AVANTE MEU TRICOLOR
·8 juin 2025
VOCÊ SABIA? NO FUNDO DO POÇO EM 1990, SÃO PAULO ENFRENTOU ATÉ GREVE NO CT DA BARRA FUNDA E PENSOU EM DISPENSAR RAÍ

In partnership with
Yahoo sportsAVANTE MEU TRICOLOR
·8 juin 2025
Bobô durante o duelo com o Botafogo pela repescagem do Paulistão (Morumbiteca)
RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo
No dia 20 de junho de 1990, o São Paulo venceu o Noroeste por 6 a 1 no Morumbi e se despediu do Campeonato Paulista daquela temporada, eliminado na fase de repescagem. Terminou na 15ª colocação em um torneio com 24 times. Foi a pior colocação do clube na história do certame. Uma anormalidade nunca vista e jamais repetida.
O pior momento da história são-paulina, contudo, vai muito além da coleção de tropeços naquele Estadual, onde rivais ordinários fantasiados por manchetes sensacionalistas e errôneas de jornais da época alardeiam um falso rebaixamento.
Se hoje as manchetes tricolores apontam para uma crise financeira, em 1990, no período antes da chegada de Telê Santana, que marcaria de vez a transformação do São Paulo, o cenário também era de crise absoluta.
Há 35 anos (7/6/1990), o São Paulo vivia um momento de turbulência dentro e fora de campo, que incluiu até uma greve de funcionários que fechou o CT da Barra Funda.
Como se não bastasse estar disputando a repescagem do Campeonato Paulista, com jogos durante a Copa do Mundo da Itália, o Tricolor praticamente só recebia más notícias naqueles dias.
Especificamente no dia 7, uma quinta-feira, o treino da equipe teve de ser transferido para o Morumbi, pois os funcionários do CT cruzaram os braços, reivindicando melhores salários.
No mesmo dia, a diretoria ainda viu rejeitado seu pedido de antecipação da partida contra a Internacional para o dia seguinte. A ideia era fugir da estreia do Brasil no Mundial, contra a Suécia, marcada para horas depois. E não só para prejudicar menos a presença do público, mas também pelos próprios jogadores, que teriam de se trocar rápido após o apito final, a fim de dar tempo de chegarem em casa com tranquilidade.
Enquanto isso, o técnico Pablo Forlán lidava com os muitos desfalques, como os lesionados Adílson, Bobô, Nelsinho e Ronaldão, além de Ricardo Rocha, que estava com a Seleção na Itália, e de Paulo César, que ganhou um descanso depois de disputar o Torneio de Toulon com a Seleção Brasileira de novos. Este, quando tinha de retornar, simplesmente não apareceu por vários dias, deixando os cartolas preocupados — e Forlán fumegando, pois garantia que não o tinha liberado.
Com tanta gente de fora, era necessário fazer improvisações, como a escalação do volante Cafu na lateral-direita. Além disso, tornou-se comum ter de apelar a garotos da base para completar os times do coletivo, e no dia 8 um deles fraturou a tíbia e a fíbula, precisando ser operado. Era a segunda grave lesão que Ackson, então com 20 anos, sofria.
Por causa do cenário geral, estava sendo cogitada a contratação de um psicólogo para o dia a dia do elenco. Os cartões também iriam se acumulando, causando suspensões que aumentavam a quantidade de ausentes que Forlán tinha que administrar.
Nesse meio-tempo, a diretoria ainda contratou o atacante uruguaio Juan Ramón Carrasco, de 31 anos, que era o dono de seu passe, mas, mesmo tendo chegado já no dia 11, não conseguiria estrear ainda durante a repescagem.
Outro nome cogitado já naquele momento, mas que ainda demoraria um pouco para chegar era o de Diego Aguirre, outro atacante uruguaio.
Os muitos problemas fizeram o vice-presidente de futebol Fernando Casal de Rey avisar que faria uma avaliação geral do elenco após a repescagem, onde muitos atletas teriam de provar suas reais condições de defender o clube, incluindo alguns medalhões. Quem não conseguisse seria dispensado. Um dos nomes cogitados para a limpa era o do meia Raí, que se mostrava desmotivado e estava no alvo do Flamengo, com outras especulações sendo publicadas na imprensa, como a de que ele estava “praticamente negociado com o futebol português”, que chegou a sair no Diário Popular.
Passado o tormento do Paulistão, as coisas entraram nos eixos no Tricolor, que com Telê Santana, contratado após a Copa, entrou no período mais vencedor de sua história.