Além dos casos na Fifa, Corinthians possui dívida superior a R$ 40 milhões por três contratações em 2024

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Central do Timão

·26 September 2025

Além dos casos na Fifa, Corinthians possui dívida superior a R$ 40 milhões por três contratações em 2024

Por Fabio Luigi / Redação da Central do Timão

Com uma dívida na casa dos R$ 2.6 bilhões e em situação financeira caótica, o Corinthians está punido com um transferban da Fifa relacionado à uma dívida de R$ 40 milhões pela compra do zagueiro Félix Torres junto ao Santos Laguna, do México, em janeiro de 2024 e foi condenado nesta semana a pagar R$ 41,3 milhões em até 45 dias por pendências com o meia paraguaio Matías Rojas.

O Alvinegro ainda pode sofrer outras três punições, que estão sendo analisadas pela Corte Arbitral do Esporte (CAS): negociações pelos volantes Maycon e José Martínez, além do meia Rodrigo Garro. De acordo com a informação divulgada inicialmente pelo ge.globo, o Corinthians também ainda não pagou a compra definitiva do zagueiro Cacá – R$ 24 milhões – junto ao Tokushima Vortis, do Japão.

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Foto: José Manoel Idalgo/Agência Corinthians

O Corinthians também ainda não efetuou o pagamento referente a ampliação do empréstimo até o final deste ano do atacante Talles Magno, que pertence ao New York City, dos Estados Unidos. O clube do Parque São Jorge também está em inadimplência com o Midtjylland, da Dinamarca, pela contratação do volante Charles, na janela de transferências de julho do ano passado.

Contabilizando as três pendências, os valores somam aproximadamente R$ 43 milhões. Os clubes que ainda tem cifras a receberem do Corinthians podem recorrer à Fifa, o que pode gerar outras punições ao Corinthians na principal entidade do futebol mundial. As contratações citadas foram feitas durante a gestão do ex-presidente Augusto Melo – janeiro de 2024 a maio de 2025 – destituído após desdobramentos do caso VaideBet.

Em entrevista ao ge.globo, Augusto Melo se defendeu das críticas que vem sofrendo, afirmando ter deixado receitas suficientes para que o clube pudesse honrar os seus compromissos. Ele também ressaltou que deixou um “alto patrimônio” para o clube do Parque São Jorge enquanto esteve na cadeira de presidente.

“Deixamos chegar perto do limite. Isso infelizmente é normal dentro do que é a atual situação do Corinthians, a dívida é muito alta. Não fui eu quem criou essa situação. Precisei fazer isso (gastar na montagem do time) para que o Corinthians não caísse para a Série B. O que era mais importante: ficar devendo no mercado ou cair para a Série B?”, disse.

De todas as contratações de sua gestão, apenas duas delas foram totalmente pagas: a do goleiro Hugo Souza e a do lateral-direito Matheuzinho, ambos que pertenciam ao Flamengo. Para zerar a dívida pela compra do camisa 2, o Alvinegro contou com o auxílio da Brax. Já em relação a situação do arqueiro, o Corinthians teve ajuda da Esportes da Sorte, patrocinadora máster do clube.

Atualmente, os valores das dívidas são bem mais altas. O Corinthians, além das punições vigentes da Fifa, ainda pode arcar com juros em possíveis renegociações dos débitos citados. Segundo o ge.globo, a gestão do presidente Osmar Stabile vai buscar novos acordos de renegociação para evitar novos problemas.

Augusto Melo também respondeu o motivo do Corinthians não ter pago grande parte das contratações realizadas em 2024: “Começamos o ano (2024) sem credibilidade e sem dinheiro. O Corinthians ia cair para a Série B e ninguém queria jogar aqui. Busquei novas receitas e paguei transferbans (dívida com Balbuena) da gestão passada sem fazer alarde. Estava preocupado em trabalhar para o Corinthians. No começo da minha gestão, cometemos erros porque não tínhamos um executivo de mercado.”

“Contratamos bons jogadores, mas pagamos um preço alto. Foi assim com o Garro e com o Félix Torres. Deixei ao clube grandes receitas de TV, de placas de publicidade e outras situações como o contrato da Adidas que depois decidiram por renovar com a Nike. Só a venda do Denner foi de mais de 8 milhões de euros à vista.”

Posteriormente, questionou a atual gestão sobre não ter pago as dívidas que vem sendo noticiadas nos últimos dias, citando que, enquanto esteve na presidência, entraram mais de R$ 120 milhões. Ele também ressaltou que todas as contratações ocorreram com autorização dos departamentos jurídico e financeiro: “Com certeza entraram mais de R$ 120 milhões. Por que não pagaram? Eu tive o mesmo problema no ano passado e paguei os transferbans das gestões passadas. Estão antecipando as minhas receitas. Eles não têm competência e querem jogar nas minhas costas, mas contratei com anuência do financeiro e do jurídico.”

“Todos os atletas que compramos foi com autorização do financeiro e do jurídico do Corinthians. O Fabinho (Soldado, executivo de futebol) analisava junto com a comissão técnica, o financeiro e o Cascone (ex-diretor jurídico) autorizaram. Aí sim eu assinava. Sempre foi dessa forma. Se deu errado, você precisa perguntar a eles. Eu fiz as contratações com todos os avais necessários.”

Em seguida, foi questionado sobre o motivo de não ter realizado os pagamentos sendo que afirmou que arrecadou para tal. Na resposta, afirmou que ‘querem manchar sua imagem’, ressaltando que recusou propostas por atletas como Gui Negão: “Querem manchar a minha imagem. Eles (atual gestão) é que precisam fazer isso. Compramos os atletas e deixamos no limite para poder pagar. Não deveria ser assim, mas na situação do Corinthians precisa ser assim. Eu não ia pagar os salários? Se eu estivesse lá, estaria pagando. Cadê o dinheiro que entrou? Por que não pagaram? Eu fui tirado (da presidência) por um golpe. Não devo nada, nunca usei dinheiro do Corinthians, nunca usei o cartão de crédito do Corinthians . O caso do Matías Rojas você pode ir perguntar pro Rozallah (Santoro, ex-diretor financeiro do Corinthians), foi ele que não autorizou o pagamento.”

“Falam das dívidas, mas não falam do ativo que eu deixei. Hoje, o Garro vale muito mais do que o preço que fechamos. Se tem tanta dívida assim, por que não vende o Garro? Só vender o Garro que paga tudo de uma só vez. Olha o Gui Negão! Quem segurou ele no clube fui eu. Recusei uma proposta de 14 milhões de euros no Gui Negão, hoje o mínimo para ele sair do Brasil são 25 milhões de euros.”

Melo também revelou que o Corinthians pagava as dívidas com os clubes apenas quando estes acionavam o Alvinegro na Justiça: “Sim, infelizmente sim. Mas não fui eu que criei isso, o Corinthians tem uma dívida de R$ 2,5 bilhões. Foi assim na gestão anterior (Duilio Monteiro Alves), foi assim comigo e vai ser assim nessa atual gestão. Cadê o dinheiro que eu busquei ao clube? Eu busquei novas receitas no mercado. Querem vir para cima de mim, mas não fiz nada de errado. Dizem, dizem e não apresentam nada. Onde estão as provas?”, finalizou.

Confira abaixo todas as dívidas do Corinthians pelos atletas contratados em 2024:

1) Raniele – custo informado: R$ 13,3 milhões. Situação atual: Cuiabá acionou a Justiça cobrando os valores devidos. O processo entrou na CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas) e o Timão concluirá o pagamento, que inclui outras pendências com o clube mato-grossense, em 24 parcelas trimestrais.

2) Félix Torres – custo informado: R$ 31 milhões. Situação atual: O Corinthians foi derrotado na Fifa e no CAS e foi punido com um transferban de até três janelas. A dívida do Alvinegro junto ao Santos Laguna, do México, está em R$ 40 milhões e exigem o pagamento à vista.

3) Rodrigo Garro – custo informado: R$ 35 milhões. Situação atual: R$ 35 milhões. O Corinthians, na época da contração, pagou um valor de entrada junto ao Talleres, da Argentina, e, posteriormente, não pagou o restante. O Talleres acabou vencendo a ação na Fifa e o Alvinegro recorreu ao CAS, que ainda analisa o caso – em julgamento.

4) Pedro Raul – custo informado: R$ 25 milhões. Situação atual: O Corinthians não quitou nenhuma das duas parcelas que venceram em 2024 referente à compra junto ao Toluca, do México. No início do ano, o Alvinegro renegociou o débito e, atualmente, está em dias com suas obrigações no negócio.

5) Talles Magno – custo informado: R$ 8,2 milhões se caso não exercer a opção de compra ao final do contrato. Situação atual: em março de 2025, o Corinthians estendeu o empréstimo do jogador até dezembro e, até o momento, o clube não pagou nada.

6) Alex Santana – custo informado: R$ 13,6 milhões. O Corinthians não pagou duas parcelas acordadas na contração e o Athletico-PR entrou com uma ação na Justiça. O caso está sob análise da 10ª Vara Cível de Curitiba.

7) Charles – custo informado: R$ 9,7 milhões. Situação atual: O Corinthians está inadimplente com o Midtjylland, da Dinamarca, e a gestão de Osmar Stabile está em contato direto com os dinamarqueses para buscar uma renegociação do acordo.

8) José Martínez – custo informado: R$ 11 milhões. Situação atual: O Corinthians pagou apenas U$ 200 mil como valor de entrada pela compra e não pagou U$ 1,5 milhão. Diante disso, o Philadelphia Union, dos Estados Unidos acionou a Fifa. O Alvinegro, por sua vez, recorreu ao CAS e aguarda uma decisão do órgão.

9) Cacá – custo informado: R$ 24 milhões. Situação atual: O Corinthians não pagou nenhuma das parcelas ao Tokushima Vortis, do Japão, pelos R$ 24 milhões pela compra definitiva do zagueiro Cacá e a atual diretoria está em contato com os japoneses para renegociar a dívida com os japoneses.

10) Matías Rojas – custo informado: R$ 8,6 milhões. Situação atual: Em fevereiro de 2024, o jogador solicitou rescisão unilateral de contrato com o Corinthians após o não cumprimento da renegociação de uma dívida – gestão Augusto Melo – referente a direitos de imagem, que se iniciou na gestão Duílio Monteiro Alves, em julho de 2023, quando o atleta foi contratado. O paraguaio ingressou com uma ação na Fifa na metade do ano passado solicitando R$ 40 milhões do clube, referente a todos os valores que teria de receber até o final do seu vínculo, que se encerraria em julho de 2027.

Nesta semana, o Corinthians foi condenado no CAS – recorreu após derrota na Fifa – a pagar R$ 41,3 milhões sujeito a aplicação de juros em até 45 dias, com possibilidades de um novo trasnferban se caso não houver uma renegociação da dívida ou o Alvinegro não quitar o valor pendente dentre do prazo citado.

11) Maycon – custo informado: 1 milhão de euros (R$ 6 milhões). Situação atual: Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, não recebeu o valor citado referente a renovação de empréstimo – quarto seguido – do atleta com o Alvinegro e optou por acionar a Fifa. O clube do Parque São Jorge aguarda a publicação da decisão por parte do CAS.

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