Arouca sofreu 19 golos contra os quatro «grandes», mas igualou registo defensivo (positivo) com mais de dois anos | OneFootball

Será este o sinal da mudança em Arouca? Os Lobos arrancaram a época com potencial, mas foram caindo a pique, sofreram goleada atrás de goleada e estiveram bastante tempo na zona de despromoção - ocupam o lugar de playoff. Ainda assim, conseguiram, nos últimos dois jogos, mostrar claras melhorias. De resto, igualaram um feito como não se via no clube há mais de dois anos e meio, 31 meses, para ser mais específico.

Dizer que a época da turma comandada por Vasco Seabra tem sido atribulada é dizer pouco. Olhar para o seu registo defensivo apenas enfatiza a fragilidade que foi tempo ao longo da larga maioria da temporada e basta ver o resultado contra os designados «quatro grandes» do futebol português: 0-4 contra o SC Braga, 5-0 contra o Benfica, 0-4 contra o FC Porto e 6-0 contra o Sporting.

Apenas nesses quatro duelos, os arouquenses sofreram um impressionante registo de 19 golos sofridos - sem qualquer golo marcado -, o que representava mais de metade dos golos sofridos em todo o campeonato (37). Foi suficiente para igualar registos (negativos), como não se via há 50 anos.

O cenário era preocupante e a equipa chegou a estar seis jogos seguidos a perder, o que foi fazendo aumentar os rumores de uma futura mudança de equipa técnica. Mas, «do nada», a coesão defensiva parece estar a melhorar e os Lobos igualaram mesmo um registo como não se via há mais de dois anos e meio no clube.

Um novo desenho para dar coesão

De uma forma geral, Vasco Seabra insistiu, ao longo da larga maioria da temporada, no seu 4x2x3x1, tentando potenciar ao máximo a boa matéria prima que tem do meio campo para a frente. A espaços, ofensivamente, a opção parecia fazer sentido, mas a equipa perdia-se quase sempre no setor mais recuando, denotando uma evidente falta de equilíbrio.

O técnico de 42 anos assumiu que algo tinha de mudar e, de há dois jogos para cá, frente ao Alverca (1-0), mudou o desenho da equipa, apostando no 3x4x3, mais à imagem do que fez quando estava no comando do Estoril.

Esta mexida não só adicionou mais um central à defesa, trazendo maior controlo da profundidade, com a ajuda dos alas, como permitiu aos médios dar esse equilíbrio que ia faltando. Ofensivamente - especialmente no processo de criação a partir de trás - a equipa ainda deixa a desejar e não está habituada à mudança tática, mas, para já, o principal objetivo foi alcançado. 

E os números comprovam-no.

Para começar, desde essa mudança, os arouquenses fizeram quatro pontos (a referida vitória com o Alverca e o empate por 0-0 com o Santa Clara, deste domingo), o que significa quase um terço do total de pontos (13) conquistados esta época. Desde agosto que a equipa não pontua em dois encontros seguidos.

Olhando apenas para o registo defensivo, ainda impressiona mais, especialmente depois de vermos os dados acima referidos. É que o Arouca não sofreu qualquer golo nos últimos dois jogos, algo inédito nesta temporada, assim como na anterior. É, de resto, preciso andar 31 (!) meses para trás, até ao fim da época 2022/23, para recordar a última vez que tal aconteceu.

Na altura, no fecho do campeonato, os Lobos venceram o Chaves por 1-0 e o Portimonense por 0-2. Desde então, não mais haviam estado dois jogos consecutivos sem sofrer golos.