
Calciopédia
·10 Juli 2025
Antonio Candreva entregou regularidade e longevidade em duas décadas de Serie A

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·10 Juli 2025
Em um momento do futebol italiano marcado por altos e baixos nas seleções nacionais e constantes transformações nos clubes tradicionais, Antonio Candreva representou algo raro: regularidade. Ao longo de duas décadas, o meio-campista romano construiu uma carreira sólida, quase inteiramente dedicada à Serie A, defendendo camisas pesadas como as de Juventus, Lazio, Inter e Sampdoria. As mais de 500 partidas na elite o colocam como um dos grandes operários da primeira categoria da Bota neste século.
Nascido em Roma, em 28 de fevereiro de 1987, Candreva é, por parte de pai, descendente da comunidade arbëreshë – formada por albaneses que migraram para o sul da Itália; no seu caso, para Falconara Albanese, comuna da província de Cosenza, na Calábria. Torcedor assumido da Roma, Antonio não teve chances em sua equipe do coração na base e, assim, ingressou no setor juvenil da Lodigiani, tradicional agremiação formadora da capital italiana, por onde passaram dezenas de jovens, como um tal de Francesco Totti. Aos 15 anos, se transferiu à Ternana em 2002.
Candreva estreou profissionalmente em 2004, aos 17, quando a Ternana estava na Serie B – entretanto, vivia um momento conturbado, chegando a ter quatro técnicos ao longo de 2004-05. Pela equipe rossoverde, o meio-campista ambidestro ganhou espaço como titular e chamou atenção por sua velocidade, versatilidade e boa técnica no passe, mas amargou um rebaixamento à terceirona. As características de seu futebol fizeram com que o romano passasse pelas seleções sub-18, sub-19 e sub-20 da Itália e também o levaram para a Udinese, que o tirou da C1 em 2007.
Na equipe friulana, Candreva teve dificuldades para se firmar, chegando até atuar pelo time Primavera (sub-19). O romano fez sua estreia na Serie A em janeiro de 2008, em um empate sem gols com a Inter, e recebeu poucas oportunidades entre os adultos, somando apenas três partidas no campeonato e cinco na Coppa Italia – curiosamente, seriam seus únicos jogos em um quinquênio de vínculo com os bianconeri. A escassez de minutos não diminuiu seu crédito com Pierluigi Casiraghi, técnico da seleção olímpica italiana, que o levou para a vitoriosa campanha no Torneio de Toulon e para a Olimpíada de Pequim, em 2008, em substituição ao lesionado Tommaso Rocchi, um dos três convocados de mais de 23 anos.
Naqueles tempos, Candreva ainda não atuava na função em que teria seus melhores momentos – aberto pelos lados, principalmente o direito. Na condição de meio-campista central ou trequartista, o jogador chegaria por empréstimo ao Livorno em 2008, como um dos reforços que receberiam a missão de ajudar o time amaranto a voltar à Serie A imediatamente após o rebaixamento. Na Toscana, finalmente começou a se destacar.
Candreva obteve seus primeiros momentos de destaque na Serie A com a camisa do Livorno (Getty)
Ao lado de nomes como Alessandro Diamanti, Francesco Tavano e os irmãos Antonio e Emanuele Filippini, Candreva foi um dos principais jogadores da campanha de vice-campeonato do Livorno na Serie B. Na elite, após a venda de Alino ao West Ham, ganhou protagonismo e se tornou um dos garçons habituais de Cristiano Lucarelli, que voltou a vestir amaranto em 2009-10. O segredo para o sucesso com os labronici? A utilização mais frequente como ponta-direita.
Jogando bem pelo time toscano, Candreva estreou na seleção sub-21 italiana e participou da Eurocopa da categoria, na qual a Itália chegou às semifinais – Antonio começou como reserva, e terminou como titular na derrota para a Alemanha. Não demorou para que Marcello Lippi o convocasse para a Nazionale: o debute em azzurro aconteceu em novembro de 2009, num empate sem gols contra a Holanda. No ano seguinte, chegou a figurar na lista preliminar de 30 jogadores para a Copa do Mundo, mas foi cortado pouco antes da convocação final. E sua ausência foi uma das tantas criticadas pela imprensa, já que o treinador optou por manter grande parte da velha guarda, campeã em 2006, e pouco renovou o elenco.
Àquela altura, Candreva já havia deixado o Livorno. Após 56 jogos e dois gols, além de um bom desempenho que foi além dos números, a Juventus apareceu para contratá-lo por empréstimo junto à Udinese em janeiro de 2010. Em Turim, atuou ao lado de Alessandro Del Piero, Giorgio Chiellini, Fabio Cannavaro e Gianluigi Buffon, além dos brasileiros Diego, Felipe Melo e Amauri – esse último, ítalo-brasileiro. Sua versatilidade era bem-vinda no Piemonte, mas os tempos não era bons.
Na Juve, o romano marcou dois gols e forneceu duas assistências em 20 jogos, quase todos sob as ordens de Alberto Zaccheroni, que substituiu Ciro Ferrara logo após a chegada de Candreva. O meia teve sua primeira experiência em competições continentais e esteve em campo na vexatória derrota por 4 a 1 sobre o Fulham, que resultou na eliminação dos bianconeri nas oitavas de final da Liga Europa. Em reconstrução depois de maus resultados e apenas um sétimo lugar na Serie A, os piemonteses não exerceram a opção de compra de seu passe. Apesar de breve, a passagem por Turim serviu para o garoto entender a pressão de um grande clube.
O meia romano passou pela Juventus num momento de vacas magras da equipe e teve problemas para se firmar (Getty)
Candreva até voltou para a Udinese com pinta de que teria chances no Friuli e fez toda a pré-temporada pela equipe. Entretanto, nos últimos momentos da sessão de mercado do verão europeu, foi emprestado ao Parma – onde encontraria sequência, com 33 aparições e três gols marcados. O romano fez quase de tudo no meio-campo armado por Pasquale Marino, mas o time crociato rendeu pouco e só depois que Franco Colomba assumiu, na reta final da Serie A, é que o temor de rebaixamento foi afastado.
Durante a atribulada trajetória do Parma, Antonio foi um dos costumeiros pontos de desafogo dos ducali. Em 2010-11, ele teve seu melhor desempenho atuando pela direita da segunda linha de meias no esquema 4-3-2-1, ao lado de Sebastian Giovinco e em suporte a Hernán Crespo. E seus gols, ainda que não tenham ocorrido em tanta profusão, foram sempre decisivos: saíram em vitórias sobre Bari, Catania e Palermo. Candreva ainda forneceu uma assistência numa goleada por 4 a 1 sobre a Juventus em Turim, numa tarde em que só ex-bianconeri brilharam – o já citado Seba anotou dois e Raffaele Palladino fechou a conta após receber passe do romano.
Apesar do bom desempenho, Candreva não foi aproveitado pela Udinese nem rumou a um time mais ambicioso: ao contrário, foi cedido ao Cesena, que voltara à elite em 2010 após uma ausência de 19 anos e visava repetir a milagrosa salvação do campeonato anterior. Antonio foi um dos principais reforços, juntamente a Adrian Mutu e Éder, mas o elenco não contava com muita qualidade além de Francesco Antonioli e Marco Parolo. Seria duro conduzir os romanholos a uma nova salvação.
Candreva bem que tentou. Somando Serie A e Coppa Italia, fez 21 partidas, marcou dois gols e participou diretamente de outros cinco, mas quase sempre jogou centralizado – numa trinca de meias ou um tanto à frente, como trequartista. De quebra, via o time afundado na luta contra o rebaixamento. Embora atuasse bem, sua carreira parecia destinada a se desenvolver distante das equipes mais ambiciosas.
Em empréstimo ao Parma, Candreva teve bons momentos, mas não catapultou sua carreira (Getty)
Até que a Lazio entrou em cena. E Antonio, apesar de seu amor pela Roma, não hesitou em aceitar se juntar à rival. Curiosamente, seria pelos biancocelestes que, pela primeira vez, vestiria a camisa 87, em referência ao ano de seu nascimento. O número deu tanta sorte que o acompanharia até o fim da carreira.
No fim da janela de janeiro de 2012, a equipe capitolina o contratou, novamente por empréstimo. O início do percurso de retorno a sua cidade natal, porém, foi bem complicado para Candreva. O meia chegou a Roma de trem e foi levado à sede da Lazio pelo club manager Maurizio Manzini, que ligou a rádio num programa esportivo para que ele pudesse ouvir as críticas e as ofensas que a torcida celeste estava fazendo pela contratação. Era uma forma de fazê-lo entender que deveria retribuir o esforço feito pela diretoria. “Fez bem para minha trajetória”, afirmaria mais tarde ao jornal Il Messaggero.
Durante os primeiros jogos, Candreva chegou a ser vaiado por parte da torcida da Lazio, devido a sua fé romanista. O técnico Edoardo Reja chegou a pedir publicamente que poupassem o meia. Com o tempo e o bom nível de suas atuações, venceu a resistência dos mais fanáticos. E a superou definitivamente ao abrir o placar na vitória por 3 a 1 sobre o Napoli, pela 31ª rodada da Serie A, aos 9 minutos: marcou o gol e correu furiosamente para festejar na Curva Nord, abraçado com os ultras.
Importante na reta final daquele campeonato, Antonio passou a formar uma espinha dorsal ofensiva que ficou na ponta da língua dos amantes do futebol italiano: no 4-2-3-1, a Lazio era escalada com Candreva, Hernanes e Stefano Mauri em suporte a Miroslav Klose (ou Rocchi) no ataque. Em 2011-12, embalada por esses cinco, os biancocelestes ficaram na quarta posição da Serie A e garantiram vaga na Liga Europa.
Uma passagem surpreendente pelo Cesena sinalizava estagnação na carreira do ponta, mas tudo mudaria em 2012 (Getty)
Depois de superar as desconfianças iniciais da parte celeste da Cidade Eterna, Candreva – adquirido em definitivo pela Lazio – encontrou o ambiente ideal para desenvolver seu futebol intenso, técnico, disciplinado e confiável. Seguiu atuando preferencialmente como ponta pela direita, mas podia ser escalado como ala e também no lado oposto, como meia central ou segundo atacante. Em Roma, seu chute potente com ambos os pés se tornou uma marca registrada e suas assistências em bolas alçadas na área ficaram mais frequentes. Antes de tudo, Antonio se converteu num jogador útil e regular, e isso, em um esporte muitas vezes dominado por talentos esporádicos e inconstantes, vale muito.
Após um período fora das convocações para a seleção italiana, o ponta voltou a ser chamado em outubro de 2012, quando Cesare Prandelli, impressionado por suas grandes atuações com a camisa da Lazio, passou a utilizá-lo com frequência nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. Já sob o comando de Vladimir Petkovic, que substituiu um insatisfeito Reja na capital, o romanista Candreva deu um grande passo para se tornar um ídolo celeste ao empatar o clássico com a Roma: cobrou falta e viu o goleiro Mauro Goicoechea engolir o peru. Foi o início da virada dos laziali, que venceram por 3 a 2. Antonio, a propósito, teve um grande desempenho no primeiro turno daquela Serie A, com quatro gols marcados e participação direta em outros tantos.
O restante da temporada 2012-13 de Candreva foi um pouco menos brilhante, mas isso não significa que ele não tenha sido importante. O ponta continuou balançando as redes e fornecendo assistências nas campanhas da Lazio na Liga Europa (caiu nas quartas de final, para o Fenerbahçe), na Serie A (sétima posição) e, principalmente, na Coppa Italia. O romano participou de tentos nas quartas e semis, contra Catania e Juventus, e, sobretudo, na decisão: foi dele o passe para o gol solitário de Senad Lulic sobre a Roma. Aquele foi o primeiro Derby della Capitale que valeu título e, com contribuição fundamental de um giallorosso, o troféu ficou com os celestes.
Logo após colecionar 20 participações em gols em 2012-13, Candreva disputou a Copa das Confederações no Brasil. Foi titular em jogos importantes e ganhou destaque ao cobrar com categoria uma penalidade contra a Espanha, na semifinal. A Itália terminaria com a medalha de bronze, superando o Uruguai nos pênaltis.
Em quatro temporadas e meia vestindo a camisa da Lazio, Candreva superou a desconfiança da torcida viveu o auge da carreira (AFP/Getty)
Na temporada seguinte, a Lazio não foi bem: Petkovic chegou a ser demitido no meio da campanha e Reja voltou para apagar o incêndio. O desempenho da equipe foi inferior a 2012-13 em todas as competições (nona na Serie A, eliminada nas quartas da Coppa Italia e nos 16-avos de final da Liga Europa, além de vice da Supercopa Italiana), mas Candreva foi no sentido contrário: contribuiu com 22 gols, sendo 21 no campeonato de pontos corridos. Os 12 tentos anotados lhe fizeram o meia mais prolífico dos aquilotti numa única edição do certame – feito que, em 2018, seria igualado por Sergej Milinkovic-Savic.
Devido a seu excelente desempenho individual, o romano foi convocado para disputar sua primeira Copa do Mundo em 2014. Na estreia, contra a Inglaterra, participou dos dois gols da Itália: iniciou a jogada do tento de Claudio Marchisio, com uma cobrança de escanteio curta para Marco Verratti, e deu a assistência para Mario Balotelli marcar o outro. Apesar do debute positivo em Manaus, os azzurri seriam eliminados ainda na fase de grupos.
No retorno à Lazio, que passou a ser treinada por Stefano Pioli em 2014-15, Candreva seguiu importante – ao lado de Klose, Mauri, Felipe Anderson, Lucas Biglia e também de Parolo, seu colega dos tempos de Cesena. Naquela temporada, marcou 11 vezes e participou de 14 outros gols, sendo fundamental para que os celestes fossem finalistas da Coppa Italia e garantissem vaga na Champions League devido ao terceiro lugar na Serie A. Sem dúvidas, era um dos atletas italianos que estavam em melhor forma.
Parte da magia se quebrou, contudo, na pré-temporada de 2015-16, quando Pioli teve de escolher um novo capitão após o fim do contrato de Mauri – que, posteriormente naquele mercado, voltaria ao clube, porém abdicando da faixa. As opções eram Stefan Radu, aquele com mais tempo de casa; Candreva, romano mais velho do elenco; e Biglia, adquirido um ano antes, pela personalidade. O treinador escolheu o argentino e ofereceu o segundo lugar na hierarquia para Antonio, que não gostou e declinou a proposta. O ponta não teria problema em ceder o posto ao defensor, mas ficou sem entender a opção do técnico pelo volante e não recebeu uma explicação.
Durante seus anos na Lazio, Candreva se tornou peça valiosa da seleção e, pelos azzurri, disputou Mundial, Euro e Copa das Confederações (imago)
O desconforto de Candreva, que tinha o sonho de se tornar uma referência ainda maior para a equipe que o abraçou, não chegou a mexer muito com seu desempenho individual – foram 12 gols marcados e participação em outros quatro em 2015-16. A Lazio, contudo, teve um rendimento inferior: foi vice na Supercopa Italiana, oitava na Serie A e eliminada nos playoffs da Champions League, nas oitavas da Liga Europa e nas quartas da Coppa Italia. Pioli terminou substituído por Simone Inzaghi na reta final da temporada e a diretoria passou a ouvir propostas por Antonio, que era considerado intocável.
Candreva, àquela altura, também era protagonista da seleção italiana, que disputaria a Eurocopa de 2016. Sob as ordens de Antonio Conte, na condição de ala pela direita, teve boa participação na campanha das eliminatórias do torneio continental, com dois gols importantes sobre a Croácia e uma assistência ante o Azerbaijão, na partida que selou a classificação azzurra. Na competição realizada em solo francês, teve excelente atuação na estreia contra a Bélgica, com direito a passe-chave para Graziano Pellè. No entanto, uma lesão muscular contra a Suécia o tirou do restante do certame – a Nazionale cairia nos pênaltis para a Alemanha, nas quartas.
Um mês depois da eliminação continental, Candreva encerraria sua passagem de quatro temporadas e meia pela Lazio com 192 aparições e 45 gols: foi vendido à Inter por 21 milhões de euros. Após o negócio ser concluído, afirmou que não se arrependia da escolha, embora fosse ídolo da torcida e figura central da equipe que mais vezes defendeu em sua carreira. “Algo ficou estremecido após a questão com o ex-treinador. E o clube queria fazer caixa”, disse.
Quis o destino que Candreva se reencontrasse com Pioli na própria Inter, já em novembro de 2016: o italiano foi chamado depois da precoce demissão de Frank de Boer, que fazia um péssimo trabalho em Milão. Jogador e técnico acabaram se entendendo e Antonio seguiu como titular em sua curta gestão – interrompida antes mesmo do fim da Serie A, devido a maus resultados.
Candreva irritou a torcida da Inter por conta dos muitos erros em cruzamentos, mas acabou somando bom número de assistências (imago/IPA)
O romano atuou em 45 das 46 partidas feitas pelos nerazzurri ao longo daquela temporada, mas foi uma espécie de termômetro da irregularidade daquela equipe. Por um lado, Candreva fez dois gols sobre o Milan e teve outras participações importantes, chegando a contribuir diretamente com 19 tentos; por outro, irritou a exigente torcida da Inter pela grande imprecisão nos cruzamentos ao longo de toda a campanha – e por quase toda sua trajetória pela Lombardia.
Era um período de vacas magras para a Beneamata, que foi apenas sétima colocada da Serie A, caiu para a Lazio nas quartas da Coppa Italia e ainda foi eliminada na fase de grupos da Liga Europa num grupo com Southampton, Sparta Praga e Hapoel Be’er Sheva – os israelenses, inclusive, venceram em San Siro, num dos maiores vexames da história nerazzurra. A reviravolta se daria apenas em 2017-18, no segundo ano da gestão do grupo Suning, com a contratação de Luciano Spalletti. E Candreva seria uma peça bastante utilizada em parte desse processo, embora jamais tenha ganhado o apreço da torcida.
Na Serie A 2017-18, a Inter teve um belíssimo primeiro turno – só perdeu duas vezes, na 17ª e na 18ª rodada. Candreva, nesse período, brilhou com oito assistências, quase sempre em cruzamentos e frequentemente achando Mauro Icardi, que seria artilheiro do campeonato, com 29 gols. Assim como toda a equipe, o desempenho foi inferior na segunda metade da competição, mas uma vitória sobre a Lazio, no Olímpico, devolveu os nerazzurri à Champions League depois de uma ausência de seis temporadas e, a partir dali, a gigante de Milão voltaria a ser habituée no maior torneio de clubes da Europa.
Foi justamente naquela temporada que o ponta fez seus últimos jogos pela seleção. Gian Piero Ventura falhou em levar a Nazionale para a Copa do Mundo e, na renovação que ocorreu com a chegada de Roberto Mancini ao comando, o atleta, já com 31 anos, foi descartado. Candreva também perderia espaço com Spalletti em 2018-19. Atendendo aos clamores da torcida, que desejava um jogador mais agudo para a posição ocupada pelo camisa 87, que teimava em cruzar bolas na área, a diretoria nerazzurra buscou Matteo Politano, que vivia ótima fase no Sassuolo, e Antonio foi relegado ao banco de reservas: fez somente 29 partidas, sendo 11 como titular (a maior parte delas, nas copas).
Pela Sampdoria, o já veterano ponta reencontrou seu melhor futebol (Getty)
Em 2019-20, com a chegada de Conte para o lugar de Spalletti, Candreva recuperou espaço como ala pela direita no 3-5-2 do novo treinador, que substituiu o 4-2-3-1 que servia como base nerazzurra. Logo na primeira partida oficial da temporada, um balaço de fora da área na goleada por 4 a 0 sobre o Lecce mostrou que as coisas seriam diferentes para o romano. No fim das contas, a Beneamata foi vice-campeã da Serie A e da Liga Europa, e Antonio, além de ter protagonizado muitas atuações diligentes, contribuiu com 17 participações em gols nos 40 jogos que realizou.
Não seria o suficiente para permanecer na Inter, entretanto – afinal, com a temporada 2019-20 em andamento, os nerazzurri já haviam feito um grande investimento para fechar com Achraf Hakimi, novo titular do flanco direito da equipe de Conte. Assim, depois de 18 gols em 151 aparições pela Beneamata, Candreva foi cedido à Sampdoria. Em Gênova, o jogador de 33 anos voltou a ser protagonista: sempre se mostrou pronto quando chamado em causa, cumprindo funções táticas com disciplina, entrega e um preparo físico digno de um garoto. Além disso, rapidamente se tornou uma das lideranças dos blucerchiati.
Candreva foi um dos principais reforços da equipe treinada pelo também romano e romanista Claudio Ranieri, que vinha de um 15º lugar na Serie A. O veterano rapidamente se adaptou à engrenagem da Samp, jogando geralmente como meia pela direita do 4-4-2 habitual doriano, e obteve um protagonismo na armação das jogadas que não tinha na Inter, onde se limitava a efetuar muitos cruzamentos até a chegada de Conte – um dos técnicos que, na seleção, já haviam extraído o seu melhor. Com mais liberdade e tranquilidade para mostrar seu repertório, reencontrou os bons momentos dos tempos de Lazio e alcançou bastante sinergia com Fabio Quagliarella, Mikkel Damsgaard, Keita Baldé e outros nomes importantes do time, que foi nono colocado no Italiano.
Na temporada seguinte, Ranieri não permaneceu e, sob o comando de Roberto D’Aversa e Marco Giampaolo, Antonio manteve o alto nível em todos os sentidos. Fisicamente, estava voando e ficou fora de apenas cinco jogos em seu biênio pela Sampdoria; tecnicamente, seguiu como destaque do time, sendo decisivo nas bolas paradas, com passes cortantes e uma presença ofensiva ainda muito funcional. Até ampliou seu protagonismo durante a campanha de permanência na elite, já que foi o seu vice-artilheiro (com sete gols) e o seu principal garçom – com 10 assistências, contra sete do ano anterior, no qual também obteve tal feito. Ao todo, Candreva balançou as redes 12 vezes e contribuiu com 18 passes-chave em 76 aparições pela equipe genovesa.
Na Salernitana, Candreva teve um fim de carreira como protagonista, apesar de ter amargado rebaixamento (Getty)
Em 2022, devido à forte crise financeira que, mais tarde, quase levou a Sampdoria à falência, Candreva chegou à Salernitana. Mesmo em fim de carreira, teve atuações destacadas: somou 70 partidas ao longo de duas temporadas, com 14 gols e 11 assistências. Em 2022-23, o veterano foi um dos grandes nomes da equipe – primeiramente treinada por Davide Nicola e, depois, por Paulo Sousa – e, com sete bolas nas redes, teve importância indescritível na campanha de salvação dos grenás. Curiosamente, Antonio acionou a lei do ex em empates com Juventus e Inter e em triunfos sobre Lazio e Udinese. Também balançou as redes contra a Roma (um golaço no 2 a 2 no Olímpico) e na vitória magra sobre a Atalanta. Tentos pesadíssimos.
Momentos dignos de um capitão. E Candreva, aliás, honrou a faixa que frequentemente herdou de Federico Fazio, que se tornou reserva da equipe. Em 2023-24, o ponta participou de 12 gols (seis tentos e seis assistências), voltou a castigar rivais pesados (anotou uma linda doppietta sobre a Roma e balançou as redes de Lazio, Milan e Napoli) e foi o melhor jogador do elenco mesmo com o rebaixamento da Salernitana. Antonio atingiu a marca de 502 partidas pela Serie A, sendo o 17º da lista histórica, e fez sua última aparição como profissional no empate por 3 a 3 contra o Milan, em San Siro, onde jogou por anos com a camisa da Inter.
San Siro foi também o palco escolhido para sua despedida oficial, 10 meses depois de sua última partida oficial. Aos 38 anos, Candreva estava bem física e tecnicamente, mas, por incrível que pareça, não recebeu propostas. O ponta chegou até a oferecer seus serviços para a Lazio, no intuito de encerrar a carreira em Formello. Nada feito, porém.
Depois de muito refletir sobre sua situação, em março de 2025, com a mesma serenidade que demonstrava em campo, comunicou sua aposentadoria aos 38 anos, com um vídeo gravado em San Siro, casa de um dos capítulos mais significativos de sua jornada. “Caro futebol, hoje é um dos dias mais importantes da minha vida. Não considero isto uma despedida, mas apenas um novo ponto de partida”, escreveu, encerrando uma carreira extremamente respeitável em vários times da Itália, dos modestos aos ambiciosos, e também na seleção.
Antonio Candreva Nascimento: 28 de fevereiro de 1987, em Roma, Itália Posição: meio-campista e ponta-direita Clubes: Ternana (2004-07), Udinese (2007-08), Livorno (2008-10), Juventus (2010), Parma (2010-11), Cesena (2011-12), Lazio (2012-16), Inter (2016-20), Sampdoria (2020-22) e Salernitana (2022-24) Títulos: Torneio de Toulon (2008) e Coppa Italia (2013) Seleção italiana: 54 jogos e 7 gols
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