MundoBola Flamengo
·10 Oktober 2025
Bap surpreende com tom conciliador sobre arbitragem e reconhece desafios da CBF

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·10 Oktober 2025
O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, surpreendeu ao adotar um tom mais conciliador sobre arbitragem durante o III Fórum Empreendedor do Rio. Conhecido por discursos mais duros nos últimos meses, o mandatário reconheceu erros cometidos pelos árbitros, mas destacou o esforço da Comissão de Arbitragem da CBF e defendeu análises equilibradas.
“Entendo que o maior desafio hoje em termos de arbitragem é a parte de critérios. Um árbitro tem três ou quatro versões dependendo da partida. Vou dar um exemplo: o árbitro começa e deixar correr, aí o pau começa a comer. Depois de um determinado tempo, ele que estava sendo tolerante, começa a não ser mais tolerante, para controlar o jogo. Aí você compara ele com outro jogo, onde o clima estava melhor e ele foi tolerante o tempo inteiro", disse Bap.
O presidente explicou que entender o comportamento dos árbitros requer análise detalhada das partidas, observando variações de postura durante o jogo e o impacto que isso tem no ritmo da partida. Segundo ele, a percepção do torcedor muitas vezes não considera essas nuances.
"Eles são seres humanos, estão sujeitos a isso e é a dinâmica do jogo que determina se você terá um árbitro padrão 1, 2 ou 3. Se o seu clube é prejudicado pelo padrão 2, você compara com o padrão 1 de outro jogo. Existe um que de incontrolável nesse processo e temos que tirar a emoção disso", disse, antes de completar:
"Como faz isso? Com postura, por um lado, e com o VAR, que chega e diga: 'Olha, essa decisão não pode ser essa, estou vendo uma coisa diferente'. Então, a coordenação entre o VAR e o árbitro de campo é fundamental, não para eliminar o problema, mas para minimizar."
Bap reforçou que a coordenação entre árbitro e VAR é essencial para reduzir erros, mas que isso exige paciência e compreensão de que alguns equívocos são inevitáveis. Ele destacou que o acompanhamento constante e o treinamento da arbitragem são fundamentais para a evolução do futebol.
Contudo, frisa que os atletas também são impactados pelo andamento da partida, e a arbitragem é um desses fatores. Isso significa que é preciso compreender a reação daqueles que se sentem injustiçados. A solução é melhorar toda a arbitragem, com unificação de critérios e treinos.
"Agora, tem o seguinte, os atletas... e isso vale para todos os árbitros. Vou contar um segredo para vocês: os jogadores também são seres humanos, também são impactados pelas atitudes dos árbitros. Também possuem o direito de achar que está tratando supostamente iguais de maneira diferente. E isso gera um desafio, como resolve isso? Com acompanhamento e treinamento. Isso leva tempo."
Levantamentos recentes do clube mostram que o ritmo de jogo do Flamengo foi afetado em diversas partidas do Brasileirão 2025. A média de bola rolando ficou abaixo da recomendação internacional de 60 minutos, com interrupções frequentes por faltas, revisões e paralisações.
Alguns árbitros impactaram mais o ritmo, como Ramon Abatti Abel, que em quatro das cinco partidas apitou com tempo de bola rolando abaixo de 60 minutos. Bap defende os esforços da CBF e da Comissão de Arbitragem, mas entende que há erros que "atropelam a discussão".
Entendo que, ultimamente tem tidos casos que atropelam essa discussão a medida que, como consegue antever ou regular erros grosseiros? Como faz quem é afetado por um erro material ser razoável se o jogo é importante. Me colocando no lugar dos outros, é muito difícil. Eu vejo que tem uma discussão muito forte, onde se tira fotografias para tentar analisar um filme.
Bap reforçou que a evolução da arbitragem não depende apenas de punições automáticas, mas de um trabalho contínuo de treinamento e padronização de critérios. Segundo ele, algumas medidas disciplinares são necessárias, mas não substituem o acompanhamento e a estruturação adequada dos árbitros.
"Defendo uma coisa, e digo para a CBF: tem que haver punição em alguns casos, mas não necessariamente suspensão. Suspensão é como colocar uma criança sentada por meia hora pensando no que fez. Ela volta e faz a mesma coisa, porque nada mudou, só ficou 30 minutos sem fazer o que não devia. Mas a parte de treinamento, estruturação e tentativa de unificação de critérios é um desafio enorme."
"Esse é um trabalho que eu reconheço que a CBF, por meio da comissão de arbitragem, tem feito e tentado aprimorar. Mas é um trabalho difícil, não é simples, rápido nem fácil. E nossas emoções são complexas e imediatas."
A fala de Bap marca uma mudança em relação à postura mais combativa do clube nas últimas semanas, quando o Flamengo divulgou notas contra arbitragem. Além da manifestação de atletas e do diretor José Boto após as partidas. Agora, a ênfase está em diálogo, treinamento e coordenação entre VAR e árbitros, sem deixar de reconhecer os desafios enfrentados pela comissão.
O presidente revela que criou o hábito de assistir aos jogos duas vezes antes de fazer comentários. Isso porque, passada a emoção, avalia as ações da partida com mais precisão. Ele reforça que os clubes criticam muito a CBF, mas não se unem para sequer discutir melhorias no futebol brasileiro.
Por isso eu sempre olho a segunda partida antes de falar. Se eu falar durante ou logo depois, quem fala é o torcedor Bap, que quer que todo mundo se dane, que todos percam e o Flamengo ganhe a porr* toda. Quando vejo em casa, paro e penso: A gente nao jogou tanto como achei, o time adversario foi tao violento como eu achei e nem o árbitro errou tanto. Temos que equilibrar as coisas.
"Isso exime de erros? Claro que não. O maior desafio é como lidar com esses erros, porque se der um tiro em todos os árbitros, em cinco rodadas não tem mais quem apitar. A gente critica a CBF a respeito disso, os clubes têm uma alternativa ou solução melhor? Não. Isso significa que não podemos ter? Não, mas demanda trabalho"
A fala corrobora com outras críticas que presidente fez aos clubes. Bap afirma que não há qualquer tipo de debate para melhorar o nível do futebol nacional. As reuniões dos blocos de clubes, que serviriam para esses debates, se limitam a brigas comerciais.