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·20 Desember 2025
20 anos depois, Thiago Silva regressa ao FC Porto: «É o melhor defesa que vi ao vivo»

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Thiago Silva está de volta ao FC Porto! O defesa brasileiro de 41 anos assinou pelos dragões até ao final desta temporada, com mais uma de opção.
Duas décadas depois de uma primeira passagem curta pela Invicta, o central regressa ao azuis e brancos como uma das figuras mais tituladas do futebol mundial. Caracterizado pela capacidade de liderança e pela experiência acumulada em grandes clubes europeus - Milan, PSG e Chelsea -, o defesa torna-se assim numa peça valiosa para Francesco Farioli.
Resta agora saber como irá o treinador italiano utilizar o defesa brasileiro, que estava livre no mercado após terminar contrato com o Fluminense. Será sempre difícil para o jogador entrar diretamente nas escolhas iniciais, principalmente pela boa forma da dupla Kiwior e Bednarek. Contudo, não há muito tempo, Sérgio Conceição improvisou Éder Militão na lateral direita, para encaixar - o também regressado na altura - Pepe no centro da defesa.
Deixando essas questões para o mister Farioli, tentámos perceber em que forma é que o defesa chega, o que pode dar a este FC Porto e que legado já tem no mundo do futebol, aproveitando a ajuda de Eduardo Massa, jornalista do domínio brasileiro do zerozero (oGol).
Apesar da idade avançada, Thiago Silva vem de uma época bastante produtiva, tendo feito 46 partidas pelo conjunto brasileiro em 2025. Curiosamente, foi titular em quase todos os jogos, tendo sido suplente utilizado apenas uma vez, na derrota caseira com o Palmeiras por 1-2. No Brasileirão, alinhou em 25 encontros dos 38 possíveis, o que mostra a necessidade normal de alguma gestão.
«Ainda estava muito bem no Fluminense. Aos 41 anos, era o melhor defesa do clube com sobras. Mas é aquilo, dá para sentir que em um lance as pernas podem falhar e já não aguenta jogos em sequência. Ninguém está imune à idade. Nem mesmo jogadores como Cristiano Ronaldo e Thiago Silva, exemplos de profissionais. Mas ainda é um jogador que está em um patamar acima da média. Muito acima da média», afirmou Massa.
«O que acontece desde os tempos de PSG é que Thiago Silva não é para todos os jogos. Ele não tem mais condições de jogar de três em três dias. Naturalmente, volta e meia tem problemas físicos, embora saiba quando se poupar. Fisicamente, ele não tem a velocidade de outros tempos, mas ainda ganhava aos jogadores muito mais jovens. A Inteligência, a técnica e o posicionamento tático ainda estão lá», considerou o jornalista brasileiro.
Sobre o que o central pode acrescentar ao dragões, explicou o seguinte: «Eu acho que, aos 41 anos, o mais importante é explorar a experiência de Thiago Silva. Praticamente todos os jogadores que atuaram ao lado dele na defesa atingiram outro patamar. É um líder nato em campo. Transforma completamente quem atua ao seu lado, mais pelo exemplo do que pela palavra. Não são os discursos fora de campo que fazem a diferença, e sim a dedicação, a liderança e a inteligência tática dentro dele.»
Recentemente, no emblema carioca, foi treinado por Luis Zubeldía, que lhe deixou rasgados elogios: «É realmente um prazer poder comandar o Thiago. Creio que os seus companheiros também sentem prazer em tê-lo ao lado. E os adeptos, igualmente. Apesar de ser um ser humano, que pode cometer falhas, o que ele faz em campo merece ser destacado, sobretudo para as novas gerações.»
«Aqui temos um defesa que é a perfeição. Está aqui, não na Europa. Isso é algo que deve ser aproveitado. Trato cada jogador de forma distinta, mas no 'manual' de como ser defesa central, ele é perfeito dentro do imperfeito que é ser humano. É algo que faz pensar: 'senhores, chega de teoria no futebol de formação, vejam o que aqui se faz e passem a trabalhar desde cedo'.»
A idade parece não ser um peso para o centralão, que poderá acrescentar muito no extra-campo. Kiwior e Dominik Prpic ganham um claro exemplo para irem crescendo no dia a dia, enquanto o restante plantel trabalhará de perto com um vencedor máximo - algo que pode ser muito importante na luta pelo campeonato. A juntar isso, é expectável que se torne numa extensão do próprio treinador no relvado, face à tal experiência acumulada e à capacidade tática que tem apresentado ao longo dos anos.
Com mais de duas décadas de carreira, Thiago Silva é um dos jogadores mais titulados de sempre. Ao todo, conquistou 31 títulos, onde se destaca uma Liga dos Campeões, uma Copa América, um Campeonato do Mundo de Clubes e oitos ligas nacionais.
«Ele é o Benjamin Button do futebol. Eu sei o quanto de trabalho e profissionalismo estão por trás disso», afirmou Thomas Tuchel, durante a passagem de ambos pelo Chelsea, destacando a longevidade do atleta.
Mas Thiago Silva é muito mais do que troféus, é uma lenda por onde passou e um padrão do que significa ser um central moderno. Ótima leitura de jogo, disciplina e liderança, é assim que o defesa é recordado por todos os que privaram com ele. Impressiona ainda pela capacidade de elevar o nível daqueles que estão à sua volta. Treinadores e jogadores sublinham a sua influência dentro e fora das quatro linhas.
«Eu não gosto muito da palavra reinventar-se, nós adaptamo-nos a situações diferentes. O Thiago já está inventado. Tem uma grande capacidade profissional, é um verdadeiro atleta - basta ver os cuidados físicos que mantém. A qualidade técnica para um defesa, a perceção de jogo… sobram», referiu Tite, ex-comandante da seleção brasileira, em 2021.
O central continua a demonstrar essas qualidades quatro anos depois, sendo um claro exemplo para as gerações futuras. Cada título, jogo, golo e desarme refletem não apenas a sua qualidade individual, mas sim o legado permanente que já tem no desporto rei.
«Antes de tudo, desfrutem. Thiago Silva divide o posto com Sergio Ramos de melhor defesa central da geração. Os adeptos do FC Porto terão a chance de ver um atleta que foi não apenas ídolo do Fluminense, Milan, PSG e Chelsea, mas um jogador histórico de todos esses clubes. Fora Paolo Maldini, não acho que tenha acompanhado alguém do mesmo patamar. É, com sobras, o melhor central que vi ao vivo», sublinhou Eduardo Massa.
Como já referido, esta será a segunda passagem de Thiago Silva pelo FC Porto. Desta vez, será para alinhar na equipa principal, ao contrário do que aconteceu há 20 anos. No verão de 2004, com apenas 20 anos de idade, o central brasileiro chegou aos dragões proveniente do Juventude para integrar a equipa B, então orientada por Domingos Paciência.
Alinhou em apenas 14 encontros pelo plantel secundário dos azuis e brancos, somando 13 titularidades. Nesse conjunto, atuou ao lado de Rui Sacramento, Hugo Almeida e Vieirinha. Até que, poucos meses depois, acabou por ser emprestado ao Dynamo Moskva. Contudo, e ainda antes de rumar à Rússia, surgiram os primeiros sinais de um problema de saúde, que acabou por marcar a sua passagem por Portugal.
Ainda desconhecido no futebol europeu, Thiago Silva iniciou uma dura batalha contra a tuberculose, que acabou por deixar marcas na sua vida e na própria carreira: «Tudo o que vivi no Porto foi muito forte. Em poucos meses, fui do sonho de jogar na Europa ao pesadelo de talvez nunca mais jogar futebol. Aquele período ajudou a formar o atleta e o ser humano que sou hoje», recordou, em 2021.
O cenário agravou-se em Moscovo, onde o jogador viveu meses dramáticos: «Na Rússia, o Thiago ficou mais de seis meses no hospital. A meio do processo disseram-lhe que não podiam fazer nada e teriam que retirar parte de um dos pulmões», relatou Belle Silva, esposa do atleta, numa entrevista ao Goal. «Ele não podia continuar a jogar sem ter os pulmões a funcionar a 100 por cento. Quando ele e a família entenderam a gravidade da situação, já tinha perdido seis meses no hospital. Foi muito difícil entender que o sonho terminaria assim», acrescentou.
Assim, a primeira aventura com as cores do FC Porto não deixam muitas saudades. Para além da doença, o jogador admitiu que os primeiros tempos foram desafiantes.
«A minha chegada ao Porto não foi fácil e tive algumas dificuldades. Falava a mesma língua, mas sentia-me muito só. Dois meses depois apanhei tuberculose e nenhum médico sabia ao certo o que se passava comigo. Quase não treinei com o plantel principal, tudo devido à tuberculose. Foi um ano em que quase não joguei futebol. Foi muito triste para mim», recordou em 2011, numa entrevista ao site oficial da UEFA.
Anos mais tarde, já no topo do futebol mundial, Thiago Silva não esqueceu esse período difícil ligado à cidade, num dos momentos mais altos da sua carreira.
«Um dos piores momentos da minha vida começou aqui no Porto. Curei-me aqui e sou campeão da Champions aqui. As coisas estão nas mãos de Deus e não há como dar errado. Por vezes, só entendemos mais tarde e, agora, entendo que todo o sacrifício que fiz foi válido para estar a levantar esta taça tão importante», afirmou, momentos depois de ajudar o Chelsea a bater o Manchester City na final da Liga dos Campeões, em 2020/21.









































