Caiu mais um | OneFootball

Ôoo eee, solta o Arrascaeta nessa porra!”

Um jogador tem a certeza de que passou de ídolo para imortal quando a torcida do Flamengo faz uma música para ele. Muitos craques vestiram o Manto Sagrado, mas nem todos tiveram uma música de impacto, cantada a plenos pulmões pelo estádio inteiro, reverenciando sua bola nos pés.

Na história do clube mais querido, esse privilégio é restrito a poucos imortais - e o gringo Giorgian de Arrascaeta é um desses nomes que estarão para sempre no Panteão rubro-negro.

Arrasca, como é conhecido pela torcida, chegou ao Flamengo em 2019 junto com Gabigol, Bruno Henrique, Filipe Luís (hoje nosso técnico), Gerson, Rodrigo Caio, Rafinha, Pablo Marí, entre outros jogadores que fizeram história no clube ao conquistar a Copa Libertadores da América em 2019, depois de um jejum de 38 anos.

De Arrasca é um meio-campista uruguaio, dono da camisa 10 do Flamengo e também da seleção celeste. A camisa 10 do Flamengo tem peso: já foi vestida pelo ídolo imortal máximo da torcida e do clube, o Zico.

A música do Zico nos diz bem qual é o tamanho dele para a história do Flamengo, de seus torcedores e súditos:

Essa música, que dizem ter sido cantada pela primeira vez na despedida do Zico em 1990, em um jogo apoteótico no Maracanã, é única e fora da curva. É muito difícil - diria quase impossível - aparecer outro Rei como o Zico no Flamengo.

A reverência que a torcida faz ao Galo de Quintino, apelido que Arthur Antunes Coimbra carrega desde muito novo, traz exatamente a dimensão do nível de admiração por tudo que ele fez e continua fazendo pelo Mengão.

Quem decide se um jogador é merecedor de uma música para entrar no Panteão rubro-negro é a torcida. Só ela tem essa chave, que é usada quando se cria uma identificação única entre jogador e a maior torcida do mundo.

Por exemplo: “O Baiano é mau, pega um, pega geral”, música cantada para o zagueiro Júnior Baiano. “É o Pet, é o Pet, é o Pet”, que criou o elo com o gringo Dejan Petkovic. “Ôôôô, Obina é melhor que o Eto’o”, exaltando o atacante Obina, autor de gols decisivos e títulos importantes.

“Ô le le, ô la la, Romário vem aí e o bicho vai pegar.”“Ôôôô, Imperador voltou! Imperador voltou!”

São várias músicas que marcaram épocas e títulos. As citadas são apenas uma amostra das que transformam jogadores em imortais rubro-negros. Esse privilégio não é para todos.

Arrasca hoje é o grande nome de um time de estrelas mundiais. Já disse aqui em outro momento: na minha opinião, esse elenco atual é melhor que o de 2019. O time de 2025 ainda não conquistou o que o de 2019 conquistou, é verdade. Mas o Flamengo do Mister não tinha um banco tão qualificado quanto o que Filipe Luís tem hoje, com reservas quase tão fortes quanto os titulares.

No último domingo (14/09/25), esse time comandado pelo Filipinho derrubou mais uma escrita: fazia 28 anos que o Flamengo não vencia o Juventude no Alfredo Jaconi. O Flamengo ficou a maior parte dos 90 minutos no campo adversário, com posse de bola e muito perigo ao goleiro rival. O placar poderia ter sido maior.

Arrasca fez o primeiro gol em uma cabeçada na pequena área, após jogada trabalhada de pé em pé. Quase marcou outro em cobrança de falta, mas a bola explodiu no travessão.

“Arrascaneta” - apelido que faz jus à quantidade de canetas que distribui - tem mostrado, jogo a jogo, seu talento para os amantes do futebol-arte. Assistir ao Arrasca jogar vale o ingresso. Na gíria atual: “tá pago!”. O segundo gol foi do lateral-direito Emerson Royal, seu primeiro com o manto rubro-negro.

Flamengo 2 x 0 Juventude. E assim caiu mais uma escrita, caiu mais um adversário, caiu até o dólar. O Flamengo segue mostrando força para disputar o Brasileirão e a Libertadores, deixando seus rivais preocupados.

Nesta quinta-feira, o adversário é o Estudiantes, da Argentina - antigo clube do nosso goleiro Rossi. O primeiro jogo é no Maracanã, com ingressos esgotados. Eu comprei o meu e estarei lá, testemunha ocular de mais um capítulo da história do Flamengo.

Sempre que o Flamengo avança na Libertadores, passando de fase e se aproximando da final, a torcida rubro-negra tem um lema: Rumo a Tóquio!Quem não sabe o que significa, procure saber.

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