Okafor
O Napoli de 2024-25 foi um dos campeões italianos mais cheios de lacunas e menos brilhantes dos últimos tempos. Mas, calma, isso não é demérito algum para os azzurri – talvez seja para a Inter, que não fez valer o seu favoritismo. Ao contrário, o final feliz para o time campano só evidencia quanto os partenopei precisaram suar para superarem uma enorme combinação de fatores adversos e serem tetracampeões nacionais. Podemos citar, por exemplo, o banco de reservas reduzido, a utilização de Juan Jesus e Giacomo Raspadori como titulares em grande parte da campanha, a necessidade de improvisar Leonardo Spinazzola como ponta e a substituição de Khvicha Kvaratskhelia pelo anônimo Noah Okafor, que entrou vestiu a camisa azzurra por apenas 36 minutos.
Sedento por se tornar o primeiro técnico a conquistar scudetti com três times diferentes, Antonio Conte ignorou a Coppa Italia, única outra competição disputada pelo Napoli em 2024-25, e concentrou todas as forças na Serie A. É verdade que a preparação física exigiu demais dos jogadores e alguns se machucaram com frequência – a exemplo de Alessandro Buongiorno, Stanislav Lobotka e David Neres. Por outro lado o treinador não se dobrou a seus próprios caprichos e abdicou do seu esquema favorito (o 3-5-2) na maior parte da temporada, já que não tinha um elenco próprio para isso. O comandante foi se adaptando aos adversários e fazendo mudanças jogo a jogo, provando que não é homem de um sistema só.
O Napoli de 2024-25 passou longe de ser brilhante ofensivamente. O campeão teve só o sexto ataque mais positivo da Serie A, com 20 gols a menos do que a Inter, dona do melhor no quesito, e dependeu muito da fisicalidade de Romelu Lukaku. O belga não teve um ano de tantas atuações extraordinárias, mas foi sido muito influente e conseguiu um “duplo duplo” em gols e assistências. Apesar desse cenário, o time azzurro foi muito determinado e resiliente. O que ficou evidente pelo trabalho incansável de Matteo Politano na ala direita, pela dedicação de Amir Rrahmani e André-Frank Zambo Anguissa, e pelo fato de a equipe ter sido capaz de superar um momento de estagnação, com cinco rodadas sem triunfos e uma sequência de apenas duas vitórias em oito jornadas, já no returno, para alcançar o título em seguida. Os partenopei sofreram apenas cinco tentos em seus 11 últimos compromissos, e ainda contaram com o poder de decisão de Scott McTominay. O escocês chamou a responsabilidade e, com seis bolas nas redes nas oito derradeiras partidas, levou o scudetto para o sul da Itália, onde se colhem os melhores tomates do país.